O provável fim de uma era, culmina — de facto — sob uma lufada de ar fresco “todos vão para casa felizes”, literalmente. Um filme capaz de agradar a todos e, numa coerência de plot única e arrojada, foi possível preencher os vazios da problemática — a chamada «tragédia» cinematográfica — sem twists demasiado óbvios, nem uma narrativa fácil: é tudo muito subtil e exigente — mas, sobretudo, sagaz.
A mensagem é clara: Woody consegue perceber [cada vez mais] o valor que a humildade tem, e reencontra o amor. Nisso, percebendo desde cedo a importância da relação, do conforto que “Forky”, o brinquedo que Bonnie, a sua nova dona, construiu no primeiro dia no jardim de infância, lhe dava, tinha uma missão: que nunca mais se separassem. Numa altura em que era cada vez menos requisitado para brincar, o seu destino estava desde cedo traçado com o flashback inicial da película: há nove anos, a boneca Bo Peep, com quem Woody tem uma espécie de amor outrora platónico, foi “abandonada”… Mas, finalmente, dá-se o reencontro.
É tão reconfortante pensar que esta antologia da Disney, no seu provável fim [tendo em conta a forma como acaba e, nesse sentido, sugere], desde 1995 até hoje, conseguiu preencher todas as lacunas de uma infância que, no meu caso, passou pelas suas mãos.
De volta ao filme, depois de um “Toy Story 3” muito consistente, o quarto filme consegue elevar a obra a um nível emotivo, não cliché, nem demasiado mole: um nível intelectual, com boas falas de argumento, conteúdo, forma, capaz de — ao que tudo indica — fechar um capítulo sublime na história da Disney.
Quando não souberes como fechar a porta, deixa o amor entrar. [Sempre] Com amor, a Disney fechou a porta, de forma brilhante, a Toy Story.
Obrigado, Disney. Até mais.