A organização do Festival Internacional de Cinema de Berlim anunciou hoje mais nove filmes para o programa competitivo do festival, que terá lugar entre 11 e 21 de fevereiro. Entre os filmes seleccionados encontram-se nomes como Thomas Vinterberg, Gianfranco Rosi, André Téchiné, Danis Tanović e o português Ivo Ferreira (“O Estrangeiro”, “Águas Mil”).
“Cartas da Guerra” de Ivo Ferreira é a nova longa-metragem portuguesa a competir pelo Urso de Ouro de Berlinale, quatro anos depois de “Tabu” de Miguel Gomes. “Cartas da Guerra” é uma adaptação ao cinema da correspondência de António Lobo Antunes durante a Guerra Colonial em Angola publicada como “D’este Viver Aqui Neste Papel Descripto”.
A primeira fase do filme, baseado numa autobiografia, rodada no Cuando Cubango, incluiu um retrato das antigas cadeias do Missombo, onde no período colonial estiveram presos alguns nacionalistas angolanos. A segunda e última fase, rodada em Portugal, inclui depoimentos sobre o 25 de Abril de 1974 e outros acontecimentos que mudaram radicalmente a situação politica de algumas colónias portuguesas.
Segundo o realizador, o livro de António Lobo Antunes é a principal fonte do filme, que inclui as cartas de amor que escreveu para a mulher, que se encontrava em Portugal. O filme tem depoimentos de angolanos e portugueses, pelos quais Ivo Ferreira procura revelar os sentimentos de António Lobo Antunes por Angola, “país onde queria morrer, principalmente depois de se ter apercebido das injustiças perpetradas pelos colonos”.
Produzido pela O Som e a Fúria de Luís Urbano e Sandro Aguilar, o filme conta com Miguel Nunes, Ricardo Pereira, Tiago Aldeia e Margarida Vila-Nova no elenco principal.
Este drama sobre a guerra colonial vivida e imaginada a partir das cartas de amor enviadas de Angola por António Lobo Antunes à sua mulher, entre 1971 e 1973, tem estreia mundial no Festival de Berlim, juntando-se deste modo a realizadores já confirmados para a competição oficial, como Jeff Nichols, Vincent Perez, Michael Grandage e Denis Côté.