O Rotten Tomatoes, site famoso por agregar críticas de TV e cinema, está enfrentando acusações de publicar análises influenciadas pela empresa de relações públicas Bunker 15.
Para aqueles que não estão familiarizados, o Rotten Tomatoes está em operação desde 1998 e é amplamente reconhecido como uma influente ferramenta na indústria cinematográfica. A plataforma reúne avaliações de filmes e séries, calculando um índice com base na porcentagem de resenhas favoráveis em relação ao número total de análises da obra.
Na prática, esse sistema tem a capacidade de categorizar uma avaliação como positiva, mesmo que contenha críticas ou elogios moderados à obra, resultando, desse modo, em uma porcentagem mais elevada para aquele filme ou série.
Essas alegações foram levantadas no artigo “A Decomposição do Tomate Podre” (em tradução literal), escrito por Lane Brown, com base em uma reportagem de Luke Winkie, que foi publicado na seção “One Great Story” da revista norte-america Vulture.
De acordo com as informações apresentadas por Brown e Winkie, a empresa Bunker 15 teria supostamente influenciado as avaliações de filmes no site, alegadamente remunerando críticos para inserir análises favoráveis na plataforma.
Supostamente, a empresa teria proposto o pagamento de U$ 50 dólares a críticos especializados por cada análise. Um exemplo notável disso envolve o filme “Ophelia”, de Claire McCarthy, que foi lançado em 2018. Este drama, baseado na obra homónima de William Shakespeare, teria obtido uma aprovação de apenas 46% por parte dos críticos no Rotten Tomatoes na época do seu lançamento, com base em um total de 13 resenhas.
A reportagem de Winkie descobriu que a Bunker 15 estava encarregada das atividades de marketing do filme e teria oferecido compensações financeiras a alguns críticos menos conhecidos, com o objetivo de melhorar a classificação do filme.
Um jornalista que recebeu essa oferta compartilhou com a equipe da revista Vulture sua preocupação sobre o que aconteceria se ele “odiasse” o filme. Um representante da empresa respondeu, explicando que “os críticos mais compreensivos (e há mais críticos assim do que eu imaginava) normalmente concordam em não publicar avaliações negativas em seus principais sites. Em vez disso, essas críticas seriam direcionadas para um blog menos visível, que o Rotten Tomatoes nunca chegaria a ver. Acreditamos que isso seja uma prática bastante aceitável”.
Posteriormente, entre outubro de 2018 e janeiro de 2019, “Ophelia” foi objeto de sete novas análises favoráveis, resultando em um aumento de sua taxa de aprovação para 62%. Como resultado desse aprimoramento na avaliação, o filme, que previamente não estava sendo exibido nos cinemas dos Estados Unidos, despertou o interesse da IFC Films, que adquiriu os direitos de distribuição para levar a obra aos cinemas.
Quando questionada por Winkie, a Bunker 15 negou as alegações. O fundador da empresa, Daniel Harlow, respondeu: “Temos milhares de críticos em nossa lista de distribuição. Um pequeno grupo deles criou um sistema [por conta própria] no qual os cineastas podem patrocinar ou pagar para que eles revisem um filme”.
No seu artigo, Lane Brown também pontua que vários realizadores e produtores têm dúvidas quanto à confiabilidade do sistema de classificação do site. Paul Shreder, por exemplo, comentou: “Mas o sistema está quebrado. O público é mais burro. Pessoas normais não passam por avaliações como costumavam fazer. Rotten Tomatoes é algo que os estúdios podem jogar. Então eles fazem”.
Como resposta a isso, Brown destaca que, ao entrar em contato com o Rotten Tomatoes, o site revelou que removeu vários filmes associados à Bunker 15 e emitiu um aviso aos críticos que avaliaram esses filmes.
Em um comunicado oficial, o site declarou: “Levamos a sério a integridade de nossas pontuações e não toleramos qualquer tentativa de manipulá-las. Temos uma equipe dedicada que monitora nossas plataformas regularmente e investiga e resolve minuciosamente qualquer atividade suspeita”.
