Arranca hoje a 76.ª edição do Festival de Cannes, o maior festival de cinema do mundo a decorrer até 27 de maio, com a corte de Versailles. O filme de abertura, fora de concurso, é “Jeanne du Barry”, de Maïwenn, com a realizadora no papel de Madame du Barry e Johnny Depp no papel do rei francês Luís XV.
Esta é a sexta longa-metragem e a quarta obra na Selecção Oficial de Cannes que a realizadora e atriz francesa Maïwenn apresenta como filme de abertura. Filmado em filme 35mm, “Jeanne du Barry” é também o seu primeiro filme de época, durante o Iluminismo, sobre a ascensão e queda de Jeanne Vaubernier, uma mulher da classe trabalhadora que se infiltra na corte de Luís XV para se tornar amante favorita do rei, escandalizando a elite de Versailles.
Este é também o primeiro filme de Depp após o polémico e longo processo judicial que opôs Depp e Amber. Com banda sonora de Stephen Warbeck, o restante elenco é composto por Melvil Poupaud, Pierre Richard, Pascal Greggory, Noémie Lvovsky, Benjamin Lavernhe, India Hair, Marianne Basler, Robin Renucci, entre outros.
O certame arranca hoje, pelas 19h (em França), com a atriz Chiara Mastroianni como anfitriã da cerimónia de abertura no palco do Grand Théâtre Lumière do Palais des Festivals. O ator e produtor Michael Douglas estará presente na cerimónia para receber a Palma de Ouro em homenagem à sua carreira no cinema.
Veteranos regressam à Croisette
A seleção oficial desta edição trás de volta conceituados cineastas como Wes Anderson, Aki Kaurismaki, Kore-eda Hirokazu, Nanni Moretti, Alice Rohrwacher, Nuri Bilge Ceylan, Martin Scorsese, Ken Loach, Todd Haynes e Wim Wenders. A secção competitiva conta com 21 longas-metragens, das quais destacamos: “Asteroid City”, de Wes Anderson, “Fallen Leaves”, de Aki Kaurismaki, “Monster”, de Kore-eda Hirokazu, “Il Sol Dell’Avvenire”, de Nanni Moretti, “La Chimera”, de Alice Rohrwacher, “About Dry Grasses”, de Nuri Bilge Ceylan, “Firebrand”, de Karim Ainouz, “The Old Oak”, de Ken Loach, “Perfect Days”, de Wim Wenders, e “Qing Chun (Chun)”, de Wang Bing.
O programa deste ano demonstra também uma certa abertura no sentido de ser mais inclusivo, fazendo desta 76.ª edição a que tem maior representatividade de mulheres cineastas. Tendo sido criticada no passado por não incluir mulheres na sua programação, a organização do Festival de Cannes inclui agora seis filmes de mulheres: “Club Zero”, de Jessica Hausner, “Last Summer”, de Catherine Breillat, “Anatomie d’une chute”, de Justine Triet, “Banel et Adama”, de Ramata-Toulaye Sy e “Olfa’s Daughters”, de Kaouther Ben Hania. Destes, apenas Ramata-Toulaye Sy e Ben Hania são estreantes na competição oficial.
A Palma de Ouro será escolhida pelo júri, presidido pelo realizador sueco Ruben Östlund, a que se juntam: a realizadora marroquina Maryam Touzani, o ator francês Denis Ménochet, o argumentista e realizador anglo-zambiano Rungano Nyoni, a atriz e realizadora americana Brie Larson, o ator americano Paul Dano, o autor afegão Atiq Rahimi, o realizador e argumentista argentino Damián Szifron e a realizadora francesa Julia Ducournau.
Dos 69 filmes seleccionados na seleção oficial da 76.ª edição de Cannes, são vários os veteranos que regressam à Croisette: “Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho, “Killers of the Flower Moon”, de Martin Scorsese, “Cerrar los ojos”, de Victor Erice, “Bonnard Pierre et Marthe”, de Martin Provost, “Kubi”, de Takeshi Kitano, “Occupied City”, de Steve McQueen, “Men in Black”, de Wang Bing, e “Estranha Forma de Vida”, de Pedro Almodóvar.
“Indiana Jones e o Marcador do Destino”, de James Mangold, “Elemental”, de Peter Sohn, e “Abbé Pierre – Une vie de combats”, de Frédéric Tellier, são também algumas das estreias mais aguardadas desta edição.
Cinema português marca presença com nove filmes
A dupla João Salaviza e Renée Nader Messora regressa à secção Un Certain Regard, com “A Flor do Buriti”, rodado durante quinze meses na terra indígena Kraholândia, no Brasil, foca-se no povo indígena Krahô. Este é o segundo filme realizado em conjunto por Renée e João, que regressam a Cannes depois de em 2018 terem estreado o seu primeiro filme a dois “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, e onde receberam o Prémio Especial do Júri.
“Légua”, a mais recente longa-metragem realizada por Filipa Reis e João Miller Guerra, vai ter a sua estreia mundial na 55.ª Quinzaine des Cinéastes do Festival de Cannes, que decorrerá de 17 a 26 de Maio.
Com produção de Uma Pedro no Sapato, a acção “decorre numa antiga casa senhorial situada no norte de Portugal. Ali, Ana ajuda a sua amiga Emília, a velha governanta determinada em cuidar do casarão desocupado pelos donos que nunca lá vão. Acompanhando a mudança das estações, Mónica, filha de Ana, desafia as escolhas da sua mãe e estas três gerações de mulheres procuram compreender o seu lugar num mundo que se desvanece, onde o ciclo da vida apenas se renova a partir de finais inevitáveis.”
“Corpos Cintilantes”, a primeira obra de Inês Teixeira, estará presente na 62.ª edição da Semana da Crítica do Festival Cannes. A curta-metragem, produzida pela Terratreme Filmes, “explora um momento particular na vida de Mariana, uma jovem de 16 anos interpretada por Maria Abreu, que, ao ser convidada para passar um fim-de-semana em Leiria, em casa do seu colega Jorge, começa a olhar para ele de outra forma.”
Outras produções nacuonais a serem exibidas em Cannes 2023 é a curta-metragem de nove minutos, “As Filhas do Fogo”, de Pedro Costa, nas Sessões Especiais, que regressa à Croisette após “Ne Change Rien” (2009), e “Eureka”, do realizador argentino Lisandro Alonso, com produção da Rosa Filmes, tem estreia marcada para 19 de maio na Seleção Oficial – Cannes Première.
Há três coproduções portuguesas a estrear no programa de residências “La Factory des Cinéastes”, da Quinzena, da produtora portuguesa Bando à Parte juntamente com a francesa DW Production: “O Espinho”, de André Guiomar e Mya Kaplan (Israel); “As Gaivotas Cortam o Céu”, de Mariana Bártolo e García López (Espanha); “Maria”, de Mário Macedo e Dornaz Hajiha (Irão). Este programa visa o surgimento de novos talentos no cenário internacional, permitindo que quatro duplas recém-formadas (um realizador regional associado a um diretor internacional) co-realizem um filme.
“Nome”, do cineasta da Guiné-Bissau Sana Na N’Hada, foi selecionado para a seção ACID. Esta longa-metragem é uma coprodução da Guiné-Bissau, França, Angola e a produtora portuguesa LX Filmes.