Herdando o talento dos seus pais, Fernanda Torres distingue-se no cenário artístico brasileiro pela sua originalidade e versatilidade. Com uma trajetória que atravessa diversos géneros e formatos, a atriz confirma a máxima de que a arte flui em suas veias, mas sempre com um toque único e pessoal.
Criada nos bastidores dos teatros, a carioca iniciou a sua carreira como atriz aos treze anos e estreou-se no cinema aos dezasseis com o filme “Inocência”, realizado por Walter Lima Jr.
Ao longo dos anos, trabalhou com nomes importantes como Arnaldo Jabor, Jorge Furtado e Walter Salles, com quem colaborou em “Terra Estrangeira” (1994), “O Primeiro Dia” (1996) e, mais recentemente, “Ainda Estou Aqui” (2024).
Neste último projeto, a sua interpretação da advogada Eunice Paiva gerou grande interesse internacional, com críticos especulando sobre uma possível nomeação ao Óscar de Melhor Atriz.
Este reconhecimento surge 26 anos após a sua mãe, Fernanda Montenegro, ter sido nomeada ao Óscar pelo road movie “Central do Brasil”, também realizado por Salles.
Ao longo da sua carreira cinematográfica, Torres recebeu diversos prémios, incluindo a Palma de Ouro de Melhor Atriz no Festival de Cannes de 1986, pelo filme “Eu Sei Que Vou Te Amar”, de Arnaldo Jabor.
Apesar do sucesso no cinema, foi na televisão que ganhou maior notoriedade com produções cómicas, como as séries “Os Normais” (2001-2003), criada e escrita pelo casal Fernanda Young e Alexandre Machado, onde formava um casal excêntrico com Luís Fernando Guimarães, e “Tapas e Beijos” (2011-2015), onde, ao lado de Andréa Beltrão, formava a dupla icónica Fátima e Sueli.
Essas personagens – a neurótica e atrapalhada Vani e a perspicaz e irónica Fátima – conquistaram o público, e o sucesso continua, com excertos cómicos dessas séries a serem partilhados nas redes sociais.
Como uma equilibrista em plena matinée, Fernanda Torres desfila com elegância entre as suas múltiplas facetas. Além de atriz, a carioca afirma-se também como escritora, apresentadora, cronista e guionista, resplandecendo em cada caminho que escolhe trilhar. Embora possa haver discordâncias com as opiniões da crítica, uma verdade é incontestável: é, sem dúvida, uma das vozes mais fortes e singulares da sua geração.
Impulsionada por um espírito indomável e em busca de novos horizontes, aos quarenta anos, e após uma recepção entusiástica como cronista em publicações prestigiadas como Folha de São Paulo, Veja e Piauí, Torres reinventou-se com o lançamento do aclamado livro “Fim” em 2014.
A obra, que vendeu mais de 200.000 exemplares e foi traduzida para sete idiomas, marcou sua estreia como escritora. Em 2023, Torres levou a história à tela, adaptando o livro para uma minissérie homónima exibida no Globoplay.
Em homenagem aos seus 59 anos completados hoje, listamos alguns filmes da sua invejável filmografia.