Oito meses após o comunicado feito pela associação MUTIM – Mulheres Trabalhadoras das Imagens em Movimento a criticar a composição dos júris dos concursos de apoio promovidos pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), um novo comunicado foi enviado na última quarta-feira a lamentar que pouco mudou – e o que mudou, foi para pior.
Após desistências e substituições na formação de um novo júri, a associação deparou-se com “um facto alarmante”: “foram nomeados 14 novos jurados, dos quais apenas uma é mulher. Seis mulheres foram substituídas por seis homens, aumentando ainda mais a desigualdade nas composições dos júris que avaliam as candidaturas a financiamentos”, declara a MUTIM em comunicado. Nesta nova composição, 61% dos jurados são homens, enquanto 39% são mulheres. Na constituição anterior, o júri era composto por 56% de homens e 44% de mulheres.
Entre os júris dos concursos, a MUTIM destaca as seguintes assimetrias: Escrita e Desenvolvimento de Obras de Audiovisual e Multimédia, com cinco homens jurados e nenhuma mulheres juradas; e os concursos Primeiras Obras Longas-Metragens Ficção, 2.º Longas-Metragens de Ficção, 2.º Documentários Cinematográficos, Produção de Obras Audiovisuais e Multimédia – Ficção/Documentário, cada um com quatro homens jurados e uma mulher jurada.
Num momento em que são revistos os regulamentos dos concursos de apoio, em que é preparada a declaração de prioridades do ICA, e em que é elaborado um novo Plano Estratégico para o setor, a associação reforça que a igualdade de género e a diversidade “não podem continuar a ser ignoradas”. No comunicado, a MUTIM compromete-se com a defesa de “um setor mais plural e justo”, e acredita “que um olhar diverso – em género, cor, geografia e classe – nas avaliações das candidaturas contribuirá não apenas para o enriquecimento das produções de cinema e do audiovisual em Portugal, como para a diversidade dos seus conteúdos”.
O ICA respondeu ao Público que, apesar de ter como desígnio a paridade de género, “por falta de correspondência por parte das personalidades convidadas, não tem tido o efeito desejado”. À agência Lusa, o ICA informou que, entre as medidas para promover a igualdade de género, tem já em execução “majorações nalguns concursos de apoio, para candidaturas apresentadas por mulheres ou cuja equipa técnica e artística, maioritariamente, composta por mulheres”.
Fonte Público: https://www.publico.pt/2024/10/31/culturaipsilon/noticia/ano-ha-menos-paridade-juris-instituto-cinema-audiovisual-2110019