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Cannes 2025: “É como retornar à casa” Robert De Niro vai receber a Palma Honorária

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O Festival de Cannes anunciou ontem que Robert De Niro será o homenageado com a Palma de Ouro honorária na cerimónia de abertura da sua 78.ª edição, que arranca no próximo dia 13 de maio. Nome incontornável do cinema americano e presença assídua na história de Cannes, De Niro junta-se assim ao restrito grupo de artistas distinguidos com a palma honorária no festival, após Meryl Streep ter sido a homenageada o ano passado.

O ator nova-iorquino, que presidiu o júri do festival há 14 anos, em 2011, que deu a palma de outro daquele ano ao conterrâneo Terrence Malick pelo o seu “A Árvore da Vida” reagiu à distinção com palavras de afeto: “Tenho sentimentos muito próximos pelo Festival de Cannes… Especialmente agora, quando há tanto no mundo a separar-nos, Cannes junta-nos — contadores de histórias, cineastas, fãs e amigos. É como retornar à casa.”

E não é exagero. O nome de De Niro está gravado em alguns dos momentos mais emblemáticos da história do festival, como a vitória de Taxi Driver em 1976, ou a estreia mundial de The King of Comedy, em 1983. Ambos do amigo Martin Scorsese. Em pouco mais de uma década, De Niro protagonizou dois filmes galardoados com a Palma de Ouro. O segundo foi em 1986 com o épico “A Missão” (1986) realizado por Roland Joffé. Um feito invejável para qualquer ator.

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“A Missão”, filme ganhador da palma de ouro em 1986, realizado por Roland Joffé.

O anúncio do festival acompanhou uma pequena biografia do ator, recuperando a sua ligação com o cinema dos anos 70, ao lado de realizadores como Brian De Palma e Martin Scorsese, com quem viria a construir uma das parcerias mais marcantes da sétima arte. Filmes como Mean Streets, Raging Bull, Goodfellas ou, mais recentemente, Killers of the Flower Moon, consolidaram uma filmografia onde convivem violência contida, intensidade emocional e um sentido obsessivo de entrega. Seja como o jovem Vito Corleone em O Padrinho: Parte II — papel que lhe valeu o Óscar de Melhor Ator Secundário — ou como o perturbador Travis Bickle, De Niro deixou uma marca indelével no imaginário coletivo.

Mas o ator não se ficou pela interpretação. Em 1989 fundou a produtora TriBeCa Productions e, após os atentados de 11 de setembro, criou o Tribeca Film Festival para revitalizar o centro de Nova Iorque. Essa vontade de levar o cinema mais longe chegou também a Lisboa. Em outubro de 2024, a capital portuguesa recebeu a primeira edição europeia do Tribeca Festival, com De Niro presente para inaugurar o evento. Numa passagem discreta mas simbólica, o ator reforçou a importância de criar pontes culturais e de trazer histórias locais para um palco global.

Este regresso a Cannes, agora como homenageado, parece fechar um ciclo, ou pelo menos celebrar um percurso que ainda está longe de terminar. No dia seguinte à homenagem, De Niro subirá ao palco do Debussy para uma masterclass aberta ao público do festival. Espera-se casa cheia e, quem sabe, mais algumas pérolas da sua carreira lendária.

O Festival de Cannes prepara-se para revelar o seu programa oficial na próxima quinta-feira, 10 de abril. Acompanhe a nossa cobertura aqui!