As autoridades iranianas estão a pressionar o realizador Ali Ahmadzadeh para que retire o seu mais recente filme, “Critical Zone”, da competição do Festival de Cinema de Locarno.
O filme foi rodado sem a autorização das autoridades iranianas antes dos recentes protestos desencadeados no país, é uma reflexão artística sobre a raiva presente nas gerações mais jovens de iranianos.
Focado em Amir e o seu cão, que percorrem o submundo de partes de Teerão para reconfortar as almas perturbadas e vender drogas, foi filmado com pessoas reais e não atores. Em muitos casos, a câmara tinha de ser escondida ou contornar as complicadas limitações impostas no país.
Ahmadzadeh tem estado, pois, sob pressão dos serviços de segurança do Irão para que lhes seja mostrado o filme e que o retire da competição em Locarno. A produtora e o agente a nível internacional têm recebido mensagens e e-mails contendo ameaças e o realizador está ainda impedido pelas autoridades iranianas de poder sair do país.
Relembre-se que o realizador já tinha sido detido em agosto de 2022, em Teerão, e passado vários dias num dos centros de detenção do Corpo dos Guardas da Revolução Islâmica, após ter sido convocado repetidamente pelas autoridades.
Ahmadzadeh encontrava-se no radar do governo há algum tempo e a sua detenção fez parte de um conjunto de detenções de ativistas e figuras da cultura ainda antes da morte da jovem curda Mahsa Amini e do turbilhão de eventos que se lhe seguiu.
O segundo filme do realizador, “Atom Heart Mother”, que foi exibido na edição de 2014 da Berlinale, apenas pôde ser exibido no Irão em 2017 depois das modificações exigidas pelo Ministério da Cultura e pela Orientação Islâmica, mas acabaria por ser retirado posteriormente, numa reversão da decisão inicial.