A Netflix anunciou ontem o fim da partilha de contas em Portugal fora da residência, justificando que as contas partilhadas por várias pessoas afeta a “capacidade de investir em séries e filmes de grande qualidade”, divulgou a plataforma de streaming Netflix em comunicado. A medida, que entrou em vigor no dia 8 de fevereiro de 2023, inclui Portugal, Espanha, Canadá e Nova Zelândia.
Portugal é assim um dos primeiros países onde se aplica esta tentativa de combate ao uso de uma conta em casas diferentes. Os utilizadores que queiram partilhar as suas contas podem fazê-lo, apenas com os planos Standard ou Premium (os planos mais caros), mas com um custo acrescido mensal.
“Só é permitida a partilha da mesma conta sem membros extra entre pessoas que vivam na mesma casa”
“Sabemos que tem havido confusão com a partilha da Netflix. A conta Netflix é para ser usada só numa residência. A partir de hoje em Portugal, implementaremos novas funcionalidades para ter maior controlo sobre a sua conta. E pode viajar com a Netflix.”, escreveu a Netflix Portugal na sua conta do Twitter.
“Os membros com um plano Standard ou Premium podem adicionar contas secundárias de membro adicional, para até duas pessoas fora da sua residência, cada uma com o seu próprio perfil, recomendações personalizadas, dados de início de sessão e palavra-passe, por um custo adicional mensal de 3,99 € por pessoa (em Portugal).”, lê-se no comunicado.
A Netflix quer garantir que apenas exista uma conta do serviço de streaming por cada residência, forçando a que um membro que usufrua do serviço através de uma conta de outro membro (que não seja do seu agregado familiar) seja obrigado a pagar outra conta. A partir de agora os utilizadores que paguem pela Netflix terão de “configurar a localização principal para garantir que todas as pessoas que vivem na mesma residência podem usar a sua conta Netflix”.
A empresa garante no entanto que o serviço de streaming pode ser visto fora de casa: “os membros podem continuar a ver a Netflix nos seus dispositivos pessoais ou iniciar sessão num novo televisor, por exemplo, num quarto de hotel ou numa casa de férias.”
Os planos da Netflix são dos mais caros do mercado de streaming em Portugal
Os planos da Netflix são dos mais caros do mercado de streaming em Portugal: o plano Base custa (7.99€), o Standard custa 11,99€ e o Premium custa 15,99€. Ora, um plano Premium, por exemplo, com mais dois membros adicionais (a 3,99€ por mês cada), poderá chegar a uma mensalidade de perto de 24 euros. Já as contas Standard têm o limite de um membro extra.
“Na Netflix, sempre tentámos facilitar a partilha da conta Netflix entre pessoas que vivem na mesma casa, por isso oferecemos funcionalidades, como sejam, perfis diferentes e a possibilidade de ver a Netflix em vários ecrãs em simultâneo. Apesar do sucesso das mesmas, estas funcionalidades geraram alguma confusão sobre quando e como a Netflix pode ser partilhada. Hoje, mais de 100 milhões de residências partilham contas — o que impacta a nossa capacidade de investir em séries e filmes de grande qualidade. Assim, durante o último ano, explorámos diferentes abordagens à resolução deste problema na América Latina e chegou agora o momento de alargar a implementação desta funcionalidade, já a partir de hoje, a outros países como o Canadá, a Nova Zelândia, Portugal e Espanha. O nosso foco foi dar aos nossos membros o controlo sobre quem tem acesso à sua conta.”, lê-se no comunicado da empresa.
A empresa alega em comunicado que muitas das suas perdas de lucro se devem à partilha de contas de forma gratuita, levando a um prejuízo da empresa. No entanto, esta medida poderá levar à transferência de muitos subscritores para outras plataformas concorrentes (como a HBO Max, Disney Plus, Prime Video ou SkyShowtime), que certamente não querem ou não podem pagar este aumento de preços, optando por um serviço bem mais barato nas empresas concorrentes. Outra das consequências desta medida é o aumento de cancelamentos de mais contas, sendo certo que muitas pessoas que partilhavam até hoje as suas contas Netflix vão optar por deixar de usufruir do serviço.