O Canal Brasil dedica, nesta segunda-feira (06), uma programação especial à actriz Débora Bloch. A homenagem começa às 22h30, logo após o episódio de “Vale Tudo” na TV Globo que assinala a morte da icónica personagem Odete Roitman, interpretada por Débora.
Serão exibidos quatro filmes que retratam diferentes fases da sua carreira no cinema: “Bete Balanço” (1984), de Lael Rodrigues; “Veja Esta Canção” (1994), de Carlos Diegues; “Caramuru, A Invenção do Brasil” (2001), de Guel Arraes; e “Bossa Nova” (2000), de Bruno Barreto.
Quem matou Odete Roitman?
A partir desta segunda-feira (06), o Brasil volta a perguntar-se uma questão que, há mais de trinta anos, parou conversas, cafés e salas de estar: quem matou Odete Roitman.
No capítulo de hoje de “Vale Tudo”, a vilã mais temida da teledramaturgia brasileira prepara-se para atravessar a linha do Equador quando um crime inesperado interrompe abruptamente os seus planos de fuga.
Odete é assassinada no seu quarto de hotel, pouco antes de partir numa viagem ao lado de César (Cauã Reymond). Ao longo da narrativa, marcada por manipulações, crueldades e traições, a empresária acumulou inimigos como quem colecciona medalhas de guerra. Agora, resta ao público decifrar quem, entre tantos desafetos, ousou pôr fim à vida da magnata.
Segundo Manuela Dias, autora do remake, cinco personagens surgem como suspeitos centrais: Marco Aurélio (Alexandre Nero), Celina (Malu Galli), César (Cauã Reymond), Maria de Fátima (Bella Campos) e Heleninha (Paolla Oliveira).
Na versão original de 1988, o mistério tornou-se fenómeno cultural. Conversas em cafés, mesas de família e filas de supermercado giravam em torno de Odete Roitman. Um bolão com 2,5 milhões de cartas transformou a ficção em evento nacional. O mordomo Eugénio (Sérgio Mamberti) despontava como favorito, mas César Ribeiro (Carlos Alberto Riccelli) e Marco Aurélio (Reginaldo Faria) também figuravam entre os mais votados.
O suspense prolongou-se por onze dias. A revelação chocou: Leila (Cássia Kis) era a assassina, escolhida por apenas cinco por cento das apostas. O inesperado triunfou, tal como acontece com a verdadeira arte da narrativa televisiva.
O remake, escrito por Manuela Dias e com direcção artística de Paulo Silvestrini, chega agora à reta final com recordes de audiência e intensa repercussão nas redes sociais. Até ao momento, cerca de 150 milhões de espectadores foram alcançados em todo o país, e a novela mantém-se como o conteúdo VOD mais visto no Globoplay em 2025.
Filmes em exibição
A programação especial traz alguns dos papéis mais marcantes de Débora Bloch no cinema brasileiro.
Em “Bete Balanço”, Bloch dá vida a Bete, uma jovem do interior de Minas Gerais que chega ao Rio de Janeiro com o sonho de ser cantora de rock. A personagem enfrenta os desafios da cidade grande e as dificuldades de lançar-se no mundo da música. Este foi o primeiro grande papel de Débora Bloch no cinema, que rapidamente a projectou para o público, rendendo-lhe o Prémio Air France de Melhor Atriz Protagonista em 1984 e o de Melhor Atriz pela APCA em 1985.
“Veja Esta Canção” é composto por quatro episódios inspirados em canções brasileiras. Débora interpreta o segmento “Você e Eu”, que mostra um casal em crise. A sua personagem está casada com um publicitário e lida com conflitos pessoais e profissionais, numa narrativa que aborda solidão e desgaste emocional nas relações amorosas. Este papel valeu-lhe novamente o prémio de Melhor Atriz da APCA, em 1995.
Em “Caramuru, A Invenção do Brasil”, Bloch surge como Isabelle, uma mulher francesa que seduz Diogo (Selton Mello), desencadeando a sua viagem de Portugal para o Brasil no século XVI. A personagem aparece no início do filme, mas tem papel crucial ao alterar o destino do protagonista, que mais tarde será conhecido como Caramuru, o primeiro rei do Brasil, segundo a lenda. Pela sua interpretação, Bloch foi indicada ao Prémio Guarani de Cinema Brasileiro como Melhor Atriz Coadjuvante em 2001.
“Bossa Nova” transporta-nos para o Rio de Janeiro contemporâneo, onde Bloch interpreta Tânia, uma das várias personagens envolvidas em histórias de encontros e desencontros amorosos. Tânia cruza-se com outros núcleos do filme, cujo eixo central é a aproximação entre uma professora de inglês (Amy Irving) e um advogado recém-divorciado (António Fagundes), ex-marido da sua personagem. Pela interpretação, Bloch voltou a ser nomeada ao Prémio Guarani como Melhor Atriz Coadjuvante, em 2002.