Não foi somente a componente híbrida da organização do evento da edição deste ano que caracterizou o Festival de Locarno, houve parte da programação online a par da presença física na Suíça italiana. A par de algumas exibições de filmes de grande distribuição terem virado os holofotes para o Festival, Locarno não deixou de apresentar e premiar filmes de múltiplas origens, não perdendo, portanto, o seu carácter cinematográfico multicultural.
Sob holofotes, o Festival abriu com a longa “Beckett”, de Ferdinando Cito Filomarino, e que será distribuída pela Netflix, também a longa “Free Guy – Herói Improvável” de Shawn Levy, teve o seu momento mediático, e contou com um discurso gravado de Ryan Reynolds, protagonista e produtor do filme.
Por outro lado, houve igualmente agenda para exibições mais inéditas e aguardadas pelo público como “Vortex” de Gaspar Noé (“Irreversível” e “Clímax”); “Paradis sale” de Bertrand Mandico; “Al Naher” do libanês Ghassan Salhab (“Phantom Beirut”); “I Giganti” de Bonifacio Angius (“Perfidia”); “Jiao ma tang hui” do chinês Qiu Jiongjiong; “Luzifer” do austríaco Peter Brunner; “Les démons de Dorothy” do francês Alexis Langlois; “Zeros and Ones” de Abel Ferrara (“Os Viciosos” e “Tommaso”); “Petite Solange” de Axelle Roppert, entre outras.
E o Brasil esteve na competição internacional PARDI DI DOMANI com os curtas “A Máquina Infernal” de Francis Vogner dos Reis, e “Fantasma Néon” de Leonardo Martinelli (“Copacabana Madureira” e “O Prazer de Matar Insetos”), que arrecadou o Prémio Leopardo de Ouro para a melhor curta-metragem internacional. Nesta mesma secção, “Les démons de Dorothy”, de Alexis Langlois, arrecadou o Leopardo de Prata.
Na competição constituída por produções suíças, PARDI DI DOMANI: CONCORSO NAZIONALE, o Leopardo de Ouro foi para “Chute” de Nora Longatt; e a produção “Es Muss” de Flavio Luca Marano, Jumana Issa recebe o prémio de Melhor Produção Suíca emergente.
O tão esperado Leopardo de Ouro do CONCORSO INTERNAZIONALE da 74.˚ Edição foi para a comédia “Seperti Dendam, Rindu harus Dibayar Tuntas” (“Vengeance Is Mine, All Others Pay Cash”) (Indonésia, Singapura, Alemanha) de Edwin, realizador indonésio. O Prémio Especial de Júri foi para “Jiao ma tang hui” de Qiu Jiongjiong; e a Menção Especial do Júri foi para “Soul of a Beast” (Suíça) de Lorenz Merz, e “Espíritu Sagrado” (Espanha, Franla, Turquia) de Chema García Ibarra.
A Melhor Realização foi atribuída a Abel Ferrara, que se apresentou com o filme “Zeros and Ones” (Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos). O filme, que teve estreia mundial neste Festival, elege Roma como cidade, e Ethan Hawke para desempenhar o soldado americano que, numa jornada de suspense, combate um inimigo desconhecido, numa guerra ao terror.
O Leopardo de Ouro para Melhor Actriz foi para Anastasiya Krasovskaya, no filme “Gerda” (Russia), de Natalya Kudryashova. O Leopardo de Ouro para Melhor Actor foi para Mohamed Mellali e Valero Escolar, com o filme “Sis dies corrents” (The Odd-job Men) (Espanha), de Neus Ballús.
Na categoria CONCORSO CINEASTI DEL PRESENTE, o Leopardo de Ouro foi para “Brotherhood” (República Tcheca, Itália) de Francesco Montagner; e o Prémio de Melhor Realizador emergente foi para Hleb Papou, que se apresentou com a longa “Il Legionario” (Itália, França).
De relembrar a presença portuguesa no Festival, sem prémios neste ano, a curta de Salomé Lamas, “Hotel Royal”, incluída na secção Pardi di domani: Concorso Corti d’autore; a nova longa-metragem de Joaquim Pinto e Nuno Leonel, “Pathos Ethos Logos”, foi apresentada fora de concurso; e estreou “Távola de Rocha”, um documentário de Samuel Barbosa, sobre o cineasta Paulo Rocha.
A actriz Leonor Silveira estava entre os jurados da competição internacional, a par de Eliza Hittman, Kevin Jerome Everson, Isabella Ferrari, e Philippe Lacôte (realizador do recém-estreado “A Noite dos Reis”).
A próxima edição decorrerá de 3 a 13 de Agosto de 2022.