São Paulo: De 29 de agosto a 4 de setembro, Sesc São Paulo acolhe a 19.ª edição da Mostra Mundo Árabe de Cinema

Edição celebra os 20 anos do Instituto da Cultura Árabe e o centenário de Aziz Ab´Saber, geógrafo brasileiro, falecido em 2012, presidente de honra do ICArabe
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"Beirut Hold’em", de Michel Kammoun – Divulgação

Em São Paulo, o Instituto da Cultura Árabe (ICArabe) e o Sesc São Paulo promovem, de 29 de agosto a 4 de setembro, a 19.ª Mostra Mundo Árabe de Cinema.

Este ano, o evento decorre em formato totalmente presencial, com a exibição de 11 filmes inéditos.

A abertura teve lugar nesta quinta-feira, 29 de agosto, às 20h, no CineSesc, com uma sessão gratuita do filme “O Professor”, de Farah Nabulsi, uma coprodução entre a Palestina, Catar e Reino Unido.

No sábado, 31 de agosto, a estreia do filme “O Poeta Rei” contou com a presença do realizador português Carlos Gomes. Já no domingo, 1 de setembro, após a exibição do filme “Um Fardo”, que tem início às 17h30, realizar-se-á um debate com a participação de especialistas que irão discutir temas relevantes da actualidade.

Idealização da mostra

Desenvolvida por Soraya Smaili e com a curadoria de Arthur Jafet, a Mostra Mundo Árabe de Cinema conquistou um lugar de relevância no calendário cultural de São Paulo.

O evento tem como propósito conectar o público brasileiro com as culturas árabes, apresentando uma visão ancha das suas dimensões sociais, políticas e culturais.

As obras seleccionadas visam desconstruir estereótipos e promover uma compreensão mais enriquecedora das culturas árabes.

“Num momento de turbulência no Médio Oriente e de protestos antiguerra em espaços públicos e universidades dos Estados Unidos, a nossa 19.ª Mostra Mundo Árabe de Cinema é mais atual e significativa do que nunca. Destacando novos trabalhos dos cineastas mais ousados do Médio Oriente e Norte de África, a série de filmes ilumina a diversidade e a complexidade do mundo árabe contemporâneo”, salienta o curador Arthur Jafet. “Apresentamos os melhores filmes sobre o mundo árabe, sejam eles grandes obras que receberam prémios de prestígio ou pequenas joias cinematográficas que merecem ser reveladas”, acrescenta Jafet.

20 anos de impacto

A continuidade da Mostra durante quase duas décadas revela o crescente interesse do público brasileiro em compreender melhor a realidade dos países árabes. Com o passar dos anos, os espectadores têm-se envolvido não apenas com os aspetos culturais apresentados pelos filmes, mas também com as realidades retratadas nas telas, como a situação na Palestina.Parte superior do formulário

Para Soraya Smaili, a Mostra Mundo Árabe de Cinema é um momento de reflexão, de questionamentos aos estereótipos que são frequentemente associados ao mundo árabe em geral.

“Criamos a Mostra logo no início do Instituto da Cultura Árabe, que agora completa 20 anos. Nestes anos, o público brasileiro passou a apreciar a cultura viva presente no mundo árabe, mas que lida com questões tão presentes e pertinentes à sociedade brasileira. Como disse Aziz Ab`Saber, nosso presidente de honra, e como afirma Francisco Miraglia, um dos idealizadores do Instituto, o que fazemos é para ampliar o diálogo entre as culturas, que está na base da constituição do Brasil. Portanto, a Mostra é para todos os brasileiros e todas as brasileiras. Esse diálogo permanente amplia nossa visão de mundo e nossa humanidade”, destaca.

Patrono

A 19.ª edição da Mostra Mundo Árabe de Cinema presta homenagem e celebra os 20 anos de trajetória do Instituto da Cultura Árabe e o centenário de Aziz Ab’Sáber, geógrafo, cientista e intelectual brasileiro falecido em 2012 e presidente de honra do ICArabe.

Filho do libanês Aziz Nacib Ab’Saber e da portuguesa Juventina Maria Iunes de Jesus, ambos imigrantes, Aziz Ab’Sáber nasceu a 24 de outubro de 1924, em São Luiz do Paraitinga, SP, e dedicou quase 70 anos ao estudo da geografia. Aos 17 anos, ingressou no curso de Geografia e História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências (FFLC) da USP, optando pela geografia, na qual se licenciou em 1944.

Tornou-se especialista em geografia física em 1946, quando iniciou estudos em geologia e começou a trabalhar na USP como jardineiro, passando a prático de laboratório três meses depois, no Departamento de Geologia e Paleontologia da FFLC. Manteve-se nesse cargo enquanto completava o doutoramento (1956) e até se tornar livre-docente (1965), altura em que passou a lecionar geografia física na Universidade.

Antes de se tornar professor na USP, deu aulas no ensino secundário e na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Tornou-se professor titular em 1968 e aposentou-se da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) em 1982.

Mesmo após a aposentadoria, continuou a desenvolver as suas pesquisas e, em 1988, integrou o IEA como professor visitante da Área de Ciências Ambientais, tornando-se posteriormente professor honorário do Instituto, onde trabalhou até à véspera da sua morte a 16 de março de 2012.

Ab’Sáber foi autor de estudos e teorias fundamentais para o conhecimento dos aspetos naturais do Brasil. A sua produção em geografia centrou-se especialmente em domínios morfoclimáticos e fitogeográficos brasileiros, sertões do Nordeste, estudos amazónicos, superfícies aplainadas do Brasil, Teoria dos Refúgios e na revisão das investigações sobre “desertificação” na Campanha Gaúcha de Sudoeste, além de esforços para integrar o ensino básico com uma educação de base regional para o país.

Realizou centenas de pesquisas e tratados de relevância internacional nas áreas de ecologia, biologia evolutiva, fitogeografia, geologia, arqueologia e geografia. A sua obra inclui mais de 500 trabalhos, entre artigos académicos, teses, capítulos de livros, prefácios, apresentações de livros, resenhas, publicações em jornais e revistas, documentos e relatórios.


Programação

QUINTA-FEIRA – 29/08

– 15h00: “LYD”, de Rami Younis e Sarah Friedland

– 19h00: Receptivo

– 20h15: Abertura

– 20h30: “O Professor”, de Farah Nabulsi

 

SEXTA-FEIRA – 30/08

– 15h00: “A Leste do Meio-Dia”, de Hala Elkoussy

– 17h30: “A Mãe de Todas as Mentiras”, de Asmae El Moudir

– 20h30: “Inshallah, um menino”, de Amjad Al Rasheed

 

SÁBADO – 31/08

– 15h00: “Beirut Hold’em”, de Michel Kammoun

– 17h30: “O Poeta Rei”, de Carlos Gomes

– 20h30: “Retorno à Alexandria”, de Tamer Ruggli

 

DOMINGO – 01/09

– 17h30: “Um Fardo”, de Amr Gamal

– 20h30: “Imortais”, de Maja Tschumi

 

SEGUNDA-FEIRA – 02/09

– 15h00: “À Beira do Vulcão”, de Cyril Ariss

– 17h30: “A Mãe de Todas as Mentiras”, de Asmae El Moudir

– 20h30: “Inshallah, um menino”, de Amjad Al Rasheed

 

TERÇA-FEIRA – 03/09

– 15h00: “Imortais”, de Maja Tschumi

– 17h30: “Retorno à Alexandria”, de Tamer Ruggli

– 20h30: “O Professor”, de Farah Nabulsi

 

QUARTA-FEIRA – 04/09

– 15h00: “Imortais”, de Maja Tschumi

– 17h30: “Retorno à Alexandria”, de Tamer Ruggli

– 20h30: “O Professor”, de Farah Nabulsi

 

 

*A biografia de Aziz Ab’Sáber apresentada no texto é proveniente de um artigo publicado em 2012 por Flávia Dourado, disponível na página do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP).

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