Argumentado e realizado por Tarik Saleh, “Cairo Conspiracy” estreou ontem (19/01) nos cinemas do brasileiros. A exibição é especial, pois, o longa de Saleh está na lista dos pré-indicados ao Óscar de Melhor Filme Internacional, representando a Suécia, e teve sua première mundial na competição principal do Festival de Cannes, de 2022, do qual saiu com o prémio de roteiro.
Segundo Saleh, a ideia para o filme surgiu quando estava relendo o romance “O Nome da Rosa”, clássico do italiano Umberto Eco (1932-2016), que se passa num mosteiro medieval. Ao ler a obra, Saleh perguntou-se:
“E se a história acontecesse no contexto muçulmano? Seria possível? Seria a mesma coisa que deixar uma criança brincar com fogo, mas, uma vez que esse pensamento me ocorreu, não conseguiria voltar atrás.”
Assim sendo, o personagem central da produção é Adam, interpretado pelo palestino Tawfeek Barhom (“Os árabes também dançam”), filho de um pescador num vilarejo que recebe uma bolsa de estudos na mais prestigiosa universidade do Cairo, Al-Azhar, o epicentro do poder do islamismo sunita. O Grande Imã da universidade, considerado a maior autoridade religiosa no Egito, acabou de morrer, e está ocorrendo o processo para a escolha de um novo homem para o cargo.

Nesse panorama, Saleh aponta que, do outro lado da rua, estão os quarteis de Segurança Nacional. “De um lado o poder religioso, e de outro, o poder do Estado, que precisa se certificar de que o novo escolhido compartilhe das mesmas ideias do governo, e, para isso, um oficial precisa encontrar um informante. E Adam acaba sendo o escolhido”.
Nesta obra, em especial, o realizador sueco está interessado no tido “Cinema de género”, aquele em que o realizador busca um contato direto com seu público. Para ele, o longa é um suspense que causará uma série de sensações e expectativas no público. Por esse ângulo, na ânsia de trazer a realidade à toda, Saleh atentasse a subverter tais expectativas, destruindo os clichês do género. De certo, isso pode até tornar o enredo uma Biga hitita desgovernada, mas no fundo esse é objetivo dele.
Em paralelo, o sueco ressalta que o longa não é uma crítica ao Islã, não é sobre expor segredos obscuros da religião, “mas é sobre compreender o poder do conhecimento – tanto como uma força libertadora ou aprisionadora. Eu queria fazer um filme sem julgamento. Sempre fui fascinado pela Universidade Al-Azhar e sua história.”

No mais, esse é o 6º. longa de Saleh, que tem no currículo, títulos como: “Contrato Perigoso”, além de episódios das séries americanas “Westworld” e “Ray Donovan”. Além de Barhom (“Os árabes também dançam”), o elenco inclui Fares Fares (“Crimes Ocultos”), Makram Khoury (“Westwing – Os bastidores do poder”) e Mehdi Dehbi (“O homem mais procurado”).
A lista final com os nomeados aos Óscares será divulgada a 24 de janeiro, e a premiação acontecerá a 12 de março.