A estreia de “The Son”, segundo longa-metragem do renomado realizador e argumentista francês Florian Zeller em Veneza foi marcada por elogios a atuação do ator australiano Hugh Jackman. A atuação de Jackman já é vista como uma grande aposta para categoria de melhor ator na 95ª Premiação Anual promovida pela Academy of Motion Picture Arts and Sciences – Óscares 2023.
Em correspondência ao portal brasileiro Terra, o repórter Daniel Medeiros relatou que a ganhadora do Óscar de melhor atriz secundária Laura Dern também foi muito reverenciada após a sessão do filme, com o elenco e o diretor Florian Zeller aplaudidos de pé por 10 minutos pelo público presente. Medeiros descreve que visivelmente emocionado, Jackman abraçou o jovem Zen McGrath, que interpreta seu filho, em meio à ovação.
Pode soar presunçoso, mas até Jackman já cogita sua futura segunda nomeação aos Óscares. O ator chegou a essa conclusão após ler o argumento de Zeller, afirmando que foi “uma sensação como um fogo no meu estômago, foi uma compulsão”, disse ele, durante a coletiva de imprensa nessa quarta (7/9). “Um sentimento que você raramente tem como ator: este papel é para você e você deve interpretá-lo”, completou.
Durante a entrevista, Jackman revelou que após ler o argumento veio o sentimento de medo. O medo, Jackman admitiu, era que ele não conseguiria o papel, então ele enviou um e-mail diretamente para Zeller. “Eu disse, eu não sei se você está dançando com alguém sobre isso, e eu não quero atrapalhar essa dança”.
O medo desapareceu quando Zeller confirmou que não estava atrás de nenhum outro ator, e uma reunião subsequente do Zoom com Jackman imediatamente o realizador confirmou que o papel era dele.
“Depois de 8 minutos, ofereci a ele o papel”, explicou Zeller. “Senti algo muito forte sobre por que ele estava conectado a essa história e que poderíamos explorar territórios realmente emocionais. E foi a melhor decisão que já tomei, porque a partir daí foi a jornada mais frutífera.”
Sobre o papel, Jackman apontou que o seu trabalho no filme foi tão profundo que mudou a maneira como ele encara a própria paternidade. “Por muitos e muitos anos como pai, meu trabalho era parecer forte e confiável, e nunca parecer preocupado, porque não queria sobrecarregar meus filhos”, disse ele. “Mas desde que estrelei este filme eu mudei minha abordagem. Compartilho mais minhas vulnerabilidades com meus filhos de 17 e 22 anos e vejo o alívio deles quando faço isso” (via Terra).
Segundo Jackman, “o filme realmente mostra como as pessoas ficam isoladas, principalmente em torno de problemas de saúde mental. Há uma vergonha, há uma culpa, há um desejo intenso de consertar as coisas. De entender e ter empatia com as pessoas ao seu redor, se colocar no lugar delas e ter honestidade. Espero que o filme inicie diálogos, espero que o filme nos lembre de nunca nos preocuparmos sozinhos” (por Terra).
The Son
O longa-metragem é baseado na peça homónima de Zeller que ele adaptou com Christopher Hampton, e vem após o enorme sucesso de “O Pai” com Anthony Hopkins, que também está no novo filme. Hugh Jackman, Laura Dern e Vanessa Kirby estrelam a produção.
Espera-se que o drama da Sony Pictures Classics agite a corrida de prémios com reverências em Veneza e Toronto. É cedo para falar, mas, “The Son” pode ser a oportunidade de Jackman conseguir sua segunda nomeação ao Óscar de Melhor Ator – indicado antes por “Les Misérables”, de 2012 -, Kirby e Dern podem disputar uma vaga na categoria Melhor Atriz Secundária.
Segundo a sinopse oficial, a trama do filme gira em torno de Peter, um sujeito que vive uma vida agitada com a nova parceira e seu bebê. Mas a rotina dele é abalada pela chegada da ex-esposa com seu filho adolescente, Nicholas. O jovem está perturbado, distante e com raiva, faltando à escola há meses. Enquanto Peter se esforça para ser um pai melhor, procurando ajudar seu filho, o peso da condição de Nicholas coloca a família em um rumo perigoso.
Após sua estreia em Veneza, “The Son” está programado para ser lançado nos EUA em 11 de novembro. Antes disso, o filme terá sua première no Festival de Toronto.