PALMARÉS 2021
JÚRI DA COMPETIÇÃO INTERNACIONAL DE LONGAS-METRAGENS
Bas Devos | Erika Balsom | Joana Craveiro
Grande Prémio de Longa-Metragem Cidade de Lisboa
LES PRIÈRES DE DELPHINE
Rosine Mbakam, Bélgica / Camarões, doc., 2021, 91′
“O Grande Prémio de Longa Metragem da Cidade de Lisboa vai para Les Prières de Delphine, de Rosine Mbakam. O filme inscreve-se numa importante linhagem de não-ficção feminista, pedindo-nos que escutemos uma mulher a narrar a sua vida com posse sobre a sua história e dignidade. Um filme que é um poderoso acto de co-criação entre a realizadora e a pessoa retratada, Les Prières de Delphine reflecte sobre posicionamento, cumplicidade, e as intersecções de raça, classe e migração. O júri elogia a cuidadosa mise-en-scène e cinematografia desta poderosa obra de Mbakam.”
Prémio Especial do Júri Canais TVCine
THE INHERITANCE
Ephraim Asili, EUA, doc. / fic., 2020, 101′
“O Prémio Especial TVCine é atribuído a The Inheritance, by Ephraim Asili. Este filme cria um espaço para a reunião de vozes, histórias e práticas artísticas da libertação Negra. Com humor, perspicácia e compromisso, The Inheritance imagina, de forma poética, possibilidades futuras e comunidades.”
Bianca Lucas | Mariana Gaivão | Réka Bucsi
Verena Wagner, Alemanha, doc., 2020, 21′

“Pelo seu retrato sensível dos alquimistas modernos. Pelo seu olhar rigoroso e único, e por nos imergir num universo transfixante que parece fantástico apesar da sua realidade não-ficcional.”Prémio Melhor Curta de AnimaçãoTHANK YOU
Julian Gallese, Reino Unido, anim., 2020, 8′

“Esta é uma história de nascimento e de morte, composta da maneira mais fresca e aparentemente sem esforço. Cria um profundo sentido de familiaridade, elevando a banalidade e a aleatoriedade do quotidiano a algo totalmente diferente. É um convite para uma festa, mas nem todos estão convidados.”
Prémio Melhor Curta de Documentário
À LA RECHERCHE D’ALINE
Rokhaya Marieme Balde, Suíça /Senegal, doc., 2020, 27′

“Recuperar uma narrativa pode ser difícil. Arrancando uma história importante do confinamento dos locais, e mostrando o global, as origens e formas que o empoderamento pode assumir, a cineasta faz exactamente isso. E, não menos importante, subvertendo e testando os limites da linguagem cinematográfica. “
Sarra El Abed, Canadá, doc., 2020, 19′“Celebrar a feminilidade é um ritual íntimo que não se trata necessariamente apenas de estética. Trata-se de valorizar o teu lugar no mundo enquanto mulher, e nunca tomar por garantidos certos direitos, que podem ser desviados num instante. Queremos dar a este filme uma menção especial não só pelo seu retrato sensível e pessoal deste tema, mas também porque nos preocupa que, em 2021, este filme seja tão pertinente como sempre.”Prémio Melhor Curta de Ficção
COME HERE
Marieke Elzerman, Bélgica, fic., 2020, 26′

“Como querer e não precisar. Como amar sem depender. Como estar sozinho mas não só, e como ficar sem procurar saídas de emergência. Pela sua abordagem emocional e subtil de questões exclusivas da condição humana. Pelo seu casting perfeito, e pela nossa sincera esperança de que esta cineasta continue a criar.”
Johnson Cheng, EUA, fic., 2020, 15′

“Nem sempre pode haver comunicação através da língua. De facto, a maioria das vezes, as confissões mais sinceras vêm dos gestos mais surpreendentes. Pela sua estrutura meticulosa, e pelo seu olhar controlado e incisivo, gostaríamos de atribuir uma menção especial a Lonely Blue Night, de Johnson Cheng. “
Mercedes Martínez-Abarca | Ramiro Ledo Cordeiro | Daniel Vadocky
NO TÁXI DO JACK
Susana Nobre, Portugal, doc. / fic., 2021, 70′

Marta Sousa Ribeiro, Portugal, fic., 2020, 84′

“O prémio vai para uma realizadora estreante, que foi capaz de captar não só o desenvolvimento mental, mas também o físico de um menino ao longo de cinco anos, e que enfrenta a separação dos pais. Uma abordagem formal distinta ajuda significativamente a mostrar com sensibilidade todo o espectro de emoções humanas básicas.”Prémio Dolce Gusto para Melhor Curta-Metragem Portuguesa
O QUE RESTA
Daniel Soares, Portugal, fic., 2021, 20′
“Uma história tocante e contemplativa, maravilhosamente filmada, sobre um velho que vivia sozinho e que decidiu sacrificar o último ser vivo com quem vive.”
Prémio Novo Talento The Yellow Color
THE SHIFT
Laura Carreira, Reino Unido / Portugal, fic., 2020, 9′
“A realização cirurgicamente precisa retrata uma história forte e emotiva, que mostra o desespero e a crueldade da insegurança no trabalho e a fragilidade das condições de vida em que vivemos.”
Delphine Jeanneret | Maria João Mayer | Mia Tomé
HUNTING DAY
Alberto Seixas, Portugal, fic., 2020, 3′

“As juradas decidiram entregar o prémio ao filme Hunting Day de Alberto Seixas, por ser uma micronarrativa que personifica aquilo que o cinema é: o faz de conta, a imaginação, o questionar a realidade com a ficção. As juradas ficaram impressionadas com a estética e com os tempos das ações. Em poucos minutos o realizador conseguiu criar uma experiência sensorial, com um forte sentido de trabalho de câmara e enquadramento. Esperamos que este prémio seja uma boa contribuição para os projetos futuros do realizador.”
Anabela Moutinho | Ehsan Khoshbakht | Maria do Carmo Piçarra
Effi & Amir, Bélgica, doc., 2021, 75′

“Um tema de difícil tratamento narrativo é abordado com fluidez convincente e através do uso criativo de vários meios que relevam um assunto premente, perspectivado de maneira clara e inteligente. Os realizadores reflectem sobre as movimentações humanas a partir de um ponto de vista quase nunca usado anteriormente, recorrendo à linguística para as contextualizar politicamente, o que é raro e precioso. Uma comovente e provocadora abordagem intelectual suportada pelo uso de materiais de arquivo fílmico que fixa o mundo contemporâneo com um olhar novo e, por uma vez, também com “ouvidos abertos”.”Menção HonrosaFOREST – I SEE YOU EVERYWHERE
Bence Fliegauf, Hungria, fic., 2021, 112′
“Uma laboriosa construção de uma mise-en-scène que se adequa a histórias universais sobre problemas pessoais, escritas e interpretadas com especial vigor, dramatismo e brilhantismo.”
Daniel Ebner | Maíra Zenun | Rita Cruchinho Neves
Prémio Silvestre para Melhor Curta-Metragem
ONE IMAGE, TWO ACTS
Sanaz Sohrabi, Canadá / Alemanha / EUA / Irão, doc. / exp., 2020, 45′
“O prémio da secção Silvestre Curtas vai para a fascinante, cativante e educativa peça de arte que consegue transformar imagens históricas e de arquivo num registo poético e político sobre a relação e disputa entre potências coloniais. O filme vale-se de uma perspectiva auto-etnográfica com uma complexa estrutura formal, guiando o olhar do espectador de uma forma cinematograficamente inteligente. O júri gostaria de congratular Sanaz Sohrabi e premiar o seu filme One Image, Two Acts.”
Menção Honrosa
PALMA
Alexe Poukine, França / Bélgica, fic., 2020, 40′
“A Menção Honrosa da secção Silvestre Curtas vai para o belo filme realizado com amor, delicadeza e sensibilidade, baseado na brilhante ideia de filmar uma situação já vivida que expõe as complexidades da vida e das relações. Nós deambulamos com as brilhantes actrizes e envolvemo-nos na intensa e, por vezes, traumatizante, mas sempre amorosa história que a realizadora transporta, de forma surpreendente, para o grande ecrã. A menção honrosa vai para Palma de Alexe Poukine.”
Pedro Coelho | Romeu Costa | Sandra Pereira
Firouzeh Khosrovani, Irão / Noruega / Suíça, doc., 2020, 80′

“O Júri Amnistia Internacional decidiu, por unanimidade, atribuir o Prémio Amnistia Internacional ao filme Radiograph of a Family, da realizadora Firouzeh Khosrovani. O filme traça um retrato profundo de um país, o Irão, a partir da reconstituição (magistral) da história da família da realizadora, desde o casamento dos pais até à atualidade. Uma família divida entre o secularismo do pai e a ortodoxia islâmica da mãe. Num mundo, e numa geografia, onde o extremismo molda, cada vez mais, o devir da sociedade, a família de Khosrovani, apesar do fosso que separa os pais, enaltece uma mensagem de tolerância, provando-nos que a religião e a secularidade, constituindo legítimas opções de vida, não têm de ser impostas, podendo, cada um de nós, em liberdade, assumir a sua própria conduta. A realizadora, crescendo no seio desta dicotomia, é bem o exemplo dessa escolha livre. Formalmente, Radiograph of a Family exibe uma expressão original, cujo esteio é a metáfora visual de uma casa que, transformada em fio condutor na narrativa, nos revela os diversos tempos políticos do Irão. O levantamento fotográfico, o arquivo visual e a sonoridade alicerçam esta magnífica viagem ao (aparentemente) inacessível espetro da tolerância.”
Inês Gil | Rui Martins

SOPRO
Pocas Pascoal, Portugal, doc., 2021, 43′“«A vida começa em cada segundo do dia»: a convicção do co-protagonista deste documentário atravessa uma narrativa abraçada pela poesia. O desespero pela lentidão de um Estado insensível à miséria é contrabalançado pela ternura e tenacidade de uma família simples e humilde, que, na noite das lágrimas, e na iminência de um mundo que se extingue com um gemido, é iluminada pela «estrela perpétua», derradeira e imperecível esperança. Com um olhar justo que nunca cai no sentimentalismo, a realizadora transmite os vínculos que unem o ser humano à natureza, abalados pelas alterações climáticas ateadas pela sedução do conforto e do dinheiro, e evidencia como Portugal, também com a coragem e sabedoria dos imigrantes, tem dentro de si as sementes para ressuscitar das cinzas. Por estes motivos, o Prémio Árvore da Vida é atribuído a Sopro, de Pocas Pascoal.”
Claus Drexel, França, doc., 2021, 90′
Erik Verkerk e Joost van den Bosch, Países Baixos, anim., 2020, 2′
O festival prolongar-se-á até dia 8 de Setembro com sessões adicionais no Cinema Ideal, onde terão lugar sessões de filmes premiados, e na Cinemateca Portuguesa, com projecções de filmes pertencentes à retrospectiva de Sarah Maldoror.
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