Mais um ano cheio de bom cinema, pode-se dizer que 2011 é um ano de bons filmes, apesar de ter sido também um ano repleto de filmes sequela ou prequela, foram mais de 15 filmes que estrearam em Portugal que eram continuação de outros. Como por exemplo, “Harry Potter 7 – Parte 2″, “Tropa de Elite 2″, “Piratas das Caraíbas 4″, “X-Men: O Início”, “Transformers 3″, “Carros 2″, ”Twilight 4“, entre muitos outros. São muito poucos os que conseguiram ser tão bons ou melhores que o primeiro. Isto poderá querer dizer que o cinema, mas especificamente o cinema de Hollywood está a atravessar uma crise de ideias já há alguns anos.
Apesar de tudo, o Festival de Cannes trouxe-nos belas obras de grandes cineastas, como Almodóvar, Moretti, Malick, Von Trier, os irmãos Dardenne e Nicolas Winding Refn. Assim, baseando-me nos filmes que vi, que estrearam nas salas de cinema e nos festivais portugueses, escolhi os meus 10 melhores filmes de 2011. Tentei criar uma lista equilibrada, ou seja, tentei escolher filmes provenientes de diversos países e tentei ser justo, se é que posso usar esta palavra, pois este tipo de listas nunca são justas.
1º – A Árvore da Vida (The Tree of Life) de Terrence Malick (EUA)
Um filme de poucas palavras e muitas imagens. Um filme de certa forma abstracto, complexo e ao mesmo tempo simples e belo. Uma obra singular que questiona grandes temas da Humanidade, mas que não nos dá qualquer resposta. O que de certa forma é bom, pois não cai no erro de dar um único caminho. Assim cada um poderá tirar as suas próprias conclusões sobre estas questões e pensar sobre elas. O melhor mesmo é ver o filme! Este é “A Árvore da Vida”, um dos mais impressionantes filmes da história do cinema, que leva o espectador a viver uma experiência única. Um filme que apela à vida, ao amor, à compaixão, à família, aos amigos, no fundo a tudo o que representa a vida do ser Humano na Terra. Não é por acaso que venceu a Palma de Ouro em Cannes. “A Árvore da Vida” tem obrigatoriamente de estar na primeira posição dos meus 10 melhores filmes de 2011. “The Tree of Life” é o filme do ano!
2º – Cisne Negro (Black Swan) de Darren Aronofsky (EUA)
Filmes destes são cada vez mais raros no cinema, hoje em dia. Um filme com um baixo orçamento, comparado com outros filmes que estão nomeados para os Óscares 2011, feito nos Estados Unidos, mas com uma técnica mais europeia e menos hollywoodesca, é coisa muito rara. Ainda para mais consegue agarrar um vasto público e crítica que ficam sem fôlego ao assistirem a esta obra-prima. Com “Cisne Negro”, Darren Aronofsky assume-se como um dos mestres da realização do século XXI. “Cisne Negro”, uma adaptação moderna ao Lago dos Cisnes, do famoso balé dramático “O Lago dos Cisnes”, do compositor russo Tchaikovsky, ocupa o segundo lugar da minha lista por ser real e surreal ao mesmo tempo e pela procura da perfeição, como uma obra de balé pretende ser. Destaco ainda a soberba interpretação de Natalie Portman, que venceu o Óscar de Melhor Atriz. Um filme notável!
3º – Chico & Rita (Chico & Rita) de Fernando Trueba, Javier Mariscal, Tono Errando (México)
Este é o único filme desta lista que não estreou nas salas de cinema nacionais, tendo estreado apenas em festivais de cinema como Cinanima e Douro Film Harvest, onde acabou por vencer o prémio Turismo do Douro, na terceira edição. Mas não resisti em colocar este filme no meu top 10. Poucos devem ter visto esta beleza, mas “Chico & Rita” é o filme de animação do ano. Chico e Rita ficam para a história como um dos melhores pares românticos do cinema. É para se ver e apreciar a cultura cubana nesta extraordinária obra do cinema. Com música do principio ao fim, esta ficará na nossa memória por muito tempo e certamente irá maravilhar o público em geral, apesar de ser um filme mais direcionado para os adultos. Um filme que invoca o passado, as memórias mais extraordinárias e também as mais tristes, mas que sobretudo nos dá esperança, incentivando-nos a lutar e a nunca desistir. Esta obra grandiosa é intemporal, singular e tocante. “Chico & Rita” merece ocupar a terceira posição do meu top 10 de 2011.
4º – Sangue do Meu Sangue (Sangue do Meu Sangue) de João Canijo (Portugal)
“Sangue do Meu Sangue” é sem dúvida o melhor filme português do ano e um dos melhores deste século. Confesso que não vi alguns importantes filmes portugueses que estrearam este ano, mas este filme de Canijo é a obra prima do cinema português de 2011. Um filme obrigatório a ver, pela sua beleza crua e realista e pelas magistrais interpretações deste elenco.
5º – Melancolia (Melancholia) de Lars Von Trier (Dinamarca)
Uma obra inteligente, emotiva e deprimente. “Melancolia” de Lars é bastante depressivo, mas é um dos filmes mais curiosos do ano. Enquanto que em “Melancolia” se fala da morte, em “A Árvore da Vida” apela-se à vida e ao nascimento. No primeiro vemos o planeta Terra ser destruído, no segundo vemos a Terra a ser formada e a vida a nascer nela. São dois olhares completamente diferentes sobre a vida humana na Terra. Obrigatório, mesmo para quem é depressivo, pois irá perceber a crítica à humanidade que Lars pretende fazer com este filme. É um dos melhores do ano! Por isto tudo o integro no meu top 10 de 2011, na quinta posição.
6º – O Rapaz da Bicicleta (Le Gamin au Vélo) de Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne (Bélgica)
Um filme surpreendente, com uma história comovente e magnifica. Os irmãos Dardenne voltam a maravilhar com o seu cinema, num dos mais belos e interessantes filmes do ano. Com um excelente argumento, uma realização minimalista e soberbas interpretações fazem deste filme uma das melhores obras independentes do cinema europeu de 2011.
7º – O Discurso do Rei (The Kings Speech) de Tom Hooper (Reino Unido)
O grande vencedor dos Óscares 2011 merece destaque na minha lista. Numa das melhores interpretações de sempre, Colin Firth dá vida a um rei gago, numa história verídica. “O Discurso do Rei” é um filme que nos enche de confiança e com vontade de lutar. Cativante, realista e inspirador, que vai deixar qualquer espectador emocionado. Este filme deve ser visto não só pela simples história, mas pelas extraordinárias interpretações, pela realização e toda a equipa técnica.
8º – Eu Vi o Diabo (I Saw the Devil) de Kim Jee-woon (Coreia do Sul)
Antes de ter estreado nas salas de cinema (em agosto), estreou na secção oficial do Fantasporto 2011, tendo arrecadado o prémio de melhor realizador e, na categoria Orient Express, o de melhor filme. “Eu Vi o Diabo” (“I Saw the Devil”) era portanto um filme muito aguardado, do cineasta sul-coreano Kim Jee-woon. Um dos filmes mais violentos do ano! Mais uma vez o cinema sul-coreano tenta levar o ser humano sempre ao extremo, pois nunca é suficiente. Muito sangue, muita carne viva a ser cortada, muita violência, muito sadismo, é o que se pode esperar deste filme excecional.
9º – Submarino (Submarine) de Richard Ayoade (Reino Unido)
“O oceano tem seis milhas de profundidade” tal como este filme que consegue ser muito profundo ao tocar em temas sérios, em tom de humor. “Submarine” é uma das melhores comédias indie de sempre, um filme surpreendente que irá certamente criar uma legião de fãs. O filme consegue brilhantemente abordar várias questões da nossa vida como o amor, a doença, a família e o bullying. Um obra peculiar que se difere bastante das restantes desta lista, daí eu considerar ser um dos melhores filmes do ano e o colocar na nona posição do meu top 10 de 2011.
10º – Habemus Papam (Habemus Papam) de Nanni Moretti (Itália)
Moretti torna a surpreender-nos, desta vez, com “Habemos Papam” que é uma obra inteligente e sedutora, com uma boa realização, argumento e banda sonora, que nos emociona e seduz. Este não é um filme só para católicos, é para crentes e não crentes. Mesmo para aqueles que se consideram ateus, como é o meu caso, e que condenam muitos dos atos da igreja católica, vão passar a olhar com um pouco de mais respeito e com menos preconceitos. Claro que não devemos nunca esquecer todos os erros que a igreja católica cometeu e continua a cometer, mas pelo menos uma vez, há que dar tréguas e conhecer o outro lado. Sabe bem dizer que somos todos humanos! Este será talvez o filme mais “feel good” da minha lista. Merece sem dúvida fechar o meu top 10 de 2011.