O filme “Mal Viver”, de João Canijo, venceu este sábado o Urso de Prata, Prémio do Júri, na 73.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim, uma das distinções mais importantes do festival, que este ano atribuiu o Urso de Ouro para o documentário francês “Sur l’Adamant”, de Nicolas Philibert.
Canijo apresentou em Berlim o díptico “Mal Viver” e “Viver Mal”, o primeiro na Competição oficial e o segundo na Competição Encounters, um feito já por si só inédito e extraordinário por o mesmo realizador apresentar dois filmes seus no festival.
Apesar de “Mal Viver” não ter sido consensual pela crítica internacional como um dos favoritos a ser premiado na Berlinale, ambos os filmes tiveram uma recepção entusiástica durante o certame. Para o jornal britânico Screen, o primeiro é “Um fascinante exercício de realização cinematográfica em campo-contracampo.”, já Rodrigo Fonseca, de O Estado de S. Paulo, o filme reúne “Um elenco de atrizes em estado de graça serve de combustível para o projeto, que é um experimento dos mais vigorosos no Velho Mundo. Mal Viver, fortíssimo na disputa do Urso de Ouro, é um dos filmes mais maduros de Portugal na cena dos festivais europeus.” 
João Canijo agradeceu à sua equipa, constituída quase na totalidade por mulheres, desde o elenco à equipa técnica, com destaque para Leonor Teles, a diretora de fotografia dos dois filmes. Canijo já tinha estado presente em vários festivais internacionais de cinema de prestígio (como Cannes e Veneza) com outros filmes seus, mas esta foi a primeira vez que venceu em Berlim. É uma conquista excecional para o cinema português.
“Para terminar, (agradeço) às mulheres que me deram a sua via para este filme as atrizes, são maravilhosas e deram-me a sua vida”, afirmou João Canijo.
Com um elenco de luxo, “Mal Viver” conta com Rita Blanco, Anabela Moreira, Cleia Almeida, Vera Barreto, Madalena Almeida, Nuno Lopes, Beatriz Batarda, Leonor Silveira, Rafael Morais, Lia Carvalho, Filipa Areosa, Carolina Amaral e Leonor Vasconcelos.
“Mal Viver” conta a história de uma família de cinco mulheres que herdaram um hotel e que o tentam salvar da ruína, vivendo nele um conflito antigo e irresolúvel durante um fim de semana, enquanto os clientes vão e vêm.
Se em “Mal Viver” o foco é a família dona do hotel e as suas relações frágeis, à beira do colapso, “Viver Mal” é um espelho desse filme, invertendo-se a perspetiva para os clientes do hotel, que no primeiro eram quase fantasmas, figurantes, passando a ter agora o papel de protagonistas neste segundo filme.
O díptico, com produção da Midas Filmes, tem estreia prevista para as salas de cinema portuguesas a 11 de maio.
