Quentin Tarantino afirma que não tem interesse em assistir a remakes

O realizador norte-americano declarou que não tem interesse em ver remakes de filmes, mesmo que sejam realizados por colegas como Denis Villeneuve
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Foto: Paolo Verzone / Redux

A resistência a remakes não é apenas uma questão de um nicho cult. Essa ideia é apoiada por ninguém menos que Quentin Tarantino.

Famoso por clássicos como “Cães Danados” (1992) e “Pulp Fiction” (1994), o realizador norte-americano afirmou que não tem interesse em assistir a remakes de filmes ou programas existentes, mesmo que sejam feitos por colegas como Denis Villeneuve. Essa revelação ocorreu durante a sua participação no “The Bret Easton Ellis Podcast”, onde comentou que ainda não viu nenhum dos filmes “Dune” de Villeneuve e que, provavelmente, nunca o fará.

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Sobre essa questão, Tarantino comentou: “Eu vi ‘Dune’ [de David Lynch] algumas vezes. Não preciso ver essa história de novo. Não preciso ver vermes de especiarias. Não preciso ver um filme que diz a palavra ‘especiaria’ de forma tão dramática”.

Ele deixou claro que a sua objeção não se limita apenas a “Dune”, mas se estende a remakes em geral. Tarantino também expressou a sua falta de entusiasmo pelas séries de TV “Ripley” e “Shōgun”. Embora ambas sejam aclamadas pela crítica, ele mencionou que já “viu a história” nas suas versões anteriores.

“Estamos a falar de remakes repetidos, um após o outro”, afirmou Tarantino. “As pessoas perguntam: ‘Você viu ‘Dune’? Você viu ‘Ripley’? Você viu ‘Shōgun’?’ E eu respondo: ‘Não, não, não, não’”.

Ele prosseguiu: “Há seis ou sete livros de Ripley. Se você vai fazer um remake, por que repetir o que já foi feito duas vezes? Já vi essa história em duas versões, e não gostei de nenhuma delas, por isso não estou realmente interessado em vê-la uma terceira vez. Se você contasse outra história, isso sim poderia ser interessante o suficiente para eu dar uma chance”.

Tarantino acrescentou: “Eu vi ‘Shōgun’ nos anos 80. Assisti a todas as 13 horas. Estou bem. Não preciso ver essa história novamente, não me importa como a fazem. Não me importa se me transportam para o Japão antigo em uma máquina do tempo. Não me importa, eu já vi a história”.

Nas boas graças do palhaço

Por outro lado, nem tudo foi crítica. Em certo momento da conversa, Tarantino revelou ter sido conquistado por “Joker: Loucura a Dois”, de Todd Phillips, com Joaquin Phoenix e Lady Gaga, filme que dividiu a crítica.

Tarantino elogiou a originalidade da narrativa e comentou que a produção lhe trouxe à mente o seu próprio argumento para “Natural Born Killers”, reconhecendo que a sua reação negativa em 1994 foi semelhante à de alguns críticos em relação ao “Joker” de 2019.

Para Tarantino, Phillips canalizou o espírito do próprio Coringa ao realizar o filme, conferindo-lhe um tom autêntico e irreverente, fazendo dele um “verdadeiro filme do Coringa”. Ele observou que toda a produção, até mesmo a forma como Phillips usou o orçamento do estúdio, carrega a marca do personagem: “Ele está a gastar como o Coringa gastaria, certo?”

Tarantino continuou, referindo-se à “grande surpresa” de Phillips como “um presente em forma de brincadeira cruel, um ‘jack-in-the-box’ que explode numa campainha com 10.000 volts”. Segundo ele, essa surpresa é voltada aos fãs mais devotos de banda desenhada, os geeks da cultura pop.

Na visão dele, o filme é um grande “foda-se” lançado a todos: ao público, a Hollywood, aos investidores da DC e da Warner Brothers.

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