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Filmin estreia em exclusivo 32 filmes restaurados de Ingmar Bergman

A partir desta quinta-feira, dia 12 de junho, clássicos e inéditos do mestre sueco estarão disponíveis na plataforma
Ingmar Bergman Ingmar Bergman
Foto: Douglas Kirkland/Corbis via Getty Images

A partir de 12 de Junho, a Filmin apresenta ao público uma oportunidade única: revisitar, ou mesmo conhecer pela primeira vez, a obra monumental de Ingmar Bergman através de uma colecção de 32 filmes restaurados. Esta não é apenas uma retrospectiva, mas uma verdadeira imersão no universo de um cineasta que elevou o cinema a uma linguagem filosófica, íntima e profundamente humana.

Entre os destaques, o público poderá assistir a clássicos como “O Sétimo Selo” (1957), “Morangos Silvestres” (1957), “Fanny e Alexandre” (1982), “Lágrimas e Suspiros” (1972), “Cenas da Vida Conjugal” (1973) e o enigmático “A Máscara” (1966).

A mostra recupera ainda obras nunca lançadas comercialmente em Portugal, agora disponíveis em versões restauradas, como “Cidade Portuária” (1948), “A Sede” (1949), “Mulheres que Esperam” (1952) e “Depois do Ensaio” (1984).

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Além desses, a selecção inclui também obras-primas como “Mónica e o Desejo” (1953), “A Hora do Lobo” (1968), “Luz de Inverno” (1963), “O Rosto” (1958), “A Fonte da Virgem” (1960), “O Silêncio” (1963), “Ritual” (1969), “Uma Luz nas Trevas” (1948), “A Flauta Mágica” (1975), “Sorrisos de Uma Noite de Verão” (1955) e outros filmes incontornáveis do legado bergmaniano.

Filmes icónicos

Bergman filmou como quem interroga o silêncio, o divino, o amor e o medo. Em “O Sétimo Selo” (1957), por exemplo, onde a célebre partida de xadrez entre um cavaleiro e a Morte transcende o simbolismo medieval, ousou indagar a fé e o vazio num mundo devastado.

No mesmo ano, “Morangos Silvestres” transformou uma simples viagem num acerto de contas com o passado, a memória e a fragilidade do tempo.

Em “Fanny e Alexandre” (1982), fundiu o maravilhamento da infância aos fantasmas da história familiar, assinando um dos seus trabalhos mais luminosos e ao mesmo tempo mais melancólicos, onde o real e o imaginário se confundem com uma naturalidade rara. Já “Lágrimas e Suspiros” (1972), talvez a sua obra mais austera e lancinante, expôs o corpo que sofre, o silêncio entre irmãs e a presença iminente da morte.

No icónico “Cenas da Vida Conjugal” (1973), desnudou a intimidade matrimonial com uma crueza tão exacta que ainda hoje desconcerta. “A Máscara” (1966), possivelmente o seu filme mais inquietante, apresentou o confronto entre duas mulheres que se refletem, se anulam e se confundem, numa espécie de mise-en-abîme sobre identidade, linguagem e desejo.

Ingmar Bergman

Os filmes de Ingmar Bergman são imediatamente reconhecíveis pela criação do seu próprio universo cinematográfico, à semelhança de cineastas como Wes AndersonTim BurtonStanley Kubrick e Alfred Hitchcock.

Através de cenários recorrentes, temas profundos, personagens complexas, dispositivos estilísticos e colaborações constantes com actores e equipas de filmagem, Bergman desenvolveu um estilo único que quase se tornou um género em si mesmo. Enquanto Hitchcock personifica o thriller psicológico supremo, Bergman é reconhecido como o mestre do drama existencial e filosófico de relacionamentos.

Bergman escreveu o seu primeiro argumento no final da Segunda Guerra Mundial e começou a realizar os seus próprios filmes nos anos do pós-guerra. Estilisticamente, os seus filmes frequentemente (mas não sempre) incorporam as técnicas narrativas do cinema “clássico”, acrescentando dispositivos estilísticos “modernos”.

Ao longo do tempo, seus filmes tornaram-se referências no cinema de arte. Em uma época em que o cinema buscava reafirmar sua legitimidade, o sueco provou que a sétima arte podia ir além do simples entretenimento, alcançando o status de verdadeira expressão artística.

A sua influência foi tão profunda que o desenvolvimento dos estudos de cinema como disciplina académica no final dos anos 1960 é, em grande parte, atribuído à sua obra. Os seus filmes, que mergulham na psique humana e nas angústias existenciais, proporcionam um vasto

“Ingmar Bergman – A Vida e Obra do Génio”

Para acompanhar a colecção, a plataforma apresenta também o documentário estreado em Cannes, “Ingmar Bergman – A Vida e Obra do Génio”da premiada realizadora Margarethe von Trotta.

A realizadora observa de perto a vida e obra de Bergman e explora o seu legado cinematográfico, indo ao encontro de colaboradores próximos do realizador, à frente e atrás das câmaras, assim como da nova geração de cineastas e ainda familiares.

O documentário apresenta cenas-chave, aborda temas recorrentes dos seus filmes e da sua vida, e viaja até alguns dos lugares que marcaram a sua conquista criativa, paisagens míticas dos seus filmes, e várias estações da sua carreira na Suécia, França e Alemanha.