25 de Abril

DocLisboa 2024: “Por ti, Portugal, eu juro!”, filme sobre os comandos africanos do Exército português, estreia no festival

Integrado na secção secção “Da Terra à Lua”, o documentário realizado por Sofia de Palma Rodrigues e Diogo Cardoso tem estreia mundial na 22.ª edição do DocLisboa, que acontece entre 17 e 27 de outubro de 2024, em vários locais da capital.
"Por ti, Portugal, eu juro!" (2024), de Sofia de Palma Rodrigues e Diogo Cardoso "Por ti, Portugal, eu juro!" (2024), de Sofia de Palma Rodrigues e Diogo Cardoso
Joaquim Boquindi Mané, furriel da 1.ª Companhia de Comandos Africanos da Guiné - "Por ti, Portugal, eu juro!" (2024), de Sofia de Palma Rodrigues e Diogo Cardoso

“50 anos depois do 25 de Abril de 1974, os comandos africanos da Guiné dizem-se traídos por Portugal” e contam pela primeira vez a sua história num documentário intitulado de “Por ti, Portugal, eu juro!”, com realização de Sofia de Palma Rodrigues e Diogo Cardoso, que será apresentado na 22.ª edição do Festival DocLisboa.

Através de imagens de arquivo e de entrevistas a estes guineenses “que passaram de heróis a vilões e não couberam no ringue onde se narra a História”, o filme tenta dar voz a estes comandos africanos da Guiné, contando pela primeira vez a sua história.

Produzido pela Divergente, revista digital de jornalismo narrativo, criada em 2014, o filme resulta de uma premiada investigação jornalística que conta a história dos Comandos Africanos da Guiné, uma tropa de elite que arriscou a vida por uma pátria que a abandonou depois da Guerra Colonial.

Segundo informam os jornalistas da Divergente em comunicado, a “Guiné foi a única colónia portuguesa com uma tropa de elite unicamente composta por africanos negros”. Estes comandos Africanos foram criados em 1971, pelo então Governador António de Spínola, e “foram obrigados a cumprir o serviço militar obrigatório no Exército português.” Altamente treinados, estes homens “tomavam a dianteira da tropa metropolitana nos combates no mato” e passados 50 anos depois da Revolução dos Cravos, continuam a dizer-se “traídos e abandonados pelo Estado Português”, reivindicando “o direito à cidadania e o pagamento das pensões de reforma e invalidez prometidas por Portugal no Acordo de Argel, no qual o país reconhece a Independência da Guiné-Bissau”.

“Estes guineenses que lutaram pelo regime colonial, e até 1974 eram cidadãos portugueses, não têm voz na narrativa histórica contada por nenhum dos lados desta guerra: nem de Portugal como país colonizador, nem do PAIGC como partido fundador da nação da Guiné-Bissau. O PAIGC fala destes homens como “monstros”; Portugal refere-os como heróis, mas nunca os reconheceu como tal. Entre estas duas narrativas oficiais, estão pessoas que vivenciaram em primeira mão aquele que é um dos maiores crimes cometidos pelas potências coloniais em África: a africanização das guerras.”, declaram os realizadores.

“Por ti, Portugal, eu juro!” chegará às salas de cinema nacionais a 7 de novembro.

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