Arranca hoje a 8.ª edição do Festival Queer Porto, que conta com um total de 29 filmes que vão ser apresentados em quatro espaços da cidade, divididos por quatro secções e três sessões especiais até ao dia 4 de dezembro.
Com foco na resistência e na ecosexualidade, o Queer Porto 2022 abre hoje às 18h30, no Teatro Helena Sá e Costa, com a exibição de “Máquina do Desejo – 60 Anos do Teatro Oficina”, de Joaquim Castro e Lucas Weglinski, um poderoso olhar à história desta companhia de teatro de São Paulo, seguido de uma conversa com Weglinski.
Pelas 21h30, na Reitoria da Universidade do Porto – Casa Comum, será exibido o documentário “Uýra – A Retomada da Floresta”, de Juliana Curi. “Uýra, uma artista trans indígena, viaja pela floresta amazónica numa jornada de autodescoberta usando arte performativa e mensagens ancestrais para ensinar jovens indígenas e enfrentar o racismo estrutural e a transfobia no Brasil.”, lê-se na sinopse.
Ao todo são 29 filmes que compõe a seleção, dos quais cerca de uma dezena são filmes portugueses, numa edição que se multiplicará por entre sessões especiais, conversas e festas, e que voltará a fazer-nos refletir sobre as importantes questões ligadas à memória, individual e coletiva.
Dos oito filmes da competição oficial anunciada apenas um é português, “Rua dos Anjos”, realizado e protagonizado por Renata Ferraz e Maria Roxo, um filme onde é relatado e testemunhado histórias pessoais enquanto trocam algumas técnicas dos seus respetivos ofícios: o trabalho sexual e o fílmico.
Destaque também para “Nelly & Nadine”, de Magnus Gertten, que retrata a inusitada história de amor entre duas mulheres que se apaixonam na véspera de Natal, no campo de concentração de Ravensbrück; “The End of Wonderland”, de Laurence Turcotte-Fraser, um documentário sobre Tara Emory, uma artista veterana que trabalha segundo as suas próprias regras na indústria do sexo; e “La dernière séance”, de Gianluca Matarrese, um documentário que conta uma história íntima e ousada sobre amizade e amor, um retrato cru de uma vida que se aproxima do seu fim.
O júri desta competição será composto pelo jornalista e ativista francês Cy Lecerf Maulpoix, pela produtora de televisão da RTP Isabel Roma e pelo realizador João Vladimiro, que avaliarão os oito títulos a concurso.
Para o Prémio Casa Comum, que este ano inclui também a competição In My Shorts, curtas-metragens de escola portuguesas, foram seleccionadas oito curtas-metragens, entre as quais: “Aos Dezasseis”, de Carlos Lobo, “João Gabriel – The Last Day of Summer”, de Bernardo Nabais, “Neve”, de Filipe Martins, e “Tornar-se um Homem na Idade Média”, de Pedro Neves Marques.
No Queer Focus, que regressa à Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto para dar continuidade ao tema da ecosexualidade, este ano, sob o mote EcoQueer. A secção é composta por seis filmes, entre os quais “Blastogenesis X”, de Charlotte Maria Kätzl e Conrad Veit, um filme experimental que desconstrói toda e qualquer fronteira entre humano e animal; a exibição da primeira parte de “Three (or More) Ecologies: A Feminist Articulation of Eco-Intersectionality. Pt1”, de Angela Anderson, que justapõe as reflexões de Silvia Federici, destacada proponente dos direitos laborais das mulheres, ao discurso das populações ameaçadas pelo fracking, seguindo-se uma conversa com Stephan Dahl, fundador do The Quinta Project, no Marvão.
O programa completo pode ser consultado aqui.