O filme “Banzo” é o candidato de Portugal à categoria de Melhor Filme Internacional, na 98.ª edição dos Prémios da Academia Americana de Cinema, que acontece a 15 de março de 2026, em Hollywood, Los Angeles (EUA).
O Comité de Pré-Seleção constituído pelos membros da Academia Portuguesa de Cinema, Ana Sofia Fonseca (realizadora e produtora), Fernando Luís (ator), Joana Domingues (produtora), Jorge António (realizador e produtor), Jorge Leitão Ramos (jornalista e crítico de cinema), Renata Sancho (realizadora), Rui Cardoso Martins (argumentista) e Susana Gomes (diretora de fotografia) havia anteriormente escolhido entre 24 filmes apenas 5.
Depois de uma votação entre os membros da Academia Portuguesa de Cinema (APC), que decorreu entre 22 de agosto e 10 de setembro, “Banzo” foi o filme mais votado. Em consideração estavam também “Hanami”, de Denise Fernandes (O Som e a Fúria), “Os Papéis do Inglês”, de Sérgio Graciano (Leopardo Filmes), “Sobreviventes”, de José Barahona (David & Golias) e “Sonhar com Leões”, de Paolo Marinou-Blanco (Promenade).
“Banzo”, realizado por Margarida Cardoso e produzido pela Uma Pedra no Sapato, mergulha na herança do colonialismo português em África. Com uma abordagem sensível e rigorosa, o filme revisita memórias e cicatrizes históricas através de um olhar contemporâneo. A obra destaca-se pela sua força visual e a narrativa intimista. Uma reflexão poderosa sobre identidade, dor e memória coletiva.
Depois do documentário “Sita – A vida e o tempo de Sita Valles” (2022), sobre a anti-fascista angolana Sita Salles, a realizadora regressa à ficção com o drama de época sobre a doença conhecida como a nostalgia dos escravos, numa coprodução entre Portugal, Países Baixos e França, escrita e realizada por Margarida Cardoso.
Rodado entre São Tomé e Príncipe e Portugal, o filme passa-se em 1907, com a chegada de Afonso, que recomeça a vida numa ilha tropical africana como médico de uma plantação, onde terá de curar um grupo de serviçais infectados pelo Banzo, a nostalgia dos escravizados. Morrem às dezenas, de inanição ou suicidando-se. Por receio de contágio, o grupo é enviado para um morro chuvoso, cercado por floresta. Ali, Afonso tenta curar os serviçais, mas a incapacidade de entender o que lhes vai na alma revela-se mais forte que todas soluções.
Produzido por Filipa Reis, o elenco é composto por Carloto Cotta, Hoji Fortuna, Rúben Simões, Gonçalo Waddington, Sara Carinhas, João Pedro Bénard, Maria do Céu Ribeiro, Matamba Joaquim, Romeu Runa e Cirila Bossuet, com a participação especial de Beatriz Batarda e Albano Jerónimo.
Esta obra foi distinguida com o Prémio Árvore da Vida e Prémio Universidades em 2024, na 21.ª edição do Festival IndieLisboa. Foi ainda selecionada pela Academia Portuguesa de Cinema como representante de Portugal na categoria de Melhor Filme Ibero-Americano, tanto nos Prémios Macondo 2025, atribuídos pela Academia Colombiana de Cinema, cuja cerimónia terá lugar a 2 de novembro, em Medellín, na Colômbia, como nos Prémios Goya 2026, atribuídos pela Academia Espanhola de Cinema.
A terceira longa-metragem de ficção de Margarida Cardoso estreou no Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary em 2024 e foi ainda premiada no Festival Caminhos do Cinema Português com o prémio de Melhor Argumento.