Na passada segunda-feira, 26 de novembro, o mundo do cinema ficou mais pobre com a morte de Bernardo Bertolucci, que perdeu a luta contra o cancro aos 77 anos.
Seguiram-se as homenagens ao cineasta, entre as quais, a de Martin Scorsese. Este conta como ouviu falar de Bertolucci pela primeira vez e a forma como o filme “Antes da Revolução” (1964) o deixou “em transe, sem palavras”. Este episódio aconteceu em 1964, quando Scorsese foi ao Alice Tully Hall, no Lincoln Center, para o 2.º Festival de Cinema de Nova Iorque.
“Fiquei realmente atordoado e emocionado com o nível artístico e talento na tela. Fiquei chocado com a liberdade da imagem, um tanto confuso com tantas referências culturais e referências cruzadas e, como alguém que queria fazer filmes, fui inspirado por ele.”
O realizador de “Touro Enraivecido” (1980) confessa que “Antes da Revolução” abriu as portas a vários jovens realizadores da época, ele inclusive. O cineasta caracteriza “O Conformista” (1970) como uma “influência profunda” no cinema de Hollywood, sendo que “O Último Tango em Paris” (1972) foi “um evento cultural explosivo”. Já “O Último Imperador” (1987) e “Um Chá no Deserto” (1990) são, para Scorsese, a reinvenção do estilo épico histórico.
“Quando penso em Bertolucci – o homem, o artista – a palavra que vem à mente é o refinamento.” Para o cineasta, Bertolucci era “extravagante e provocador”, mas admite que foi “a delicadeza e a graça com que se expressou, a profunda compreensão da sua própria história e cultura que tornaram o seu cinema e a sua presença tão especiais, tão mágicos”.
Apesar das dificuldades motoras nos últimos anos de vida de Bertolucci, Martin Scorsese lembra que o mestre “tinha muito mais que queria fazer, e provavelmente muito mais filmes que queria realizar”, recordando-o sempre como “um homem eternamente jovem”.