Nota prévia: esta notícia faz referência a um episódio do final de julho deste ano. No entanto, uma vez que nada foi escrito no Cinema 7ª Arte, prestamos-lhe agora a devida atenção por estarmos convencidos da sua relevância, neste caso pela negativa. Mais vale tarde do que nunca.
No dia 27 de junho de 2014 a Revista Empire Portugal anunciou na sua página de facebook que a edição de julho iria ser a última a chegar às bancas. O grupo Goody S.A., que editava a revista, confirmou o fim da revista com o seguinte comunicado, “Devido á quebra de vendas verificada no setor das revistas afetando, naturalmente, a revista Empire, foi suspensa a sua edição, sendo a revista nº39, capa de julho, a última ter sido publicada.”.
Comunicado da Empire Portugal: “Empire em Portugal chega ao fim. Esta será a última Empire Portugal a chegar às bancas. Infelizmente, não foi possível resistir mais à erosão do mercado e do investimento comercial. A todos os nossos leitores e parceiros, o nosso profundo obrigado por todo o apoio e pelo carinho e respeito que sempre nos direcionaram, e acreditem que todos lamentamos esta triste notícia. Usufruam desta última edição que, como sempre, está repleta de artigos realmente interessantes e exclusivos. Como diz Coppola: “A partir do momento em que participam na descoberta mágica do cinema, torna-se o vosso amor para sempre.”. Acreditamos que toda esta comunidade que criámos nestes três anos partilha desta magia do cinema e esperamos ter contribuído para que o tenham descoberto um pouco mais. Até sempre!”.
É um facto que mais de 90% do conteúdo desta revista, que foi lançada em abril de 2011, era sobre Hollywood e cinema comercial. Não era de todo uma revista que desse muito destaque ao cinema português ou ao cinema europeu e independente. No entanto, era a única revista portuguesa de cinema e agora desapareceu das bancas. Tinha um bom design e bastante conteúdo para os seus leitores.
Relembramos que em 2011 Portugal chegou a ter quatro revistas de cinema, ao mesmo tempo, no mercado (Premiere, Magazine HD, Total Film e Empire). Mas em três anos esse ‘sonho’ desapareceu. Primeiro com a Magazine HD, depois a Total Film Portugal (foi suspensa em novembro de 2011 – ler artigo aqui), a Premiere (fechou portas em janeiro de 2012 – ler artigo aqui) e agora com a Empire. Portugal passou do tudo ao nada. Se nenhuma destas quatro revistas de cinema, que se dedicavam sobretudo ao cinema comercial, conseguiram durar mais do que três anos, excepto a Premiere que durou doze anos, então as esperanças de um dia ver em Portugal traduzida a revista de cinema mais antiga do mundo, a Cahiers du Cinema, são muito baixas ou quase nenhumas.
É uma situação grave para este mercado, para os jornalistas, para os leitores e para o cinema em Portugal. A informação e por vezes o debate e crítica que estas revistas criavam nos leitores extinguiu-se, movendo-se agora em força para a internet, com os blogues e sites dedicados à sétima arte. Assistimos mais uma vez à velha guerra de papel versus digital, pagar versus gratuito. Existem, contudo, duas importantes revistas de cinema em Portugal em formato digital, a METROPOLIS e a Take Cinema Magazine. São duas interessantes revistas, com um excelente design e boas equipas que produzem bom conteúdo. Como são digitais e gratuitas não tem de se preocupar em escrever para o grande público, para vender. São portanto duas opções que estão abertas a todo o tipo de cinema e de públicos.