O mais recente filme de Asghar Farhadi, Um Herói, venceu o Grande Prémio na última edição do Festival de Cannes e esteve nomeado para Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira. Estreia esta quinta-feira, 3 de Março, nos cinemas nacionais.
Rahim está na prisão por uma dívida que não conseguiu pagar. Durante uma licença de dois dias, tenta convencer o seu credor a retirar a queixa contra o pagamento de uma parte da quantia. Mas as coisas não correm como planeado…
Questionado em entrevista cedida pela Alambique sobre a famosa frase de Jean Renoir: “A coisa mais terrível no mundo é que todos têm os seus motivos”?, o realizador respondeu: “Isso parece aplicar-se à maioria das personagens de UM HERÓI. Concordo inteiramente. Todos têm as suas razões para agir como agem, mesmo que não tenham consciência disso. Se pedires às pessoas que enumerem as suas razões, elas não conseguirão fazê-lo. Essas razões não são claras e fáceis de resumir. As pessoas estão cheias de contradições. Na vida real, as pessoas podem levar anos a entender as razões dos seus actos, porque elas estão profundamente enraizadas no seu passado. Mas devo sublinhar que eu não acho que isso signifique que todos os actos podem ser justificados. Não se trata de legitimação, mas sim de compreensão. Compreender não significa legitimar. Conhecer os motivos que levam alguém a agir permite compreender sem tomar partido“.
Asghar Farhadi, cineasta iraniano, examina os problemas éticos e contradições decorrentes da classe social, género e religião no Irão actual. Apesar da sua extensa obra, ele é, provavelmente, mais conhecido mundialmente pelos filmes UMA SEPARAÇÃO (2011) e O VENDEDOR (2016), ambos vencedores do Óscar de Melhor Filme Internacional.