O cinema poético-militante da realizadora búlgara Binka Jeliaskova, “bandeira da Nova Vaga búlgara, epítome de resistência e luta contra todas as formas de repressão cuja filmografia se desenvolveu entre o final dos anos 50 e o início da década de 90″, vai ter direito a uma retrospectiva na 22.ª edição do Festival IndieLisboa, que decorre de 1 a 11 de maio.
Em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, a retrospectiva intitulada de “a luta é um murmúrio” será dedicada ao cinema de Binka Jeliaskova, a primeira mulher da Bulgária a realizara uma longa-metragem. Ao todo, serão exibidos nove filmes: “A Piscina” (1977), “A Vida Passa Calmamente…” (1988), “Éramos Jovens” (1961), “Canção de Embalar” (1982), “Cara e Coroa” (1982), “O Balão Amarrado” (1967), “A Sua Última Palavra” (1973), “O Grande Banho Noturno” (1980) e “Pelos Telhados, à Noite” (1988).
Em comunicado, o Festival recorda como a realizadora usou o cinema “como ferramenta para expressar as suas lutas e desafiar o sistema. Contudo, essa ousadia teve um custo e quatro dos seus nove filmes foram proibidos e só chegaram ao público após o fim do comunismo. Ainda assim, o seu talento ultrapassou fronteiras, concedendo-lhe prémios internacionais. Esta realizadora, deixou assim, um legado marcante para o cinema mundial.”
O IndieLisboa 2025 vai apresentar ainda 11 filmes do artista multimédia, cineasta e ensaísta britânico Charlie Shackleton, que usa o cinema para explorar e desafiar as convenções e a evolução do próprio cinema. O seu trabalho, como em “Beyond Clueless” e “Fear Itself”, examina géneros como as comédias teen e o horror, sempre com uma abordagem investigativa e crítica. “Com um toque de sarcasmo, o trabalho de Shackleton reflete a cultura millennial de forma única e provocadora. As suas obras estarão em exibição no nosso festival, numa colaboração especial com a Cinemateca Portuguesa.”
Harry Kümel, Marva Nabili, a dupla Jorge Bodanzky e Orlando Senna, Luis María Delgado e Stephan Sayadian são os cineastas em destaque da secção Director’s Cut, que se concentra em filmes restaurados. Este ano há um pouco de tudo: curiosidades e obras-primas, musicais queer e pornos sci-fi, algures entre o etnográfico e o sinfónico, entre o político e o poético: “The Sealed Soil” (1977), “Diferente” (1962), “Café Flesh” (1982), “Iracema, uma transa amazônica” (1975) e “Les lèvres rouges” (1971).