Tilda Swinton fez um forte discurso político ao aceitar o Urso de Ouro Honorário da 75.ª edição da Berlinale: “O assassínio em massa está atualmente a aterrorizar mais do que uma parte do nosso mundo”. Sem mencionar especificamente Gaza e Donald Trump, a atriz escocesa chamou a atenção para “a espantosa selvajaria do despeito, do assassínio em massa perpetrado pelo Estado e permitido internacionalmente… inaceitável para a sociedade humana”.
Durante 13 minutos o seu discurso poético e impactante foi sobretudo para condenar os imperialistas, os populismos e a nova extrema-direita, que ganha força um pouco por todo o mundo: “Estes são factos. Têm de ser enfrentados. Por isso, por uma questão de clareza, vamos dizer o que é. O desumano está a ser perpetrado perante os nossos próprios olhos. Estou aqui para o dizer, sem hesitações nem dúvidas, e para prestar a minha solidariedade inabalável a todos aqueles que reconhecem a a inaceitável complacência dos nossos governos viciados em ganância, que fazem amizade com destruidores do planeta e criminosos de guerra, venham eles de onde vierem”. “Podemos fazer melhor como seres humanos”, continuou.
A atriz de 64 anos, que começou a sua relação com o Festival de Berlim aos 25 anos, em 1986 com o seu primeiro filme “Caravaggio”, de Derek Jarman, elogiou o festival como “um reino sem fronteiras, sem políticas de exclusão, perseguição ou deportação”. O “grande estado independente do cinema”, acrescentou, é “inclusivo – imune a esforços de ocupação, colonização, tomada de posse, propriedade ou desenvolvimento da propriedade riviera”.
Este discurso na cerimónia de abertura do Festival Internacional de Cinema de Berlim deixa uma clara mensagem à Alemanha, que vai ter eleições legislativas no final do mês, e ao resto do mundo: é preciso resistir. E Tilda mostrou estar a resistir.
Segundo avançou o Screen Daily, durante a conferência de imprensa, a atriz confessou ser favorável ao movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que pretende acabar com o apoio internacional à opressão de Israel sobre os palestinianos. “O que todos nós enfrentamos é este sentimento de impotência”, continuou. “O boicote é muitas vezes a coisa mais poderosa que podemos fazer”.
“Sou uma grande admiradora e tenho muito respeito pelo BDS. Penso muito sobre o assunto. Estou aqui hoje, ontem, amanhã e depois de amanhã porque decidi vir. Decidi que era mais importante para mim vir. Foi-me dada, graças ao festival, uma plataforma que, num momento pessoal, decidi que era potencialmente mais útil para todas as nossas causas do que eu não aparecer. Foi uma decisão pessoal, pela qual assumo toda a responsabilidade.”, respondeu Tilda Swinton a um jornalista israelita.
São quase 40 anos de relação entre a atriz e a Berlinale. Tilda Swinton foi Presidente do Júri Internacional em 2009 e participado em 26 filmes do programa do festival, desde Caravaggio, que ganhou o Urso de Prata na Berlinale de 1986, A Praia (2000), Derek (2008), Julia (2008), O Jardim (1991) e Os Últimos e os Primeiros Homens (2020).
A atriz Tilda Swinton, galardoada com um Óscar da Academia, está há muitos anos estreitamente ligada ao Festival Internacional de Cinema de Berlim, tendo sido Presidente do Júri Internacional em 2009 e participado em 26 filmes do programa do festival, desde “Caravaggio”, que ganhou o Urso de Prata na Berlinale de 1986, “A Praia” (2000), “Derek” (2008), “Júlia – Uma Vida de Sombras“ (2008), “The Garden” (1991) e “Last and First Men“ (2020).