Segundo avançou o Deadline, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas decidiu reverter a medida, anunciada no passado dia 13 de fevereiro, de remover as quatro categorias (Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Curta-metragem em Imagem Real e a de Melhor Maquilhagem e Penteados) durante os intervalos. Ou seja, os vencedores das 24 categorias dos Óscares serão premiados durante a transmissão em direto, sem cortes.
Esta decisão surge depois de mais de 100 personalidades ligadas ao cinema terem subscrito uma carta dirigida à Academia a protestar contar os planos da organização da cerimónia dos Óscares, que consistia em eliminar quatro categorias da transmissão televisiva, com o propósito de a tornar mais curta.
Entre as várias personalidades do cinema que assinaram essa carta constam nomes como Emma Stone, George Clooney, Brad Pitt, Sandra Bullock, Robert de Niro, Kerry Washington; os realizadores Christopher Nolan, Michael Mann, Denis Villeneuve, Martin Scorsese, Spike Lee, Alfonso Cuarón, Quentin Tarantino, Cary Joji Fukunaga, Alejandro G. Inarritu; e os diretores de fotografia Roger Deakins, Vittorio Storaro, Caleb Deschanel, Janusz Kaminski, Ed Lachman, Emmanuel Lubezki, Reed Morano, Rachel Morrison, Guillermo Navarro.
Recorde-se que Cuarón tinha manifestado desagrado para com esta decisão da Academia: “Na história do CINEMA, as obras-primas existiram sem som, sem cor, sem história, sem atores e sem música. Nenhum filme sequer existiu sem CINEMAtografia e sem edição.”.
“Se eu puder, não pretendo sugerir que categorias cortar durante a cerimónia dos Óscares, mas a Cinematografia e a Edição estão no coração do nosso ofício”, escreveu Guillermo del Toro no Twitter. “Não são herdados de uma tradição teatral ou de uma tradição literária: são o próprio cinema”.
Emmanuel Lubezki, o diretor de fotografia vencedor de três Óscares, escreveu que a Academia estava a tomar uma “decisão infeliz” porque “cinematografia e edição são provavelmente as partículas elementares (…) os componentes primordiais do cinema”.
A Academia de Hollywood enviou agora este comunicado: “A Academia ouviu o feedback dos seus membros sobre a apresentação de quatro prémios dos Óscares – Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Curta-metragem em Imagem Real e a de Melhor Maquilhagem e Penteados (…) Todos os prémios da Academia serão apresentados sem edições, no nosso formato tradicional. Estamos ansiosos para os Óscares, no domingo, dia 24 de fevereiro.”
A 91.ª edição tem sido alvo de várias polémicas desde agosto de 2018. A Academia tem recuado em várias das mudanças que queria aplicar nas futuras cerimónias dos Óscares. Entre elas a intenção de introduzir a nova categoria, o Óscar de “Melhor Filme Popular”, que ficou sem efeito um mês após o anúncio da mesma. Em janeiro de 2019, a Academia confirmava a desistência de encontrar uma estrela para assumir o papel de apresentador da cerimónia. A hipótese de o comediante Kevin Hart apresentar os Óscares 2019 estava afastada definitivamente e a solução encontrada foi a de recrutar vários atores e atrizes de elevado estatuto para ocuparem o momento do monólogo de abertura, assim como apresentarem vários segmentos, com destaque para paródias à volta do tema da música no cinema, aproveitando o impacto de sucessos como “Assim Nasce Uma Estrela” e “Bohemian Rhapsody”. Ou seja, pela primeira vez em 30 anos, a noite mais longa de uma cerimónia de prémios de cinema acontece sem um anfitrião.
Como não podia deixar de ser, não há Óscares sem polémica, e estes não são excepção. No próximo domingo, 24 de fevereiro, o mundo vai estar de olhos postos numa das edições dos Óscares mais incertas das últimas três décadas.