A curta-metragem de animação “Sex Relish (a Solo Orgasm)”, da cineasta francesa Ananda Safo, foi a grande surpresa da 9.ª edição do Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival, que terminou no passado domingo, ao vencer o prémio do Júri de Melhor Curta.
Os prémios foram anunciados no Cinema São Jorge, em Lisboa, na cerimónia de encerramento, onde foi projectado o filme “Under the Fig Trees”, de Erigi Sehiri, candidato tunisino aos Óscares.
O júri para Melhor Curta-Metragem, composto por Ana Martins, Fátima Chinita e Joana Silva de Sousa, atribuiu o prémio à animação de Ananda Safo, por ser “uma ode ao prazer sexual da mulher, numa viagem visual alucinante por diferentes visões estéticas do prazer, representadas por diferentes estilos de animação. Várias vozes femininas transportam-nos para um mundo absolutamente íntimo e simultaneamente universal. Um filme que é um elogio à liberdade feminina, de visionamento obrigatório para mulheres e homens.”
Foram também atribuídas duas menções honrosas a “Tutú”, de Lorenzo Tiberia (Itália) por ser “uma história tocante e realista sobre a anorexia, transmitindo de modo claro, e numa estética primorosa e dramaturgicamente coerente, a luta interna de quem a vive e de quem a rodeia”; e a “Warsha”, da libanesa Dania Bdeir, que segundo o júri “é uma narrativa surpreendente sobre a liberdade de expressão individual, capaz de mostrar de uma forma minimalista a riqueza emocional do protagonista através de um exímio trabalho estético”.
O prémio da secção Travessias foi atribuído ao filme “Room Without a View”, de Roser Corella, que segundo o júri (constituído por Inês Lourenço, Giulia Daniele e Aline Flor) trata-se de um “filme que retrata a sociedade libanesa a partir do seu espaço mais íntimo: a casa. Com delicadeza, empatia e força política, a realizadora expõe uma forma de escravatura muitas vezes escondida em diferentes contextos do mundo, não apenas no Líbano”.
O prémio do Público foi para a curta-metragem “Erasmus em Gaza”, de Chiara Avesani e Matteo Delbò (Espanha) e para a longa “Scheherazade’s Diary”, de Zeina Daccache (Líbano).
A curta de escola portuguesa “Mesa Posta”, de Beatriz de Sousa, venceu o Prémio INATEL, um prémio novo nesta edição que premiou a melhor curta de escola portuguesa.
“‘Em “Mesa Posta’, a violência e a brutalidade de toda uma vida são postas, com requinte, em cima de uma mesa, numa história narrada através da beleza e da graciosidade de objectos do quotidiano. Um filme muito bem construído cenicamente, e que resulta numa espécie de peça de teatro onde os protagonistas são objectos que dançam conduzidos pela voz da narradora.”, comentou o júri.
O Festival Olhares do Mediterrâneo, o primeiro e mais antigo festival de cinema no feminino em Portugal, e o único dedicado à cinematografia da bacia do Mediterrâneo, regressa em 2023 para a sua 10.ª edição.
Melhor Curta-Metragem
Sex Relish (a Solo Orgasm), de Ananda Safo (França)
Menção Honrosa
Tutú, de Lorenzo Tiberia (Itália)
Warsha, de Dania Bdeir (Líbano)
Prémio Travessias
Room Without a View, de Roser Corella (Áustria, Alemanha, Líbano)
Menção Honrosa
Mehret Goes East, de Cécil Chaignot (França)
Prémio Começar a Olhar
Lia, de Giulia Regini (Itália)
Menção Honrosa
Stagnant Water, de Coraline Zorea (Israel)
Half Time, de Anaïs Baseilhac (França)
Prémio INATEL
Mesa Posta, de Beatriz de Sousa (Portugal)
Prémio do Público
Curtas
Erasmus em Gaza, de Chiara Avesani e Matteo Delbò (Espanha)
Longas
Scheherazade’s Diary, de Zeina Daccache (Líbano)
Fonte: Olhares do Mediterrâneo