O escritor, diretor, ator e historiador de cinema Peter Bogdanovich morreu aos 82 anos. Sua morte foi confirmada à impressa portuguesa por seu empresário Fred Specktor. De acordo com o The Hollywood Reporter, que falou com a filha do cineasta, Bogdanovich morreu na quinta-feira (06) de causas naturais em sua casa em Los Angeles.
Depois da morte de Betty White a 31 de dezembro de 2021, prestes a completar 100 anos de idade neste mês de janeiro de 2022, conhecida pela série “Sarilhos com Elas” e por “O Barco do Amor“. Ao longo da carreira conquistou oito prémios Emmy, tendo sido também reconhecida com três American Comedy Awards, três Screen Actors Guild Awards e um Grammy.
Conhecido como um cineasta independente, Bogdanovich fez filmes que iam desde o drama sombrio de 1971, “A Última Sessão”, estrelado por Jeff Bridges e Cybill Shepherd, até comédias malucas como “Que se Passa, Doutor?”. Ele também se aventurou na produção de documentários, entre eles estão: um sobre o ator e comediante estadunidense Buster Keaton (1895-1966) e um sobre o cantor estadunidense Tom Petty (1950-2017). Como ator, Bogdanovich ganhou destaque por seu personagem Dr. Elliot Kupferberg, um terapeuta na série premiadíssima “Os Sopranos”, da HBO.
Em uma carreira prolífica que durou mais de 50 anos, Bogdanovich tocou todos os aspectos do cinema. Ele começou sua carreira como crítico, estudou os filmes de seus ídolos, entre os quais podemos citar: Howard Hawks (1896-1977) e Alfred Hitchcock (1899-1980). Enquanto acadêmico ele atuou como curador de séries de filmes no Museu de Arte Moderna e em outros lugares.
Ele conheceu Orson Welles (1915-1985), estrelando seu último, mas inacabado filme, “O Outro Lado do Vento”, eventualmente co-escreveu a biografia de Welles. Bogdanovich também se juntou ao esforço para concluir o filme de Welles, que estreou na Netflix em 2018.
Bogdanovich foi criado em Nova York por pais que eram imigrantes europeus (fugidos do nazismo); seu pai era um pintor da Sérvia. Peter queria ser ator e estudou com a lendária Stella Adler (1901-1992). Ele disse ao historiador de cinema David Thomson: “Comecei a ver fotos – várias centenas por ano – e sempre preferi filmes antigos”.
Ele foi indicado a dois Oscars, de melhor direção e melhor roteiro, por “A Última Sessão” em 1972. Na época, a revista americana “Newsweek” considerou a produção “o mais impressionante trabalho de um jovem diretor americano desde ‘Cidadão Kane’“. O jornalista e crítico de cinema, Peter Biskind, escreveu no seu livro Easy Riders, Raging Bulls, que, através deste filme, Bogdanovic “trouxe a honestidade europeia que era algo novo para o cinema americano”, cita a Variety.
Ainda nesta onda prolífica que marcou o início da sua carreira, Bogdanovic acabou por realizar “Paper Moon” (1973), filme protagonizado pelo carismático Ryan O’Neal, e pela sua filha, Tatum O’Neal, com 9 anos na altura, também um grande sucesso crítico e comercial.
Entre seus outros filmes mais importantes estão “Alvos” (1968) e “Saint Jack“ (1979). Seus últimos trabalhos foram: “Ela é Mesmo… o Máximo” (2014) e “The Great Buster” (2018), e um documentário sobre o lendário Buster Keaton.
Bogdanovich fez parte de uma geração de diretores que renovou Hollywood nos anos 70, junto a Martin Scorsese, George Lucas, Steven Spielberg, Brian De Palma, Francis Ford Coppola e outros.