Anunciado no inicio do ano, o Porto/Post/Doc, o novo festival de cinema da cidade do Porto, dedicado ao documentário e às suas ramificações, revelou recentemente o seu programa completo. O Porto/Post/Doc: Film & Media Festival vai realizar a sua primeira edição entre os dias 4 e 13 de dezembro, na cidade do Porto, em três espaços culturais: Teatro Municipal Rivoli, Cinema Passos Manuel e Maus Hábitos. Para além das sessões de competição e das sessões de cinema temáticas haverá muitos outros eventos, como concertos, masterclasses, workshops e encontros, que tornarão o Porto/Post/Doc num festival com um ambiente dinâmico e integrativo, onde todos, independentemente da sua área ou ligação ao cinema, participam e discutem e se juntam para ver (e fazer) documentários. A organização deste novo festival de cinema quer trazer ao Porto um festival de grande dimensão e qualidade, que possa logo a partir da primeira edição preencher uma evidente lacuna cultural e trazer a programação e produção cinematográfica à cidade.
O Porto/Post/Doc 2014 irá exibir 50 filmes com outras tantas perspectivas pessoais sobre a realidade. São 50 histórias sobre o nosso mundo, contadas pelo olhar de inúmeros cineastas, tanto consagrados como emergentes. São 50 exemplos da produção recente de documentários que, acreditamos, irão enriquecer a vida do público que participe no festival, apresentados de forma clara e assente numa programação que aposta num número reduzido de filmes para que cada um deles tenha oportunidade de encontrar um olhar disponível.
Das seis secções do festival, apenas uma é competitiva. “A secção competitiva do Porto/Post/Doc é a secção mais importante do festival. É, por isso, o programa de filmes que pretende marcar a posição do Porto/Post/Doc enquanto festival de cinema documental contaminado pelas formas de ficção. Os filmes seleccionados espelham a diversidade de abordagens do documentário contemporâneo, assim como uma diversidade geográfica (entre outros: Bélgica, Roménia, França, Filipinas, Síria, Suiça ou Portugal) e temática. A selecção reforça também a componente política do documentário e a sua ligação mais directa aos conflitos humanos, quer sejam subliminares e familiares, quer sejam violentos conflitos armados. Esta selecção inclui também três documentários portugueses e cerca de dois terços dos filmes exibidos são estreias nacionais”. O Grande Prémio Porto/Post/Doc – Prémio Atelier des Créateurs é do valor de 3.000€. O júri da competição de longa-metragem documentário desta primeira edição do Porto/Post/Doc é constituído por: André Cepeda (Portugal), Isabel Nogueira (Portugal), Jean Pierre Rehm (França), Niklas Engstrøm (Dinamarca) e Mark Peranson (Canadá).
Outra secção é o Fórum “Onde Está o Real?”, que será composto por um seminário de um dia e uma selecção de filmes a exibir durante o festival. No dia dedicado ao seminário, serão organizadas três mesas redondas com especialistas de várias áreas científicas e criativas (realizadores, investigadores de cinema, mas também sociólogos, geógrafos, arquitectos e investigadores dos estudos culturais). A secção Persona é destinada a filmes que abordem a componente política e social, a secção Transmission que explora a relação da música com o cinema, a secção Cinema Falado é dedicada ao cinema português (visto que nesta primeira edição do festival não existirá uma competição nacional de documentários) e a secção Cine Fiesta é dedicada a alguns documentários espanhóis recentes, que nos revelam uma nova geração de cineastas do país vizinho.
Haverá ainda uma Homenagem ao realizador portuense Manoel de Oliveira, no dia 11 de dezembro, a propósito ao seu 106º aniversário, com a exibição de quatro obras: “Douro, Faina Fluvial”, “O Pintor e a Cidade”, “Painéis de São Vicente de Fora – Visão Poética” e “O Velho do Restelo”, sendo que este último vai estrear em Portugal no Porto/Post/Doc.
O certame arranca a 4 de dezembro, mas a sessão de abertura realiza-se a 6 de dezembro com uma curta cerimónia no Grande Auditório do Rivoli, seguida da exibição do filme “Concerning Violence”, de Goran Hugo Olsson, e pertencente à secção Persona. “Concerning Violence” é uma aguardada anteestreia nacional.
A sessão de encerramento será no dia 13 de dezembro, no Grande Auditório do Rivoli, onde será realizada uma curta cerimónia e a entrega do Prémio para o Melhor Filme Documentário em Competição. Esta sessão será finalizada com a exibição do filme, também inserido na secção Persona, “The Salt of the Earth”, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, antestreia nacional.
Segundo a organização do festival, ao longo de dez dias, serão 6 secções de programação compostas por 50 sessões oriundas de três dezenas de países de todos os continentes, exceptuando a Oceania: 12 filmes em competição, 1 Fórum, 10 concertos e DJ sets. Dois terços destas sessões serão estreias nacionais. Entre os cerca de 50 filmes que vão passar nesta primeira edição, destacam-se os seguintes filmes: “Arraianos” de Eloy Enciso Cachafeiro, “Acima das nossas possibilidades” de Pedro Neves, “Father And Sons” de Wang Bing, “Cavalo Dinheiro” de Pedro Costa, “O Velho do Restelo” de Manoel de Oliveira, “Costa da Morte” de Lois Patiño e “João Bénard da Costa – Outros Amarão as Coisas que eu Amei” de Manuel Mozos.
Competição
9999, de Ellen Vermeulen (Bélgica)
L’Abri, de Fernand Melgar (Suíça)
Atlas, de Antoine D’Agata (França)
Baldna Alraheeb / Our Terrible Country, de Mohammad Ali e Ziad Homsi (Síria/Líbano)
As Cidades e as Trocas, de Luísa Homem e Pedro Pinho (Portugal)
Danger Dave, de Philippe Petit (França)
João Bénard da Costa – Outros Amarão as Coisas que eu Amei, de Manuel Mozos (Portugal)
Letters to Max, de Eric Baudelaire (França)
Mga Anak Ng Unos / Storm Children – Book One, de Lav Diaz (Filipinas)
Nebel / Fog, de Nicole Vögele (Suíça/Alemanha)
Volta à Terra, de João Pedro Plácido (Portugal/França)
Waiting for August, de Teodora Ana Mihai (Bélgica/Roménia)
Onde Está o Real
Återtraffen / The Reunion, de Anna Odell (Suécia)
Belluscone. Una Storia Siciliana, de Franco Maresco (Itália)
Iec Long, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata (Portugal)
Los Angeles Plays Itself, de Thom Andersen (EUA)
La Última Película, de Mark Peranson e Raya Martin (Canadá/Dinamarca/México/Filipinas)
Persona
Acima das nossas possibilidades, de Pedro Neves (Portugal)
Concerning Violence, de Göran Hugo Olsson (Suécia/EUA/Dinamarca/Finlândia) – Sessão de Abetura
Dreamocracy, de Raquel Freire e Valérie Mitteaux (França/Portugal)
Fu Yu Zi / Father And Sons, de Wang Bing (China/França)
The Salt of the Earth, de Juliano Ribeiro Salgado e Wim Wenders (França) – Sessão de Encerramento
Songs From the North, de Soon-Mi Yoo (Coreia do Sul/EUA/Portugal)
Transmission
Baltimore, Where you At?, de Tim Moreau (França/EUA)
Duran Duran, Unstaged, de David Lynch (EUA)
Finding Fela, de Alex Gibney (EUA)
Future Sounds of Mzansi, de Nthato Mokgata e Lebogang Rasethaba (África do Sul)
I Dream of Wires, de Robert Fantinatto (Irlanda)
CineFiesta
Arraianos, de Eloy Enciso Cachafeiro (Espanha)
Costa da Morte, de Lois Patiño (Espanha)
Todos Vós Sodes Capitáns, de Oliver Laxe (Espanha)
Vikingland, de Xurxo Chirro (Espanha)
Carte Blanche CPH:DOX
Approaching the Elephant, de Amanda Rose Wilder (EUA)
The Lanthanide Series, de Erin Espelie (França/EUA/Reino Unido)
Stranded in Canton, de Måns Månsson (Suécia/Dinamarca/China)
Carte Blanche Dennis Lim
Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa (Portugal)
Detour de Force, de Rebecca Baron (Áustria/EUA)
Mille Soleils, de Mati Diop (França)
Snakeskin, de Daniel Hui (Singapura/Portugal)
Sugarcoated Arsenic, de Claudrena Harold e Kevin Jerome Everson (EUA)
Carte Blanche FID Marseille
Château Intérieur, de Christophe Bisson (França)
A Deusa Branca, de Alfeu França (Brasil)
Kutchi, Hindi, Arabic, Urdu / From Gulf to Gulf to Gulf, de Shaina Anand e Ashok Sukumaran (Índia/Emirados Árabes Unidos)
Motu Maeva, de Maureen Fazendeiro (França/Portugal)
Tourisme International, de Marie Voignier (França)
Homenagem a Manoel de Oliveira
Douro, Faina Fluvial (1931)
Painés de São Vicente de Fora – Visão Poética (2010)
O Pintor e A Cidade (1956)