Já é conhecido o programa completo da 21.ª edição do IndieLisboa, que acontece de 23 de maio a 2 de junho, nas salas habituais – Culturgest, Cinemateca Portuguesa, Cinema Ideal, Cinema Fernando Lopes, Cinema São Jorge e Piscina Municipal da Penha de França.
A edição deste ano pretende refletir sobre o estado do mundo, no presente, mas também olhar para o passado para celebrar os 50 anos da Revolução do 25 de Abril, precisamente com uma retrospetiva de homenagem às campanhas de dinamização cultural e acção cívica do Movimento das Forças Armadas (MFA), “com a exibição de alguns dos filmes que foram mostrados nessas campanhas, de autores como Cinda Firestone e o Grupo SLON de Chris Marker, contextualizadas com as reportagens da RTP feitas à época, que mostram um país efervescente.”
Haverá ainda outra retrospetiva, dedicada à obra urgente de Kamal Aljafari, realizador e artista visual palestiniano, com a exibição de dez filmes seus. A secção Director’s Cut, explora reflexões sobre cinema, filmes recuperados e recontextualizados, num diálogo constante entre passado e presente, e inclui filmes de Pedro Sena Nunes, Chantal Akerman ou Tereza Trautman.
“I’m Not Everything I Want to Be”, de Klára Tasovská, da secção Rizoma, será o filme de abertura do IndieLisboa 2024, no dia 23 de maio, às 19h, no Cinema São Jorge. “Libuše Jarcovjáková, já apelidada de “Nan Goldin da Checoslováquia”, encontra-se num ambiente sufocante depois da Primavera de Praga de 1968. Há poucos locais onde se pode expressar livremente ou explorar a sua sexualidade. A câmara como companheira constante — e a origem do material do filme, composto pelas suas inúmeras fotografias e excertos dos seus diários — captura a ida dela para Berlim Ocidental, escapar para Tóquio, e o regresso à Europa.”

Caberá à comédia musical “Dream Scenario”, de Kristoffer Borgli, a honra de encerrar o festival, agendado para o dia 2 de junho, pelas 21h30, na Culturgest, no Auditório Emília Rui Vilar. Protagonizado por Lily Bird, Nicolas Cage e Julianne Nicholson, esta comédia negra da produtora americana A24 conta a história de “um professor de biologia perfeitamente banal, a surgir nos sonhos de muitas outras pessoas. Ao ponto de se tornar famoso e, depois, ao ponto de se tornar infame.”
A Competição Nacional conta este ano com 8 longas metragens e 18 curtas, “num equilíbrio saudável entre cineastas que regressam ao festival e outros que por cá se estreiam. Esta secção celebra este ano um número recorde de títulos a concurso e um conjunto de cineastas particularmente vibrante, bem como um gesto de questionamento permanente da história — e do país — através de uma expressão artística explícita.”
Dos 24 filmes em competição, 11 são realizados por mulheres, como é o caso de “Mãos no Fogo”, de Margarida Gil, “Banzo”, de Margarida Cardoso, ou “O Melhor dos Mundos”, de Rita Nunes. Estes dois últimos são estreias mundiais.
Rizoma, é a nova secção do festival, “que apresenta um conjunto de filmes que pretende trabalhar questões relevantes da actualidade, cineastas de renome, e ante-estreias. Um programa mobilizador e que oferece uma perspectiva crítica sobre o presente em torno do cinema como reflexão e debate.” Destaque para “Pedágio”, de Carolina Markowicz, “I’m Not Everything I Want to Be”, de Klára Tasovská, e “All of us Strangers”, de Andrew Haigh. (uma primeira exibição em Portugal, estando apenas disponível no país em streaming).

A secção Silvestre, que cruza “a ficção, documentário, animação e cinema experimental e não discrimina entre jovens talentos e nomes mais consagrados”, apresenta 8 longas e 14 curtas, dos quais se destacam: “La Chimera”, de Alice Rohrwacher, que viaja entre o realismo e a fantasia, a comédia e a seriedade; “Mambar Pierrette”, de Rosine Mbakam, que acompanha “uma costureira dos Camarões, mãe de três filhos, com um marido que não ajuda nas despesas, uma máquina que tem de reparar e clientes que regateiam o preço das indumentárias que cria. As adversidades vão-se acumulando — não é por acaso que, quando recebe um pagamento, diz que está a receber oxigénio. Mas, apesar de tudo, ainda terá de mostrar a real força da sua resiliência quando sucede uma tragédia.”; ou “Cidade Campo”, de Juliana Rojas, que “lida com a estranheza e inquietação das migrações, neste caso do campo para a cidade e vice-versa, e com todas as vicissitudes que as mudanças acarretam. Mas tudo isto também abre a porta da memória e dos fantasmas que trazemos connosco, andemos por onde andarmos. Arthur, um jovem arqueólogo inglês, acaba envolvido com uma rede internacional de artefactos roubados.”
Já a Competição Internacional, composta por 12 longas e 34 curtas que reflectem a procura de linguagens estéticas e formais inovadoras, assim como o esbater de fronteiras entre géneros e cânones, é uma secção que pretende ser uma reflexão sobre o estado do mundo, agora.
Destaque ainda para “25 Canções de Abril” (1977), de Luís Gaspar, “As Fado Bicha”, de Justine Lemahieu, “Ricardo Martins: Ressoar”, de Carlos Miranda, ou “Soundtrack to a Coup D’Etat”, de Johan Grimonprez, que compõe a secção IndieMusic.