Este ano, o Fantasporto celebra os seus 45 anos e mantém-se como um dos festivais mais emblemáticos de Portugal. Ao longo das suas edições, o evento tem-se consolidado como uma referência não só local, mas também internacional, com uma influência crescente a cada ano.
O Fantasporto é um reflexo da modernidade do cinema actual, abordando os temas mais pertinentes e servindo como espaço para debates sobre a indústria cinematográfica global.
A 45.ª edição, que decorrerá entre 28 de Fevereiro e 9 de Março no Batalha Centro de Cinema, contará com a presença de grandes nomes do cinema, muitos dos quais já são conhecidos do público do festival, que irão apresentar as suas mais recentes produções. Como é habitual, o evento também trará filmes inéditos em Portugal.
O festival tem-se destacado, ainda, pela sua capacidade de descobrir novos talentos, algo que foi reconhecido pela revista Variety, que esteve presente no evento em 2024 e produziu reportagens detalhadas sobre o impacto do festival.
Esse reconhecimento vê-se no número de filmes recebidos este ano, com 75 países a enviarem as suas produções, estabelecendo um novo recorde de participações.
Entre estes, estão a África do Sul, Alemanha, Angola, Arábia Saudita, Argentina, Arménia, Austria, Austrália, Bharain, Bélgica, Bolívia, Bosnia Herzegovina, Brasil, Cambodja, Canadá, Cazaquistão, Chéquia, Chile, China, Colombia, Coreia do Sul, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Estados Unidos da América, Egipto, Emiratos Árabes Unidos, Equador, Estónia, Filipinas, França, Georgia, Grécia, Hong Kong, Hungria, India, Indonésia, Irão, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Letónia, Líbano, Lituânia, Luxemburgo, Malásia, Marrocos, México, Moldova, Myanmar, Nepal, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Panamá, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Dominicana, Roménia, Rússia, Senegal, Sérvia, Singapura, Síria, Suécia, Suiça, Tailândia, Taiwan, Tajiquistão, Tunísia, Turquia, Ucrânia e Uruguai.
Deste lote variado, e após rigorosa programação, restaram 31 países, evidenciando uma selecção eclética que tanto inclui ficção como documentários, filmes de imagem real ou de animação, curtas metragens, num programa amplo, com particular atenção nesta edição para a Inteligência Artificial que está a revolucionar todas as áreas e muito especialmente, o Audiovisual.
24 antestreias mundiais e 4 internacionais e europeias
A edição de 2025 do Fantasporto promete surpreender com 24 antestreias mundiais e 4 internacionais e europeias, apresentadas por algumas das maiores produtoras e distribuidoras do mundo.
Este ano, o festival reforça o seu estatuto global, reunindo filmes de todos os cinco continentes. A Europa lidera com 12 países representados, seguida de perto pela Ásia, com 10 — berço do cinema fantástico mais criativo da actualidade.
As Américas do Norte e do Sul, a Oceânia e África também marcam presença, destacando-se, entre as nações americanas e asiáticas, os Estados Unidos e o Japão, que apresentam 10 filmes cada.
Abertura e encerramento
A sessão de abertura do festival contará com o filme português “Criadores de Ídolos”, de Luís Diogo, um dos realizadores nacionais mais premiados, apresentado em antestreia mundial.
O tema do filme aborda a tendência contemporânea de idolatrar personalidades famosas e conta com um elenco de renome, incluindo Ricardo Carriço, Virgílio Castelo, Oceana Basílio e Rafaela de Sá, esta no papel principal, que estarão no Porto para apresentar o filme.
O encerramento, no dia 8 de Março, será marcado pela exibição de “Stealing Pulp Fiction”, dos Estados Unidos, a primeira longa-metragem de Danny Turkiewicz.
Este filme, um verdadeiro e divertido hino à cinefilia, narra a história de dois fãs que planeiam roubar uma cópia do clássico de Quentin Tarantino.
O elenco inclui Jason Alexander (“Seinfeld”), Taylor Hill (modelo da Victoria’s Secret), Karan Soni (“Californication” e “Deadpool”), Matt Adams (“Curb Your Enthusiasm”) e Jon Rudnitsky (“Saturday Night Live”), alguns dos maiores nomes da comédia norte-americana.
Mulheres, IA, bullying, propaganda política, clima e o fantástico
Este ano, o Fantasporto traz uma mistura de temas e preocupações actuais que nos fazem reflectir sobre o mundo em que vivemos.
No universo da Inteligência Artificial e do Mundo Digital, vale a pena ver filmes como “Hush Now”, “Cold Wallet” (produzido por Steven Soderbergh), “IA: A Revolução no Cinema Digital”, “Sucubus”, “There’s an App for That” e “Crazy Lotus”. E se gostas de conversas sobre o impacto da tecnologia no nosso quotidiano, não percas a apresentação do livro do Professor Doutor Rui Nunes sobre IA, nas MOVIE TALKS, num evento gratuito no bar do Batalha.
A Propaganda Política também entra no jogo com “Zinema”, e os temas de Bullying e Violência Escolar são abordados em “Sana; Let Me Hear”, do aclamado Takashi Shimizu, e “Dead Talents Society”, de John Hsu.
No campo dos desafios da maternidade e paternidade, filmes como “Mom”, “Dollhouse” e “Huir” exploram estas questões.
E para quem se interessa por alienação e violência urbana e rural, o Fantasporto traz uma selecção de filmes de várias partes do mundo: “A Place Called Silence” (China), “A Caixa” (Angola, estreando no festival), “Self Driver” (Canadá), “Zero” (França) e “Haneko Akabane’s Bodyguards” (Japão).
A desertificação das cidades é retratada em filmes como “Prédio Vazio” (Brasil) e “Welcome to the Village” (Japão), enquanto a emancipação feminina se faz sentir de forma essencial na retrospectiva de Taiwan e no filipino “Lola Magdalena”.
Para quem ama cinema fantástico, o festival também não desilude. Alguns destaques incluem “Touched By Eternity”, “Chainsaws Were Singing”, “Everyone Is Going to Die” e “Heavens. The Boy and His Robot” (de Singapura, também estreando no festival). E há ainda o regresso de Kevin Spacey em “Peter Five Eight”.
A mudança climática e a destruição do planeta são discutidas em filmes como “The Sea Inside Her”, “Fish”, “Refugee”, “The Killer Goldfish”, “Hymn of the Plague” e “The Silent Planet”.
Para os fãs de mangá, o festival apresenta “Detective Onihei” e as loucuras de “Baby Assassins” para dar aquele toque de diversão e acção.
Mas não é só isso: o festival traz ainda uma lufada de ar fresco no género fantástico com filmes originais como “Cielo”, de Alberto Sciamma, “Mister K”, de Tallulah H. Schwab, e “Indera”, do premiado realizador malaio Woo Ming Jin, que já conquistou Cannes, Locarno e Turim.
E não podemos deixar de mencionar “River Returns”, uma adaptação poética e imaginativa do clássico Romeu e Julieta, desta vez passada no Japão.
Sessões especiais
As Sessões Especiais do Fantasporto 2025 trazem à tona histórias e questões muito interessantes.
Vamos conhecer os bastidores de “O Apóstolo”, filme premiado no Fantasporto em 2013, e ver como seus desafios estão presentes em “Buscando a la Santa Compaña”, que recentemente concorreu aos Prémios Goya.
Também será explorada a propaganda política russa e a maneira como a Ucrânia foi representada nos media ao longo do tempo, com “Zinema”.
Este ano, o festival celebra os 50 anos do 25 de Abril de 1974 com “The Carnation Revolution”, um olhar único sobre a revolução através dos olhos de dois noruegueses, um dos quais acabou até ferido enquanto acompanhava o desenvolvimento dos acontecimentos.
Para mais, João Moreira vai partilhar as suas experiências com curtas-metragens feitas inteiramente com Inteligência Artificial, logo após a exibição do seu filme “IA: A Revolução no Cinema Digital”.
Após cada sessão, haverá conversas com os representantes dos filmes, para discutir mais a fundo as ideias e processos por trás de cada produção. Uma excelente oportunidade para quem quiser explorar mais esses temas.
Apresentação literária e convidados estrangeiros
Atendendo à importância da publicação literária, o Fantasporto abre as suas portas para a apresentação de sete livros recém-publicados, que farão parte das MOVIE TALKS.
Este espaço também será dedicado à discussão das dificuldades da produção de filmes portugueses, com a participação do Grupo dos 7, composto por profissionais da indústria cinematográfica.
Os debates irão abordar temas como o fascínio pelo cinema de ação, com a conferência/debate “100 Anos de Violência Redentora: Por Que Adoramos o Cheiro de Napalm no Cinema”, conduzida pelo Dr. Pedro Garcia Rosado, e “A Revolução da Inteligência Artificial e Sua Influência no Cinema”, com o Professor Doutor Rui Nunes e o realizador João Moreira.
Além disso, o festival contará com a presença de cerca de 150 convidados estrangeiros ligados aos filmes em exibição, o que permitirá a criação de mais programas diversificados sobre o mercado de cinema mundial.