O Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) divulgou hoje os primeiros dados oficiais sobre os mercados cinematográficos em Portugal no ano de 2012. Se em 2011 os resultados foram bastante negativos, com o número de espetadores nas salas de cinema em Portugal ter chegado aos 15,7 milhões, em 2012 continuaram a ser “maus”. O número de espectadores nas salas de cinema em Portugal foi de 13,8 milhões e a receita bruta de bilheteira foi de 73,9 milhões de euros, representando um decréscimo de 12,3% e 7,6% em relação ao ano transato, respetivamente.
Quanto às estreias, há a assinalar 292 longas-metragens, 138 das quais com origem nos EUA e 129 de origem europeia. Os filmes norte-americanos foram vistos por 73,5% e os europeus por 16,3% do total dos espectadores. O filme de animação “Madagáscar 3” foi o mais visto do ano, registando 632 mil espectadores e uma receita de bilheteira de 3,7 milhões de euros. “A Saga Twilight: Amanhecer Parte 2” foi vista por 524.944 espectadores e “A Idade do Gelo 4” por 507.110 espectadores, ocupando o segundo e terceiro lugares do ranking dos filmes mais vistos de 2012, respectivamente.
Entre os filmes nacionais, “Balas e Bolinhos – O Último Capítulo”, de Luís Ismael, “foi o mais visto com 256 mil espectadores e 1,3 milhões de euros de receita de bilheteira, ocupando o 1º lugar no ranking dos filmes europeus mais vistos do ano, seguido do também nacional “Morangos Com Açúcar – O Filme”, com 238 mil espectadores. De realçar o facto de 2 filmes nacionais estarem presentes entre os quinze mais vistos do ano, e de salientar, igualmente, um registo acima dos 20 mil espectadores em 7 obras nacionais. No ano de 2012, a quota de cinema português atingiu os 5,5%, valor mais alto desde 1975 (ano a partir do qual o ICA mantém registos de exibição).”. “Aristides de Sousa Mendes – O Cônsul de Bordéus” de Francisco Manso e João Correa (50.919 espectadores), “Linhas de Wellington” de Valeria Sarmento (49.454 espectadores) e “Florbela” de Vicente Alves do Ó (40.875 espectadores), todos filmes de época, sendo que dois deles são biográficos, ocupam o terceiro, quarto e quinto lugares do ranking dos filmes nacionais mais vistos de 2012, respectivamente.
“O cinema português continuou a merecer o reconhecimento internacional sendo de destacar, entre muitos outros, os prémios atribuídos às obras de ficção, Rafa, de João Salaviza ao qual foi atribuído o Urso de Ouro no Festival de Berlim; Tabu, de Miguel Gomes que recebeu, no mesmo festival os prémios Alfred Bauer e FIPRESCI; a distinção, no festival Karlovy Vary, da obra de Rodrigo Areias Estrada de Palha; e, de um modo geral, o reconhecimento da produção nacional de documentários como foi o caso do É na Terra não é na Lua, de Gonçalo Tocha, A nossa Forma de Vida, de Pedro Filipe Marques, A Última Vez que vi Macau, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, entre muitos outros.”
2012 foi um ano curioso e marcante para o cinema nacional (estrearam 29 longas-metragens), visto que muitos deles obtiveram um grande sucesso de bilheteira, “Balas & Bolinhos – O Último Capítulo” de Luís Ismael e “Morangos com Açúcar” de Hugo de Sousa. Mas mais importante ainda, muitos outros foram aclamados pela crítica internacional, como é o caso de “Tabu” de Miguel Gomes, “O Gebo e a Sombra” de Manoel de Oliveira e “As Linhas de Wellington” de Valeria Sarmiento. O Cinema 7ª Arte irá brevemente publicar um retrato do cinema português de 2012, começando com um breve resumo da historia do cinema português, recuando até 1955, o “ano zero”, saltando para o século XXI, focado em particular no ano de 2012. “O Cinema português vai ter com o público português”, já que este não vai ter com ele, iremos explorar este novo método de distribuição do cinema português, que tem sido bastante praticado desde o “Filme do Desassossego”, de João Botelho (2010). Criou-se portanto uma maior aproximação com o público português, que lentamente começa a deixar de ser preconceituoso para com o seu cinema. A reflexão terminará com, “2013 e adiante, que futuro?”, uma breve reflexão sobre o futuro do cinema português, visto o ICA ainda estar com um corte de 100%.
Fonte: Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA)