Pode um filme de guerra ser uma mensagem anti guerra?

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Um filme de acção e guerra pode ser uma mensagem anti-guerra? Esse é o ponto fulcral da nova criação da Netflix “Ouside the Wire”. É como um cocktail de filmes de ação, guerra, distópico e sci-fi bem agitados, mas não tão saboroso como deveria ser. O realizador, Mikael Hafström, tem experiência suficiente para pôr tudo a funcionar, numa realização ágil mas que sobrevive imensamente da dinâmica dos dois protagonistas principais. A dinâmica em constante mudança entre o par prende a nossa atenção muito mais do que os conjuntos de peças genéricas de batalha. O cenário: Europa Oriental, especificamente a região dos Balcãs e Ucránia. Nações em luta e, mais importante, um gangue implacável a tentar dominar grandes áreas da região e controlo nuclear. Os Estados Unidos estão envolvidos, claro! Assim como os soldados robóticos chamados GUMPs. Nada de novo aqui, certo? Explosões, combate corpo a corpo, alguns ossos partidos, que vemos e ouvimos, soldados baleados à queima-roupa são cenas comuns. Muitos levam tiros enquanto o sangue jorra em todas as direcções.

Um bom bocado de acção violenta que usa sem abusar de efeitos especiais, e que no final deixa duas cerejas em cima do bolo. “Eu tenho que destruir o monstro”, explica Leo durante a luta. “Destruir-me a mim mesmo e o meu criador, os EUA. Eles tem que entender que as guerras tem que acabar. E eu sou o rosto de uma guerra sem fim.” – diz a Harp que sacrificar as pessoas que vão morrer é para um bem maior. A certa altura, ouvimos que a vida humana é valiosa, não importa de que lado alguém esteja. Mas o filme também questiona se é justificável matar alguns para salvar a vida de muitos. Para quem vê o filme vê esta tensão como um argumento moralmente complexo ou como uma contradição filosófica, depende muito do quadro de referência de cada pessoa. E à medida que os personagens evoluem, vemos seus lados claros e escuros, vemos o bem e o mal em acção, às vezes lado a lado. Tudo isso contribui ainda mais para a vibração moral obscura do filme. Certo e errado muitas vezes parecem confusos aqui. E claro o corte da imagem final que pode deixar espaço para uma sequela.

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