O Doclisboa regressa de 16 a 26 de Outubro e anuncia agora os seus filmes de abertura e encerramento, bem como novidades em secções como Terra à Lua ou Heart Beat. No final do mês de setembro, será anunciado o programa completo.
A 23.ª edição do festival começa com uma homenagem urgente à resistência em Gaza. “With Hasan in Gaza”, de Kamal Aljafari, é o filme de abertura do Doclisboa 2025, que mostra uma realidade da Palestina já distante e diferente da que conhecemos atualmente. A fechar o festival estará “A Árvore do Conhecimento”, de Eugène Green, uma coprodução luso francesa entre O Som e a Fúria e Le Plein de Super, protagonizada por Diogo Dória, Leonor Silveira, João Arrais, Ana Moreira e Rui Pedro Silva.
Desde “A Religiosa Portuguesa” (2009) que Eugène Green tem dedicado um interesse muito particular a Portuga e regressa agora à capital portuguesa com uma fábula sobre um adolescente, um ogre e um pacto obscuro, numa crítica nem sempre velada ao modo como a cidade se rendeu ao turismo.
“With Hasan in Gaza”, montado a partir de filmagens feitas em 2001, quando o cineasta e Hasan Elboubou procuravam Abdel Rahim, com quem Kamal esteve preso, em Gaza, em 1989, quando era adolescente, é um road movie que transporta o espectador para um território em resistência, marcado pelas coexistência entre a vida comum dos seus habitantes e a permanente violência da ocupação.
Na Terra à Lua, programa não competitivo com uma seleção de obras que permitem ver os mundos de ontem, hoje e amanhã através de visões e histórias de múltiplos lugares e tempos, está “O Riso e a Faca integral“, de Pedro Pinho, versão longa e em estreia mundial do filme premiado em Cannes (Melhor Actriz na secção Un Certain Regard para Cleo Diára).
Na mesma secção apresentar-se-á também “Remake”, de Ross McElwee, que regressa ao cinema depois de uma ausência de 14 anos, num filme que é em simultâneo uma reflexão sobre as suas criações e um tributo emocionado à vida do seu filho Adrian, uma figura recorrente na sua obra, que faleceu em 2016. Relembre-se que, em 2005, o Doclisboa fez a mais completa apresentação dos filmes do realizador norte-americano até então realizada na Europa e editou uma brochura com textos críticos sobre a sua obra.
Ainda na secção Terra à Lua, destaque para “Bulakna”, de Leonor Noivo, que chega ao Doclisboa depois do Prémio Renaud Victor na última edição FID Marseille. O filme aborda questões fundamentais da nossa época: a profunda desigualdade social num mundo pós-colonial, ao mesmo tempo que toca nas profundezas mais íntimas do ser humano – o valor do trabalho, do corpo e da sua vida.
Na secção Heart Beat, “Memórias do Teatro da Cornucópia”, de Solveig Nordlund, mostra, com recurso a imagens de arquivo de vários espetáculos, desde a sua origem até ao seu fecho, peças emblemáticas da companhia fundada por Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo, em 1973. Ainda nesta secção, “Bull’s Heart”, da grega Eva Stefani, acompanha de perto os preparativos para a criação Transverse Orientation do coreógrafo Dimitris Papaioannou e a sua digressão pelos teatros europeus.