Óscares 2025: Candidatura da China à categoria de Melhor Filme Internacional é considerada inelegível

O documentário “The Sinking of the Lisbon Maru”, de Fang Li, ainda pode ser considerado para a categoria de Documentário de Longa-Metragem
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Fang Li (à direita) fala com pescadores locais e suas famílias. Foto: Emei Film Group - Reprodução/The Guardian

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas considerou inelegível o documentário “The Sinking of the Lisbon Maru”, de Fang Li, seleccionado pela China como candidato a Melhor Filme Internacional nos Óscares de 2025, conforme reporta Scott Feinberg, do The Hollywood Reporter.

Segundo Feinberg, o filme — o primeiro documentário que a China apresentou para o prémio de Melhor Filme Internacional — falhou em cumprir o critério da Academia, que estipula que mais de 50% dos diálogos (e do filme em geral) sejam em idiomas que não o inglês.

Embora se possa pensar que seria possível enviar outro filme, a realidade é que, com o prazo para inscrições na categoria encerrado em 2 de outubro e o limite não alcançado, a China não poderá apresentar outra obra para avaliação.

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Porém, ainda há esperança. The Sinking of the Lisbon Maru” pode ser considerado para a categoria de Documentário Longa-Metragem.

As listas de nomeados para os Óscares nas categorias de Longa-Metragem Internacional e Longa-Metragem Documentário, entre outras, serão anunciadas a 17 de dezembro.

The Sinking of the Lisbon Maru

Realizado por Fang Li, “The Sinking of the Lisbon Maru” traz à luz uma tragédia pouco conhecida da Segunda Guerra Mundial.

Em 1942, o navio japonês Lisbon Maru, que transportava prisioneiros de guerra britânicos, foi torpedeado pela Marinha dos EUA. Neste ataque, mais de 800 soldados britânicos perderam a vida, enquanto cerca de 380 foram resgatados por pescadores chineses nas proximidades. O filme integra entrevistas recentes, filmagens históricas e recriações animadas para narrar esta história impactante.

O documentário inaugurou o Festival Internacional de Cinema de Xangai em junho e foi lançado na China no início de setembro.

China nos Óscares

A China iniciou o envio de filmes para os Óscares em 1979, mas, até agora, recebeu apenas duas nomeações: “Ju Dou”, de Yang Fengliang e Zhang Yimou, em 1990, e “Hero”, de Zhang Yimou, em 2002. Até à data, o país ainda não conquistou nenhum prémio.

No drama “Ju Dou”, Fengliang e Yimou narram a profunda e angustiante história de Ju Dou (Gong Li), uma jovem comprada para ser esposa de Jin-shan Yang (Wei Li), um proprietário de tinturaria conhecido pela sua brutalidade e autoritarismo. Jin-shan, que sofre de esterilidade, recusa-se a aceitar a sua condição e já provocou a morte de duas esposas que não conseguiram dar-lhe um filho.

Num ambiente tão opressivo, uma conexão inesperada surge entre Ju Dou e Tian-qing Yang (Li Baotian), sobrinho de Jin-shan que também trabalha na tinturaria. Sem que o marido severo desconfie, os dois envolvem-se numa relação secreta, que resulta no nascimento de um filho, Tian-bai Yang (Ji-an Zheng). Com a exceção dos verdadeiros pais, todos acreditam que ele é o legítimo herdeiro de Jin-shan.

Em “Hero”, Yimou transporta-nos para a China de há dois mil anos, durante o período dos Reinos Combatentes (475 a 221 a.C.), uma época em que a nação se dividia em sete reinos: Han, Wei, Chu, Zhao, Yan, Qi e Qin.

O Reino de Qin destacava-se como o mais forte, liderado por um rei temido por todos devido à sua crueldade. Com a intenção de alcançar a superação e o progresso social, o Rei de Qin governava de forma tirânica, eliminando impiedosamente qualquer um que considerasse um obstáculo à sua visão de futuro. Para contrariar as suas ideologias opressivas, surgiram três guerreiros lendários de Zhao, unidos por uma missão audaciosa: assassinar o Rei, mesmo que isso implicasse o sacrifício das suas próprias vidas.

Alarmado com as ameaças que estes “assassinos” representavam, o Rei de Qin fez um decreto: quem conseguisse derrotar o guerreiro conhecido como “Céu” não apenas receberia uma recompensa em prata e ouro, mas também a honra de se sentar a vinte passos do seu trono.

Para a edição de 2024, o filme “The Wandering Earth II”, de Frant Gwo, foi seleccionado para representar a China na categoria de Melhor Filme Internacional.

Com um orçamento de 50 milhões de dólares e uma arrecadação que atingiu 700 milhões, esta ficção científica transporta o público para 2061, um futuro em que o Sol começa a transformar-se num gigante vermelho, ameaçando a existência da Terra. Face a esta catástrofe, a humanidade mobiliza-se para desenvolver um plano radical: deslocar o planeta para um novo sistema solar.

Para realizar esta tarefa colossal, a Terra é convertida numa enorme nave espacial, equipada com propulsores gigantes que a retiram da sua órbita. No entanto, esta manobra interrompe a rotação do planeta, resultando em desastres naturais que acrescentam uma nova camada de perigo à situação já crítica.

Embora a premissa possa parecer exagerada, Gwo leva os espectadores a uma imersão profunda nas vastas dimensões desta narrativa ao longo de 125 minutos, explorando com destreza as complexidades do género de ficção científica. Adaptado do conto homónimo de Liu Cixin, o filme afirma-se como um blockbuster ousado que desafia as convenções da imaginação.

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