O charme do Festival de Cinema de Gramado subiu pelo país e chegou ao Rio de Janeiro na noite da última quinta-feira, 18 de julho.
Após divulgar as 45 produções que compõem as mostras de Longas-Metragens Brasileiros, Documentais e Gaúchos e os Curtas-Metragens Brasileiros e Gaúchos, a organização anunciou o nome que fecha o hall de homenagens desta edição: Vera Fischer.
A novidade foi divulgada em evento realizado no hotel Vila Galé, no Rio de Janeiro. O encontro reuniu a presidente da Gramadotur, Rosa Helena Volk, o curador Marcos Santuario, realizadores, produtores, atores e jornalistas. 
Vera comenta sobre a congratulação ao seu mais de meio século de trabalho nas artes:
“Estou imensamente feliz e honrada por ser uma das homenageadas no 52º Festival de Cinema de Gramado. É uma delícia receber o reconhecimento por mais de 50 anos de história e trabalho. Vamos celebrar”.
Vera Fischer
A atriz catarinense é uma das mais clássicas personalidades da televisão e do teatro no Brasil. Ela, que começou a sua carreira nas telonas, regressa ao cinema para receber o Troféu Cidade de Gramado. Com mais de meio século dedicado à representação, coleciona papéis marcantes no cinema, no teatro e, principalmente, na televisão.
Estreia
Fisher estreou como atriz no cinema, em 1972, no filme “Sinal Vermelho – As Fêmeas”, de Fauzi Mansur. Já no ano seguinte, 1973, participou em três produções: “A Super Fêmea”, “Anjo Loiro” e “As Delícias da Vida”.
O seu primeiro trabalho de destaque foi em 1976, em “Intimidade”, de Perry Salles e Mike Sarne. O papel valeu-lhe o troféu de Melhor Atriz no Prémio APCA.
No filme “Amor Estranho Amor”, de Walter Hugo Khouri, lançado em 1982, interpretou, ao lado de Tarcísio Meira, Xuxa Meneghel e Mauro Mendonça, a prostituta Anna. A sua atuação garantiu-lhe os prémios de Melhor Atriz no Prémio Air France e no Festival de Brasília. O filme colecionou também polémicas, como a proibição da comercialização do filme em home video.
Telenovelas
Em telenovelas, daria vida a Luiza, em “Brilhante”, Jocasta, em “Mandala”, Nena, em “O Rei do Gado”, Helena, em “Laços de Família”, e Yvete, em “O Clone”, personagens marcantes no imaginário popular.
Helena
Entre os muitos personagens que interpretou, talvez o mais memorável seja a icónica Helena em “Laços de Família”.
Passada na zona sul do Rio de Janeiro, a novela de Manoel Carlos explora a complexidade das relações familiares. Helena (Vera Fischer) envolve-se com Edu (Reynaldo Gianecchini), 20 anos mais novo, mas abdica do romance pela filha Camila (Carolina Dieckmann), que se apaixona pelo namorado da mãe.
Depois de casar com Edu, Camila descobre que tem leucemia, o que intensifica o conflito entre mãe e filha, pois Helena esconde a verdadeira identidade do pai de Camila, Pedro (José Mayer).
Precisando de um transplante de medula, Camila descobre que o meio-irmão, Fred (Luigi Barricelli), não é compatível. Para salvar a vida da filha, Helena decide ter um filho com Pedro, para gerar um doador compatível.
Mais uma vez, Helena renuncia a um amor, desta vez por Miguel (Tony Ramos), para salvar a filha.
Teatro
Além das telas, Vera também possui uma longa carreira no teatro, onde atuou em grandes produções, como “Macbeth”, em 1992, “Desejo”, em 1993, “Gata em Teto de Zinco Quente”, em 1998, “A Primeira Noite de um Homem”, em 2004, e “Relações Aparentes”, em 2015.
Desde 2022, roda o Brasil protagonizando o espetáculo “Quando eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito”, escrito por Eduardo Bakr e com direção de Tadeu Aguiar.
Gramado
Em Gramado, esteve na tela do Palácio dos Festivais com os filmes “Intimidade”, de Michael Sarne e Perry Salles, em 1975, “Eu Te Amo”, de 1981, realizado por Arnaldo Jabor, e com “Doida Demais”, de Sérgio Rezende, lançado em 1989.
Prémios
Entre as suas condecorações, a atriz coleciona prémios e indicações, como o Troféu APCA, o Troféu Imprensa, o Prémio Air France de Cinema e o Troféu Candango. A sua trajetória foi também homenageada pelo Prémio Sesc do Teatro Candango, pelo Festival de Vitória e pelo The Winner Awards.
Palavra da organização
Para Rosa Helena Volk, Presidente da Gramadotur, autarquia municipal responsável pelos eventos da cidade, a homenagem reforça o compromisso de Gramado em reverenciar aqueles que auxiliaram na construção do cinema brasileiro.
“Para nós é uma honra contar com a presença da Vera nesta 52ª edição. Suas interpretações estão gravadas na história do audiovisual feito no Brasil. Seja no cinema ou na televisão, ela é um marco. Todos temos algum papel marcante interpretado por Vera em nossas memórias”, afirma.
Vera Fischer junta-se a Jorge Furtado, Mariette Rissenbeek e Matheus Nachtergaele, que serão homenageados com os troféus Eduardo Abelin, Kikito de Cristal e Oscarito, respetivamente.
A homenagem será entregue durante o 52º Festival de Cinema de Gramado, que ocorre entre os dias 9 e 17 de agosto.
Troféu Cidade de Gramado
O Troféu Cidade de Gramado é dedicado a nomes ligados a Gramado e ao Festival, contribuindo para o crescimento e divulgação da cidade e do evento.
Entregue pela primeira vez em 2012 à atriz Eva Wilma, a mais jovem honraria concedida pelo Festival de Cinema de Gramado foi entregue, também, a nomes como Tony Ramos, Ney Latorraca, Antonio Pitanga, Wagner Moura e Ingrid Guimarães.
