“Complô”, filme do realizador João Miller Guerra, estreia dia 17 de outubro, às 21h45, no Cinema São Jorge, no âmbito do Doclisboa. O filme parte de um retrato íntimo de Bruno Furtado e do cruzamento entre a sua música e a sua voz política na defesa do direito à cidadania e no combate ao racismo.
Órfão de um país onde nasceu, órfão do Estado. Encarcerado metade da sua vida, sempre livre. Bruno é Ghoya, rapper crioulo e activista político. Este filme, um espaço de encontro num momento da luta e da vida.
Após a estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Marselha (FIDMarseille), em julho, “Complô”, de João Miller Guerra, tem a sua estreia nacional agendada no âmbito do Doclisboa, integrando a Competição Portuguesa. O filme projeta um retrato íntimo de Bruno Furtado, acompanhando a gravação do seu álbum.
Filho de mãe santomense e pai cabo-verdiano, Bruno Furtado nasceu em Portugal, mas, perante o Estado, nunca “mereceu” a cidadania portuguesa. Esta “orfandade” teve e continua a ter impacto na sua vida. Acompanhou-o durante uma década de reclusão, retratada na primeira pessoa durante o documentário, e fez com que, por exemplo, já em liberdade, não pudesse sair do país para assistir ao nascimento do seu filho.
Em “Complô”, João Miller Guerra transcende as paredes do estúdio de gravação para nos fazer ouvir não só a catarse das letras de MC Ghoya — que reflete o ódio racial, a discrepância de oportunidades entre brancos e negros ou a ausência de justiça social —, mas também para relatar a cumplicidade com que a sociedade encara o crescimento da intolerância à imigração, do racismo e a criação de um fosso cada vez maior entre ricos e pobres.
“Complô” é produzido por Uma Pedra no Sapato e distribuído pela Magenta. Além da realização, João Miller Guerra assume também o argumento do filme. A montagem é de Pedro Cabeleira, a direção de som de Rafael Gonçalves Cardoso, a direção de fotografia de Vasco Viana e a produção de Filipa Reis.
João Miller Guerra vive e trabalha em Lisboa. Formou-se em Design de Equipamento pela Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa e completou a sua formação académica em Pintura e Artes Plásticas no Ar.Co.
Entre 2014 e 2021 foi sócio da produtora de cinema e televisão Uma Pedra no Sapato/Vende-se Filmes. Juntamente com Filipa Reis realizou mais de dez documentários exibidos e premiados em festivais como IDFA, Cinema du Reel, DokLeipzig, Doclisboa, Indielisboa, entre muitos outros.
A primeira longa-metragem da dupla surge em 2018, “Djon África”, que estreia na secção Tiger do Festival Internacional de Roterdão e ganha o prémio FIPRESCI do júri no Festival Cinematográfico Internacional do Uruguai.
Em 2023 estreiam “Légua“ na Quinzena dos Cineastas de Cannes, vencedor do Prémio Especial do Júri no Festival del Cinema Europeo. Em 2025, João Miller Guerra apresenta a realização a solo, “Complô”, documentário estreado no FIDMarseille e apresentado em Portugal na competição nacional do Doclisboa.
Além da estreia, no dia 17 de outubro, “Complô” pode ainda ser visto no âmbito do Doclisboa no dia 21 de outubro, às 14h00, no Cinema São Jorge.
O filme terá a sua estreia nas salas comerciais, um pouco por todo o país, dia 20 de novembro.