“Uma Geração” (1955) foi a primeira longa-metragem de Andrej Wajda, que faz parte da Trilogia da Guerra, onde também se inclui “Kanal” (1957) e “Cinzas e Diamantes” (1958). Antes de “Uma Geração”, Wajda tinha já realizado uma curta-metragem e dois documentários.
Com este filme, encerra-se a era do “Realismo Socialista” no cinema polaco, e foi importante para a definição do que, posteriormente, ficou conhecido como a Escola Polaca de Cinema.
Wajda entranha-se na história da própria Polónia: o seu pai, Jakub Wajda, foi assassinado pelo NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos), a polícia secreta soviética antecessora da KGB, no que ficou conhecido como “Massacre de Katyn”, onde quase 22 mil oficiais polacos foram assassinados pelos soviéticos.
O jovem Wajda tomou a decisão de fazer filmes que recriassem criticamente a ocupação alemã, a luta nem sempre heroica, e a divisão entre os partisans, que representaria o fim definitivo de uma utopia da união de todas as organizações clandestinas de resistência. A trilogia sobre a guerra iniciou-se então com “Geração” (“Pokolenie”, 1955).
Ambientado em 1942, quando a Resistência polaca começava a organizar-se, o filme segue Stach, interpretado por Tadeusz Lomnicki, um jovem delinquente das favelas de Varsóvia que se converte ao comunismo pelo seu colega de fábrica Sekula (Janusz Paluszkiewicz), e que entra na luta a pedido de Dorita (Ursula Modrzinska) por quem se apaixonara. Atentem num dos companheiros da Resistência – é um jovem Roman Polanski. “Uma Geração” mostra a passagem da adolescência para a idade adulta.
“Geração” parece focar, mais do que um ou outro personagem, na personagem coletiva que é a Polónia durante os anos da guerra. Destituído da liberdade narrativa que caracteriza os dois filmes posteriores, a obra tem clima de propaganda política de “esperança que canta na futura sociedade comunista” e uma caracterização bastante estilizada – proletários sempre simpáticos e burgueses sempre perversos. Tudo isto arrasta-se no enredo, que é tão centrado na questão comunista, que o horror nazi passado na Polónia fica como pano de fundo.
O filme possui qualidades: tem um uso poderoso da fotografia a preto e branco (quando Dorota discursa para os seus camaradas, o rosto de cada um é iluminado por uma luz que se confunde com a chama de um cigarro passado de mão em mão); atuações brilhantes (obrigada, Tadeusz Lomnicki) e algumas sequências bem orquestradas.
A obra permitiu que toda uma nova geração de talentos do cinema surgissem – realizadores como Roman Polanski (que interpreta Mundek, jovem integrante do grupo de Resistência que lutava contra a dominação nazi da Polónia), cinematógrafos como Jerzy Lipman (responsável pela fotografia do filme, e que trabalhou com Wajda noutros filmes) e atores como Tadeusz Lomnicki, Zbigniew Cybulski e Tadeusz Janczar.
Realização: Andrzej Wajda
Argumento: Bohdan Czeszko
Elenco: Tadeusz Lomnicki, Tadeusz Janczar, Roman Polanski, Ursula Modrzinska
Polónia/1955 – Drama/Guerra
Sinopse: “Uma Geração” desenrola-se em 1942, quando Varsóvia sofre com a ocupação nazi e a juventude polaca começa a participar do movimento de resistência. A personagem principal é um delinquente (Tadeus Lomnick), que entra na luta a pedido de uma rapariga (Ursula Modrzinska) por quem se apaixonara. Para além dessa bela história de amor, Wajda mostra a coragem, a honra e o sacrifício que caracterizaram a ação dos polacos durante um dos mais difíceis períodos da história do país.