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FEST 2025: Festival decorre de 21 a 29 de junho em Espinho

O FEST 2025 decorre de 21 a 29 de junho em Espinho
"C’est pas la vie en rose", de Leonor Bettencourt Loureiro FEST 2025 Festival "C’est pas la vie en rose", de Leonor Bettencourt Loureiro FEST 2025 Festival
"C’est pas la vie en rose", de Leonor Bettencourt Loureiro

O FEST 2025 decorre de 21 a 29 de junho em Espinho e continua a reforçar a sua programação com uma seleção de filmes que explora, com sensibilidade e ousadia, os dilemas morais, políticos e sociais do nosso tempo, de Beirute à Ucrânia, passando pelo Egito, Hungria, Alemanha e Dinamarca.

Num regresso ao festival espinhense, Scandar Copti, realizador palestiniano nomeado para um Óscar, abre a programação fílmica do FEST com a sua mais recente produção: “Happy Holidays”.  Premiado em Veneza na categoria de melhor argumento e com mais seis prémios em outros festivais, a segunda longa do palestiniano ocupa-se de um olhar humanista sobre a vida de uma família árabe residente em Israel, expondo tensões entre géneros, gerações e culturas, e tocando em temas como o aborto, a crise financeira, a saúde mental e os segredos familiares.

Numa região marcada pelo conflito e onde a realidade raras vezes é preto no branco, o cinema de guerrilha de Copti é, hoje, um testemunho essencial na compreensão da vida na Palestina. O realizador estará presente em Espinho para apresentar o filme e orientar uma masterclass. Scandar Copti destacou-se com a sua primeira longa-metragem “Ajami” (2009), vencedora da Câmara de Ouro em Cannes.

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O cinema enquanto espaço político marca também o foco que o festival fará sobre o cinema da Geórgia na secção Be Kind Rewind. Numa altura em que o país se move nas ruas contra a ameaça do império russo, o cinema georgiano atravessa o seu melhor momento, com uma nova geração de autores que têm vindo a afirmar-se como algumas das mais ousadas e influentes vozes no circuito internacional de festivais. Um programa de longas e curtas-metragens que integra o trabalho de Rusudan Glurijdze, Elene Mikaberidze ou Tornike Koplatadze.

Num ano em que o FEST está de olhos postos em visões optimistas e construtivas do futuro, a competição do Lince de Ouro faz-se de uma seleção de longas metragens onde o humor é chave para a resistência.

Vencedor do prémio especial do júri em Sundance, a primeira longa-metragem de Joel Alfonso Vargas, “Mad Bills To Pay (Or Destiny, dile que no soy malo)”, é um cocktail de humor e drama social contagiante, assente na vida de dia-a-dia de uma família Dominicana residente em Nova Iorque.

Noutro regresso ao festival, Bernhard Wenger apresenta em Espinho “Peacock”, uma longa pautada pelo estilo inconfundível com que funde comédia, a sátira e a crítica social. Um filme corrosivo e sarcástico sobre a essência das relações humanas e as máscaras que criadas para nós próprios.

Vencedor do prémio de melhor realização na Giornate Degli Autori no Festival de Veneza, a coprodução luso-brasileira “Manas” marca a entrada em cena de Marianna Brennand. Dona de uma particular sensibilidade, a realizadora aborda questões de abuso e exploração feminina de forma incisiva e corajosa, através da história de uma jovem rapariga perdida numa comunidade amazónica dominada pela violência de género.

Da India, “Cactus Pears”, a primeira longa metragem de Rohan Kanawade, um drama romântico LGBTQIA+ sobre amor proibido, que é mais uma prova da vitalidade do cinema do país — recorde-se o vencedor do Lince de Ouro do FEST 2024: “Adamant Girl,” de PS Vinothraj.

Diretamente do Egipto e França chega uma das grandes revelações do ano: “Spring Came On Laughing”, de Noha Adel. Vencedor de dois prémios no Festival do Cairo, incluindo o Prémio da Crítica, o filme revela, em quatro histórias interligadas, os segredos e ansiedades escondidas por detrás de sorrisos aparentemente felizes de mulheres egípcias. Uma narrativa profundamente emancipadora e simultaneamente perturbadora, marcada por uma primavera de emoções intensas.

“Lessons Learned”, segunda longa do realizador húngaro Bálint Szimler, chega a Espinho após conquistar prémios em Locarno. Num registo simultaneamente satírico e comovente, o filme segue uma jovem professora e um estudante num sistema de ensino opressivo, funcionando como alegoria do impacto de 15 anos de domínio da nova direita na Hungria. Um retrato imprescindível da luta pela integridade e pela mudança num contexto europeu cada vez mais polarizado.

Estreado no Festival de Berlim, “The Good Sister”, deSarah Miro Fischer, mergulha num dilema moral devastador: Rose é chamada a testemunhar contra o irmão, acusado de violação. Um filme que confronta o espectador com o choque entre laços familiares e a violência de género, num registo cru, corajoso e absolutamente atual.

Da Ucrânia chega “Songs Of Slow Burning Earth”, segunda longa de Olha Zhurba, estreada no Festival de Veneza. Uma obra sensorial e devastadora que funciona como diário audiovisual dos dois anos de invasão russa, explorando a normalização do horror e o esforço de uma nova geração em imaginar um futuro possível. Uma experiência cinematográfica imersiva que se impõe como documento incontornável do nosso tempo.

“To Close Your Eyes And See Fire”, dos austríacos Nicola von Leffern & Jakob Carl Sauer, leva-nos ao rescaldo da explosão no porto de Beirute. Através de diferentes personagens, o filme constrói um mosaico de vidas marcadas pela catástrofe, pela dor e pela arte como forma de sobrevivência. Um poderoso retrato colectivo das cicatrizes de uma cidade que se recusa a ceder ao desespero.

Por fim, da Dinamarca, “A Place In The Sun”, de Mette Carla Albrechtsen, oferece uma visão crítica e melancólica dos bastidores de uma estância de férias. Com estreia no CPH:DOX, esta obra convida-nos a refletir sobre o impacto do turismo nas pessoas e nos territórios, entre o encanto da paisagem e o desencanto da realidade.

A secção competitiva de curtas-metragens Lince de Prata destaca-se este ano por apresentar algumas das obras mais surpreendentes e inovadoras do circuito internacional. Entre elas encontra-se “My Mother is a Cow”, de Moara Passoni (Brasil), uma peça de realismo mágico que teve estreia em Veneza; “Inflatable BearHourly”, de Elisabeth Werchosin (Alemanha), uma curta surrealista que aborda com acutilância as dificuldades laborais de uma imigrante em Berlim; e “Karmash”, de Aleem Bukhari (Paquistão), um thriller que funde tradição e cinema de género, estreado na Quinzena dos Realizadores em Cannes.

Nota ainda para “Wassupkaylle”, uma comédia ácida que satiriza o universo dos influencers e os extremos a que chegam pela atenção do público;” Lux Carne”, de Gabriel Grosclaude (Suíça), apresenta uma distopia inquietante onde uma nova lei obriga os cidadãos a matar os animais que consomem; e “The Age Of The Flowing Plants”, de Magali Ugarte de Pablo (México), transporta-nos para uma fantasia mágica de desejo e auto exploração feminina.

No que diz respeito a masterclasses e conversas do festival, estão confirmadas as presenças do realizador e produtor filipino, Brillante Mendoza, conhecido pelo seu estilo cru e realista, que expõe as tensões sociais e morais da vida urbana nas Filipinas. Ganhou destaque internacional com “Kinatay“, que lhe valeu o prémio de Melhor Realizador em Cannes em 2009.

O ator luso-brasileiro, Edison Alcaide passou pelo FEST enquanto participante e volta, agora, para partilhar o seu percurso até ao atual protagonismo na série “Suspect: The Shooting of Jean Charles De Menezes” (2025), da Disney+, onde interpreta Jean Charles de Menezes — o jovem brasileiro inocente assassinado a caminho do trabalho em Londres.

Polly Duval é uma experiente supervisora de pós-produção britânica, com créditos em filmes como “Notes on a Scandal” (2006), “One Day” (2011) e “Colette” (2018), desempenhando um papel crucial na finalização de diversas produções cinematográficas.

Realizador britânico, Pete Travis é conhecido por filmes como “Vantage Point” (2008) e “Dredd” (2012), tendo iniciado a sua carreira como assistente social antes de se dedicar ao cinema. Realizador e produtor português, Gonçalo Galvão Teles é reconhecido por obras como “Gelo” (2016) e “Senhor X” (2010), contribuindo significativamente para o cinema nacional.

Diretor de fotografia francês premiado com um Óscar por “A River Runs Through It” (1992), Philippe Rousselot é conhecido pelo seu trabalho em filmes como “Entrevista com o Vampiro” (1994) e “Big Fish” (2003).

Realizador britânico especializado em filmes interativos e aprendizagem digital, Martin Percy é vencedor de um BAFTA, um Emmy e vários Webby Awards, destacando-se pelo uso inovador de inteligência artificial em projetos como “Lifesaver” e “The Bali Temple Explorer“. Produtor e argumentista independente iraniano, Kaveh Farnam é amplamente reconhecido pelo seu compromisso cultural e projetos com forte consciência social. Ganhou destaque internacional pelas suas colaborações com Mohammad Rasoulof, incluindo “There is No Evil” (2020), vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, e “A Man of Integrity” (2017), premiado na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes.

No plano da produção nacional, “C’est pas la vie en rose”, de Leonor Bettencourt Loureiro encerrará o FEST 2025. Num regresso ao festival, a autora apresenta-nos a um filme que olha a Lisboa contemporânea, a sua gentrificação e a complexidade das relações humanas que a mesma encarcera, através da história de uma dupla de cantores estrangeira de sucesso que decide mudar-se para lá.

O Grande Prémio Nacional regressa com 4 programas de curtas-metragens, compostos por 23 obras de novos autores. A crise da habitação domina com vários trabalhos ligados ao tema, incluindo o impacto dos especuladores imobiliários na comédia de Filipe Amorim, “Agente Imobiliário Sem Casa Para Viver”, ou no pertinente documentário de Pedro Vinícius, “Business as usual”. Mais uma referência à Palestina em “Fragmented”, de Balolas Carvalho & Tanya Mara.

No plano da ficção, uma nota para “Arriba Beach” de Nishchaya Gera, um thriller com ecos eróticos que conta com uma perfomance de luxo por parte de Inês Herédia; ou “O Tempo das Cerejas” de Clara Frazão Parente, uma obra que fala sobre o corpo e condição feminina. A competição inclui ainda novas obras de autores como Welket Bungué, Henrique Prudêncio, José Freitas e o estreante Luís Filipe Borges.