No momento em que Ken Loach anuncia o fim da sua carreira como realizador, após seis décadas de intensa produção, o Batalha Centro de Cinema dedica-lhe uma retrospectiva (Ken Loach: Planos de Resistência) da sua obra, celebrizada pelos retratos arrojados e sem concessões da pobreza e da marginalização no seu país de origem, o Reino Unido.
Ken Loach
Iniciando o seu percurso na BBC na década de 60, com docudramas que geraram polémicas e recolocaram temas na agenda política, rapidamente cimentou a sua posição de cineasta “de esquerda”, interessado em expor o quotidiano de comunidades que lutam contra a desigualdade política, social e económica.
As obras que depois viria a realizar para cinema, inscritas dentro de uma ideia de realismo social, ora endereçam críticas mordazes ao capitalismo, ora refletem sobre questões identitárias do seu país.
Os seus filmes foram distinguidos múltiplas vezes nos festivais de cinema de Berlim, Locarno, Roterdão e Veneza, alcançando, por duas vezes, o prémio maior do Festival de Cannes, a Palma de Ouro.
Retrospectiva
A retrospectiva que o Batalha apresenta entre maio e dezembro compreende a exibição de uma seleção da filmografia do realizador, grande parte dela feitos em colaboração com o seu argumentista de longadata, Paul Laverty e a produtora Rebecca O’Brien.
Confira a programação de junho e julho
Junho
Na sexta-feira, dia 21 de junho, às 21:15, será exibido “The Big Flame”, terceiro docudrama que Loach realizou para a série “The Wednesday Play”, da BBC.
Nele estivadores reais estão em cena, o discurso dos atores distancia-se de falas ensaiadas e as imagens em 16mm assemelham-se às dos noticiários. Antecipando a controvérsia, a BBC adiou a sua transmissão por duas vezes.
Quando foi exibido, o Daily Mail classificou-o como uma “peça marxista apresentada como um sermão”.
O cineasta retomaria o tema das disputas laborais em “The Flickering Flame” (1997).
Julho
No dia 5 de julho, às 19:15, o Batalha exibirá “Fatherland”.
Afastando-se do docudrama que até então caracterizara os seus filmes, em “Fatherland”, Loach conta a história de Klaus Ditteman, músico e dissidente político forçado a abandonar a família e a exilar-se da República Democrática Alemã.
Após encontrar refúgio na Alemanha Ocidental, uma editora oferece-lhe um aliciante contrato discográfico — mas o artista rapidamente descobre que a sociedade capitalista pode ser tão opressiva como aquela em que vivera até à data.
Desiludido, embarca numa viagem para reencontrar o seu pai, exilado há 40 anos.
Protagonizado e musicado por Gerulf Pannach, célebre músico alemão, “Fatherland” foi distinguido no Festival de Veneza.