O ator estadunidense James Caan, o eterno Sonny Corleone, da icónica trilogia “O Padrinho”, do potente Francis Ford Coppola, morreu na noite desta quarta-feira (6), aos 82 anos. A informação foi confirmada pela conta oficial de Caan no Twitter. A causa da morte ainda não foi informada. Confira o comunicado abaixo.
It is with great sadness that we inform you of the passing of Jimmy on the evening of July 6.
The family appreciates the outpouring of love and heartfelt condolences and asks that you continue to respect their privacy during this difficult time.
End of tweet
— James Caan (@James_Caan) July 7, 2022
“É com grande tristeza que informamos a vocês a morte de Jimmy (apelido de James) na tarde de 6 de julho. A família aprecia as demonstrações de amor e condolências e pede que vocês continuem a respeitar a privacidade deles durante este período difícil”, informa a nota.
Pauli Poisuo, do grupo Static Media, destaca que Caan estava entre as presenças mais proeminentes da tela de sua geração e sua propensão para retratar personagens duros lhe rendeu papéis clássicos como Sonny Corleone em “O Padrinho” (1972) e Frank em “Raízes da Ambição” (1978). No entanto, ele foi capaz de interpretar uma grande variedade de papéis, e sua memorável atuação como o escritor ferido Paul Sheldon, ao lado da fã perturbada de Kathy Bates, Annie Wilkes, em “Misery – O capítulo final” é um exemplo estelar de sua nuance – o longa de Rob Reiner rendeu o Óscar de Melhor Atriz à Kathy Bates.
Meus papéis favoritos de Caan são Professor Seaboldt, do denso, marcante e inesquecível “O Substituto”, do inovador Tony Kaye – filme considerado o melhor desempenho de Adrien Brody depois de “O Pianista”, Sr. Henry, do excêntrico “Bottle Rocket” – primeiro longa-metragem de Wes Anderson, e Jonathan E, no distópico “Os Gladiadores do Século XXI”, de Norman Jewison.
Vida pregressa:
Nascido em 1940 no Bronx, Caan entrou em Hollywood com a força de sua boa aparência antes de ficar claro que ele era um ator sério. Seus pais eram imigrantes judeus da Alemanha, e ele inicialmente se cruzou com Coppola enquanto ambos eram estudantes da Universidade Hofstra de Long Island. Lá, ele se interessou por atuar e finalmente se transferiu para a Neighborhood Playhouse School of the Theatre de Nova York. Ele apareceu em peças off-Broadway e pequenos papéis na TV antes de fazer sua estreia no filme de Billy Wilder de 1963 “Irma La Douce” (via Indie Wire).
Início da trajetória profissional
Christian Blauvelt, do Indie Wire, recorda que o primeiro papel principal de Caan foi em “Faixa Vermelha 7000”, de Howard Hawks, um drama de corrida de stock car. Entretanto, Blauvelt enfatiza que o maior sucesso inicial de Caan foi sem dúvida em “El Dorado”, também de Howard Hawks. O faroeste de 1966 estrelou John Wayne e Robert Mitchum, e o papel existia principalmente para mostrar a aparência de ídolo de matinê de Caan e o senso discreto de legal. Blauvelt ressalta que o personagem de Caan em “Mississippi” é basicamente apenas uma repetição do “Colorado” de Nelson de “Rio Bravo”, exceto que “Mississippi” é um atirador de facas experiente.
Segundo Christian Blauvelt, do Indie Wire, foi Coppola quem primeiro permitiu que Caan realmente se esforçasse como um jogador de futebol com lesão cerebral em seu drama de 1969 “Caminhos Mal Traçados”.
Para Blauvelt, a seleção de tipos poderia ter seguido, porque seu próximo papel imediatamente após aquele foi como um jogador de futebol moribundo em “Glória e Derrota”, de 1971, no qual ele interpretou o personagem-título, Brian Piccolo, um meia-atacante do Chicago Bears da vida real que foi diagnosticado com doença terminal. câncer logo após se tornar profissional.
Christian Blauvelt frisa que o filme também levantou o perfil de um jovem Billy Dee Williams que interpretou o lendário Gale Sayers, e a história é contada através das lentes da amizade de Sayers com Piccolo. O filme é considerado um dos melhores filmes feitos para a TV já exibidos por uma rede de transmissão e o definitivo filme “cara chora”.
Balanço da trajetória profissional
Caan brilhou em “O Jogador” de Karel Reisz, “Funny Lady” de Herbert Ross (ele era apreciado mesmo que o filme não fosse, e certamente foi um sucesso), “Os Gladiadores do Século XXI” de Norman Jewison, no épico da Segunda Guerra Mundial do barão Richard Attenborough “Uma Ponte Longe Demais”, em “Raízes da Ambição” de Alan J. Pakula e “Capítulo Segundo” de Robert Moore.
Christian Blauvelt, do Indie Wire, pontua que Caan tinha aquela rara habilidade de ser uma estrela de cinema com a alma de um ator. E esses presentes nunca foram mais claros do que em “Thief”, de Michael Mann, que Caan disse ser o filme do qual ele mais se orgulhava, além de “O Padrinho”.
Blauvelt lembra que uma de suas partes mais infames foi o personagem Paul Sheldon em “Misery – O capítulo final”, no qual ele passa a maior parte do filme deitado na cama enquanto sua enfermeira/fã obsessiva Annie Wilkes (Kathy Bates) o atormenta até ele reescrever o final de sua série de livros. Por causa da natureza sem glamour do papel, muitos atores em Hollywood o recusaram. Mas Caan aceitou, ainda mais notável por causa de quantos papéis de filmes clássicos ele próprio recusou.
De acordo com o TV Guide, ele recebeu papéis em filmes clássicos como: “Voando sobre um Ninho de Cucos”, “Encontros Imediatos de Terceiro Grau”, “Kramer vs. Kramer”, “Blade Runner”, “Apocalypse Now” e até “Superman: O Filme”. Do último, ele disse ao The Washington Post: “Eu não queria usar a capa”.
James Caan estava ciente de sua reputação como retrato de homens durões e, em uma entrevista de 2021 ao The Independent, observou que às vezes achava o nicho difícil de engolir.
“Eu sempre fui escalado como Senhor Durão ou Senhor Herói”, disse ele. “Eles não me deixaram fazer muito mais.”
Analisando a entrevista, Pauli Poisuo, do grupo Static Media, observou que a entrevista inteira pintou o retrato de uma velha estrela de Hollywood no fim de sua carreira, refletindo sobre os caminhos que ele percorreu na indústria e como ele pode ter se sentido rotulado por tipo.
“Eu realmente gostaria de ter um Óscar”, lamentou, com honestidade característica. “Mas ouça, aqui está o que você precisa saber. Número um: qualquer um que tenha câncer [em um filme] automaticamente ganha o Oscar daquele ano. Número dois: pareço amargurado, e sou!”, declarou Caan ao The Independent.
O Padrinho
Uma morte extravagante o aguardava em “O Padrinho”. Seu Sonny Corleone era o herdeiro aparente de Don Vito de Marlon Brando, exceto por seu pavio curto, que resultou em ele ser morto a tiros em um pedágio nos arredores de Long Beach, Nova York. A crueza do personagem, o carisma do personagem e uma cena de sexo bastante quente e pesada (que resultou na existência do personagem de Andy Garcia de “O Padrinho III”) e o fato de que foi, por um tempo, o filme de maior bilheteria já feito, bem como o vencedor de Melhor Filme, o catapultou para a lista A absoluta de Hollywood. Ele foi indicado ao Óscar de Melhor Ator Secundário pelo papel, contra os colegas de elenco Robert Duvall e Al Pacino. Todos eles perderam, com o prémio indo para Joel Gray por “Cabaret” (por Indie Wire).
Fechamento de trajetória
Christian Blauvelt, do Indie Wire define que existe um universo alternativo onde Caan poderia ter tido as carreiras de Jack Nicholson e Harrison Ford. Mas ele seguiu seu próprio caminho.
Tanto que, na década de 1990, sua carreira começou a desacelerar o suficiente para que ele se casse quatro vezes e tivesse cinco filhos, incluindo o ator Scott Caan, nesse período, os papéis de salário passaram a definir sua produção até seus últimos dias.
Mas um desses papéis de salário é sem dúvida um dos papéis mais amados de sua carreira, e um estudo de personagem por si só: como Walter Hobbs, o editor de livros infantis que descobre que é pai de um fabricante de brinquedos de trinta e poucos anos do Pólo Norte em “Elf – O Falso Duende”, o personagem era rabugento, mas no final das contas gentil, um toque de amargo para evitar que o filme se tornasse muito doce.
Para aqueles que atingiram a maioridade nos anos 2000, é discutível que esse papel pode ser o que mais ressoa. Como comentei acima, ele também se destacou em “O Substituto”, do inovador Tony Kaye e em “Bottle Rocket” primeiro longa-metragem de Wes Anderson.