Porto Femme 2024: “Mulheres de câmara na mão, cinema e revolução” é o mote que celebra 50 anos do 25 de abril

De 16 a 21 de abril, a 7.ª edição do Porto Femme vai evocar “o dia em que a poesia saiu à rua, mas relembra que ainda há muitas revoluções por fazer.”
Porto Femme "Casas Para o Povo", de Catarina Alves Costa Porto Femme "Casas Para o Povo", de Catarina Alves Costa
"Casas Para o Povo", de Catarina Alves Costa

O programa completo da 7.ª edição do Porto Femme International Film Festival, que acontece entre 16 e 21 de abril, em vários espaços da cidade do Porto, foi anunciado esta terça-feira.

Mulheres e Revolução é o tema principal desta edição que assinala o 25 de Abril, evocando a poesia, as lutas e quer reforçar o importante protagonismo de mulheres e pessoas não binárias em sua diversidade étnica, cultural e social na luta constante pelas revoluções passadas, presentes e futuras.

A cerimónia de abertura está marcada para o dia 16 de abril, terça-feira, às 21h15, no Batalha Centro de Cinema e apresenta 3 curtas da categoria Internacional — “Mia” (2023) de Karina Minujin, “Oysters” (2022), de Maïa Descamps e “Uli” (2023) de Mariana Gil Ríos, produções realizadas no Brasil, Bélgica e Colômbia, respetivamente.

A competição oficial conta com 122 filmes selecionados, provenientes de 38 países. Há prémios para Animação, cinema Experimental, Documentário e Curtas para os filmes das categorias Nacional e Estudantes. Acresce o prémio de melhor Longa para a categoria Internacional e as premiações XX Element e a Temática — Mulher e Revoluções.

Estarão presentes no festival mais de 40 realizadoras, provenientes de mais de dez países (Brasil, China, Croácia, Espanha, França, Grécia, Itália, Iraque, Luxemburgo, Polónia, Portugal, e Rússia). A edição conta um total de 11 estreias mundiais, 2 estreias europeias, 7 estreias internacionais e 61 estreias nacionais e 21 filmes em exibição pela primeira vez no Porto.

Mulheres de Câmara na Mão, Cinema e Revolução é o tema do terceiro programa especial proposto para esta edição, junto com Enfim, o Amor e Uma Revolução Íntima — De Monstros e Mulheres no Cinema Indígena

Lu Sequeira (artista, realizadora e curadora de cinema) é convidada a juntar-se a Rita Capucho (diretora artística do festival) nesta curadoria que relembra que para as mulheres, o 25 de abril demorou a chegar. Com um recorte temporal de filmes entre 1975 e 2015, procura destacar a contribuição das mulheres artistas e realizadoras para a construção de outros olhares sobre as revoluções realizadas e as por fazer.

Como parte desta curadoria especial, estão incluídos os seguintes filmes: “Revolução” (1975), de Ana Hatherly, poeta que opera numa montagem muito particular a partir do léxico dos grafites e cartazes do 25 de abril; “Casas para o povo” (2010), de Catarina Alves Costa, que em face à atual crise na habitação ganha força particular; “A Caça Revoluções” (2014), de Margarida Rêgo, que explora o poder de uma fotografia para ativar a memória; “Amanhã” (2004), de Solveig Nordlund, narrativa que transporta o espectador para a madrugada do 25 de abril a partir do olhar de uma criança; “Os Cravos e a Rocha” (2015), de Luísa Sequeira, documentário que recorda a presença do cineasta brasileiro Glauber Rocha no dia da revolução e a sua participação no filme coletivo “As Armas e o Povo”; “O Aborto não é um Crime” (1976), de Monique Rutler e de Fernando Matos Silva, uma reportagem sobre o aborto clandestino.

O destaque vai para a competição temática — Mulheres e Revoluções — que traz produções realizadas entre 2021 e 2024 e promete contribuir para ampliar o debate.

Analogue Revolution: How Feminist Media Changed the World” (2024), de Marusya Bociurkiw, faz um apanhado das comunicações feministas entre os anos 70 e 90, precedendo a era #MeToo; “Beirute: Olho da Tempestade” (2021), de Mai Masri, mostra 4 jovens artistas a documentar a revolta durante a primavera árabe, explorando o papel das mulheres e da criatividade num cenário de mudanças; “Heiresses” (2023), de Silvia Venegas, é um tributo às mulheres que lutaram pelo direito ao voto, entre muitos outros; “Marias” (2022), de Ludmila Curi, a história percorrida pelo Brasil e pela Rússia cuja protagonista sai em busca de seu próprio eu, atravessando histórias de muitas outras mulheres, entre elas Olga Benário, Dilma Rousseff e Marielle Franco; “Mariquita, Mujer Revolución” (2023), de Sabrina Farji, apresenta a história de Mariquita Sanchez Thompson, personagem sui generis na história da Argentina; “Šagargur” (2024), de Nataša Nelević, é o testemunho sobre um campo de prisioneiros na ilha de São Gregório, onde mais de 600 mulheres foram torturadas entre 1949 e 1952; “Sew to Say” (2022), de Rakel Aguirre, apresenta um protesto feminista que durou quase duas décadas, em que mulheres se fixaram num acampamento para protestar contra as armas nucleares; “Uma Mulher Comum” (2023), de Debora Diniz, é a história de uma mulher que viaja à Argentina para realizar um aborto, lá depara-se com a coragem de gerações de argentinas em defesa da democracia e da vida.

O programa completo do festival  pode ser consultado no site do Porto Femme aqui.

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