Antiga trabalhadora da Pixar acusa o estúdio de racismo e sexismo

Estudios-Pixar Estudios-Pixar

Uma blogger que se identifica como “mulher muçulmana castanha” publicou um artigo a condenar o ambiente que viveu enquanto trabalhou no estúdio de animação da Pixar, um dos mais influentes do mundo, repleto de racismo, sexismo e uma falta de noção de classe e que as suas tentativas para resolver esses problemas levaram à sua demissão da empresa.

No artigo avançado pelo site Cartoon Brew, a mulher relata, de forma anónima, várias situações de discriminação e preconceito que testemunhou e que vivenciou nos estúdios da Pixar, num ambiente dominado por brancos, em que existe uma cultura de total indiferença a situações de injustiça racial e em que “as mulheres brancas seniores chamam os asiáticos de ‘mesquinhos’ e dizem que uma assistente negra não é subserviente o suficiente”.

A autora começa por dizer no seu texto que há muito tempo que queria escrever sobre estas situações, mas que sempre lhe custou com receio de reviver os traumas. Encontrou agora coragem para denunciar o estúdio de animação devido à recente onda de protestos antirracistas nos EUA, e porque várias empresas que estão apoiar o movimento Black Lives Matter estão a tentar apagar a sua cumplicidade com o racismo sistémico.

banner slider 2024 header 2 1

Ela lembra uma situação em que se sentiu desconfortável quando um colega do sexo masculino casualmente objetificava as mulheres, discutiu as suas aparências físicas e os seus encontros sexuais. Quando ela o acusou de ser sexista, ele alertou-a para nunca mais dizer isso. Chegou a ser apalpada por outro colega do sexo masculino e quis fazer denúncia aos recursos humanos, mas sabia que não iria receber qualquer apoio.

A certa altura, escreve que a “Pixar tinha um grupo de e-mails sobre política, em que os funcionários partilhavam opiniões políticas que variavam da ala liberal à ala direita. (…) Os pontos de vista políticos que surgiam eram frequentemente racistas, xenófobos e problemáticos.”

Ela acrescenta que o racismo estende-se até à liderança sénior da Disney (empresa detentora da Pixar). Após o massacre de 16 civis afegãos pelo soldado americano Robert Bales em 2012, “o chefe da Disney imediatamente enviou um e-mail a todos os funcionários, incluindo da Pixar, a dizer que eles apoiavam as tropas e os veteranos. Não houve nenhuma menção ou condenação a esse terrível ato de terror que foi notícia em todo o mundo”.

No que toca a promover a igualdade de género e de pessoas negras para cargos mais criativos, a Pixar tem um péssimo registo. Em 2019, John Lasseter, o ex-diretor da Pixar e da Walt Disney Studios Animation e realizador de “Toy Story”, foi afastado dos estúdios depois de ter sido acusado de assédio sexual em 2017.

Este ano, a Pixar vai estrear “Soul – Uma Aventura com Alma”, o seu primeiro filme correalizado por um realizador negro, Kemp Powers, juntamente com Pete Docter.

O texto pode ser lido na integra aqui.

Skip to content