Margarida Cardoso, realizadora de “A Costa dos Murmúrios” (2004) e “Yvone Kane” (2014), regressa aos cinemas com um novo filme, “Sita – A vida e o tempo de Sita Valles”, um documentário sobre a curta vida de Sita Valles, revolucionária anti-fascista militante do Partido Comunista Português.
O filme será apresentado em Sessão Especial no Festival IndieLisboa a 6 de maio e tem estreia comercial nas salas de cinema a 12 de maio, nomeadamente no cinema Ideal, em Lisboa.
Produzido pela Midas Filmes, o documentário de Margarida Cardoso retrata a curta vida de Sita Valles (26 anos), carismática dirigente estudantil, que morreu em Angola em 1977 em circunstâncias misteriosas, não tendo nunca o seu corpo sido encontrado, nem o do seu marido José Van-Dunem, e o do seu irmão Ademar Valles.
“Sita Valles nasceu em Angola, em 1951, mas estudou Medicina em Lisboa, onde se tornou dirigente dos estudantes comunistas. Depois de 1974, e por considerar que a revolução em Portugal não tinha futuro, partiu para Angola juntando-se ao MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). Morreu aos 26 anos, em 1977, em circunstâncias não totalmente esclarecidas. Testemunhos de figuras políticas que com ela se cruzaram, falam-nos da sua vida.”
O documentário, que levou quase dez anos a realizar-se, reúne vários materiais, filmes de arquivo, fotografias, documentos privados e oficiais. Margarida Cardoso filmou em Portugal e em Angola. “Fiz cerca de quinze entrevistas a pessoas que compartilharam com ela o percurso de vida. Mas só nestes últimos dois anos (entre 2019 e 2021) senti que começou a haver uma certa abertura para se falar dos fantasmas do 27 de Maio. E só nessa altura refiz uma série de entrevistas, a testemunhas que agora se sentiam seguras para falar, e consegui construir o filme.”, lê-se na nota de intenções da realizadora.
“O filme centra-se sobre a figura da Sita, não é um filme sobre os acontecimentos do 27 de Maio, que só por si merecem um outro filme. Ficam muitas questões em aberto, muitas coisas por contar, muitas questões por responder, mas penso que um filme nunca pode contar tudo, e espero que pelo menos este trabalho tenha o mérito de nos despertar a curiosidade e a necessidade de falar sobre este tempos silenciados.”