Udo Kier, actor alemão e figura de culto que trabalhou com Andy Warhol, Kleber Mendonça Filho, Gus Van Sant, Werner Herzog, Rainer Werner Fassbinder, Lars von Trier e Madonna, morreu na manhã de domingo (23). A notícia foi confirmada pelo seu companheiro, o artista Delbert McBride. Kier tinha 81 anos.
A carreira de Kier ultrapassou os duzentos filmes, e as suas colaborações com Warhol permanecem entre as mais celebradas. O actor protagonizou “Flesh for Frankenstein” (1973) e “Blood for Dracula” (1974), realizados por Paul Morrissey e produzidos por Warhol. Ambos revêem, de forma subversiva e sensual, o imaginário clássico dos monstros de Hollywood. As interpretações de Kier nos papéis principais tornaram-se marcantes pela mistura de assombro, excentricidade e humor involuntário.
O reconhecimento internacional consolidou-se ao longo de duas décadas de trabalho na Europa, período em que colaborou com o célebre realizador e argumentista Rainer Werner Fassbinder em filmes como “Bolwieser”, “Die Dritte Generation” e “Lili Marleen”. Kier conheceu Gus Van Sant no Festival de Berlim e atribui ao realizador o apoio que lhe permitiu obter o visto de trabalho norte-americano e integrar o SAG (Screen Actors Guild).
Em 1991, Gus Van Sant apresentou-o ao grande público dos Estados Unidos com “A Caminho de Idaho”, inspirado livremente em “Henrique IV”, de Shakespeare. Kier contracenou com River Phoenix e Keanu Reeves num papel secundário que reforçou a sua presença no cinema independente norte-americano.
Foi também nos anos 90 que se estreitou a sua colaboração com Lars von Trier. Depois de “Epidemia”, no final da década de 80, Kier participou em “Europa” (1991) e, nos anos seguintes, em diversos episódios da série “O Reino”. A parceria estendeu-se a filmes como “Ondas de Paixão”, “Dancer in the Dark”, “Dogville”, “Melancolia” e “Ninfomaníaca: Volume II”.

