Quinze anos depois da emblemática obra de animação “Mary e Max – Uma Amizade Diferente” (2009), o cineasta australiano Adam Elliot regressa com a sua segunda longa-metragem, novamente filmada em stop motion, “Memórias de um Caracol”. Com distribuição da Alambique Filmes, o filme estreia nas salas de cinema portuguesas a 27 de fevereiro.
Vencedor do Prémio de Melhor Filme no Festival de Animação de Annecy e do Grande Prémio do Cinanima 2024, o filme é a recordação terna e agridoce de uma mulher solitária chamada Grace Pudel, que conta a história da sua vida a um humilde caracol de jardim chamado Sylvia.
“A vida de Grace é pautada por adversidades e perdas. Quando a sua família é destruída e a separam do seu irmão gémeo, cria o vício de coleccionar decorações de caracóis para acalmar a sua solidão e depressão. Grace ganha uma nova esperança quando inicia uma amizade com uma excêntrica Mindinho, que a inspira a sair da sua jaula e a livrar-se das coisas que atafulham a sua casa e a sua mente.”
Com vozes de Sarah Snook, Kodi Smith-McPhee e Eric Bana, “Memórias de um Caracol” é filmado na arte tradicional e demorada da animação em stop motion, foram necessários sete mil objetos, centenas de braços, olhos e bocas, 200 cenários e cento e 135 mil fotografias feitos à mão para contar a vida de Grace.
Elliot levou oito anos a realizar este filme, um processo que o australiano reconhece ser demorado, mas sobretudo devido à dificuldade em encontrar apoios financeiros para a produção. “Pensei que seriam mais rápidos! E parecem estar a ficar cada vez mais lentos de serem produzidos, embora a tecnologia esteja cada vez melhor. O que nos está a atrasar não é, na verdade, a produção, mas o financiamento.”, declarou Elliot em entrevista ao Screen Daily.
“Os protagonistas de todos os meus filmes são forasteiros, e os meus temas e narrativas exploram a diferença. Adoro contar histórias repletas de humor e compaixão, reflexões das nossas vidas quotidianas que celebram os momentos de alegria com a escuridão que advém dos desafios da vida. Há mais de 30 anos que tenho um objectivo simples: fazer o meu público rir… e também chorar.” conta Adam Elliot, a propósito do seu mais filme.
Apesar de ter apenas cinco curtas e duas longas-metragens realizadas, Adam Elliot é já uma referência no cinema de animação, com múltiplas premiações, entre as quais o Óscar de Melhor Curta-Metragem de Animação pelo filme “Harvie Krumpet”, que se tornou no primeiro filme LGBTQIA+ a vencer esta categoria.