“A Queda de Wall Street” é um dos melhores filmes que vi nos últimos cinco anos. No meio de tantos filmes e reportagens sobre as ‘tramóias’ de Wall Street, foi preciso chegar o realizador de “Anchorman” para simplificar e tornar a economia verdadeiramente interessante.
Ok, para quem não sabe, “The Big Short” (ou “A Queda de Wall Street” em Portugal) é um filme que se foca na queda da bolsa de 2008 que deu origem à crise económica que ainda hoje afecta boa parte do mundo, e como apenas um homem, Dr. Michael Burry (Christian Bale) foi curioso o suficiente para perceber o que estava para acontecer. O filme está nomeado para cinco Óscares (Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor Secundário, Melhor Argumento Adaptado, Melhor Edição) e logo á primeira vista é relativamente fácil perceber porquê.
Este é o primeiro filme não-cómico realizado Adam McKay, e a aposta no realizador de “Anchorman” e “The Other Guys” foi foi claramente ganha. McKay, juntamente com o co-argumentista Charles Randolph, aposta mais em mostrar o crescendo de situações que levam á crise económica do que no mostrar da crise em si, sendo que para isso ele nos submerge bem no centro das casas de Rating de Wall Street e nos escritórios dos investidores. McKay também simplifica ao máximo a linguagem técnica da economia dando-nos exemplos práticos e cómicos, bem como definições oferecidas por celebridades, variações de estilos cinematográficos e muitas, muitas quebras da quarta-parede. Não haveria aliás, outra forma para além da comédia, de fazer o grande público interessar-se por um grupo de investidores de Wall Street, adeptos do puro e duro capitalismo que hoje em dia sabemos ter sido a causa da queda da Bolsa. As personagens são gananciosas, arrogantes e conflituosas e o primeiro instinto de todos eles ao saber da fragilidade do Mercado não é avisar o povo mas sim assegurar-se que, mal se dê a crise, eles conseguem lucrar muito com isso. É aqui que entra o papel importante do elenco composto por Christian Bale, Steve Carell, Brad Pitt e Ryan Gosling nos principais papéis, sendo eles os responsáveis, através da sua entregara irrepreensível ás personagens, de que estas possam gerar empatia no público, através de pequenos toques de humanidade, insegurança e mesmo até a possibilidade de alguns remorsos.
No final do filme as nossas ideias ficam confusas: as personagens principais ganharam. Elas conseguiram vencer o sistema e seguiram as suas vidas como se nada fosse mas, essa vitória deles custa ao povo anos e anos de insegurança económica, reformas de orçamentos e muita, muita dívida. Ninguém foi julgado pela estupidez que o filme nos mostra e no melhor dos casos, a roda continuou a girar de forma igual. Esta é a vida real retratada no cinema na sua forma mais divertida e irritante.
Realização: Adam McKay
Argumento: Charles Randolph, Adam McKay
Elenco: Christian Bale, Brad Pitt, Ryan Gosling, Steve Carell
EUA/2015 – Drama
Sinopse: Quando quatro homens viram o que os grandes bancos, comunicação social e governo recusaram ver, o colapso global da economia, tiveram uma ideia. Os seus investimentos arrojados levaram-nos aos meandros do sistema bancário moderno, onde têm de questionar tudo e todos.