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“Rua dos Anjos”, um testemunho de duas mulheres sobre o cinema e o trabalho sexual, estreia em setembro nos cinemas portugueses

Rua dos Anjos, de Maria Roxo e Renata Ferraz Rua dos Anjos, de Maria Roxo e Renata Ferraz

A Zero em Comportamento estreia nos cinemas portugueses a 28 de setembro “Rua dos Anjos”, um filme de Maria Roxo e Renata Ferraz, construído a partir da partilha do testemunho pessoal de duas mulheres, as próprias realizadoras, sobre os seus respectivos ofícios: o cinema e o trabalho sexual. “Neste cenário, ambas se tornam realizadoras e personagens.”

Estreado no IndieLisboa em 2022, o filme já passou por diversos festivais de cinema, tendo conquistado o Prémio do Público no Queer Porto e o Prémio Eileen Maitland no Festival Ann Arbor no Michigan (EUA).

Produzido pela KINTOP, “Rua dos Anjos”, que explora as fronteiras entre a realidade e a ficção, desafia as convenções e convida o público a mergulhar num mundo de emoções e de profundas reflexões.

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Segundo a realizadora Renata Frraz, a leitura do livro “Alugo o meu corpo”, de Paula Lee, serviu de inspiração para este filme, pela “narrativa autobiográfica, baseada na apresentação de técnicas do ofício do trabalho sexual, o livro descreve detalhadamente o início de sua carreira, a fase da inexperiência, a relação com os clientes.”. Quando Renata conheceu Maria, uma “mulher forte e terna, inteligente e corajosa, disposta a empreender o desafio de se deixar ser documentada”, meteram mãos ao trabalho para realizar em conjunto este filme sobre as suas experiências no mundo do cinema e na prostituição. Maria Roxo viria a falecer no inicio do processo de montagem, acrescentando uma nova camada de sentido ao filme.

“Maria Roxo nasceu em Moçambique, em Lourenço Marques, hoje Maputo, e viveu uma vida repleta de desafios e reviravoltas. Durante a sua juventude, entrou na faculdade de medicina mas acabou por se ver envolvida em rebeldias políticas e, como castigo, foi encaminhada para a frente de batalha na guerra colonial. Foi lá que descobriu a morfina e, depois da Revolução dos Cravos, chegada a Lisboa, trouxe consigo uma adição que a levaria não só a pôr em prática os anos de ballet clássico em exímias danças de strip, mas também a mais de vinte anos como trabalhadora sexual. Maria sempre soube que a sua história era digna de um filme e, em 2016, quando o seu caminho se cruzou com o de Renata, começou o início do processo de criação deste filme verdadeiramente único.”

“Por sua vez, Renata Ferraz compartilha uma trajetória igualmente marcante. Vinda de São Paulo, formou-se no meio do caos da megalópole em Artes Cénicas e, durante vinte anos, trabalhou como atriz.  Foram as violências que a cidade e a profissão lhe infligiram, misturadas com uma paixão pela imagem em movimento, que a fizeram fugir para Lisboa. Do teatro, herdou o prazer pela criação coletiva que a levou a querer fazer um filme a partir da realização partilhada com alguém que não pertencesse ao mundo do cinema ou a outras áreas artísticas. Quando conheceu Maria, soube que o seu projeto saíra do plano das ideias.”